Os movimentos do campo ocuparam na tarde deste domingo (20) a sede da Secretaria de Agricultura do Estado de Alagoas, localizada no Centro de Maceió. Mais de 1000 trabalhadores e trabalhadoras rurais montaram acampamento no prédio do órgão. A ocupação no prédio do órgão dá início às ações da Semana Camponesa em Alagoas e pauta o avanço da Reforma Agrária no estado.

O acampamento montado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Via do Trabalho (MVT) e Movimento Terra Livre, demandam ao Governo do Estado, a garantia do acordo firmado em 2015 para destinação de todas as terras da Usina Laginha e parte da Usina Guaxuma para assentamento rural.

Ainda como parte das demandas apresentadas pelos Sem Terra, o acampamento pauta também a criação de políticas agrícolas para o fortalecimento dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária em Alagoas, com avanço na mecanização, agroindustrialização, fomento a produção de sementes e comercialização da produção de alimentos vinda das áreas de Reforma Agrária.

Integrando ainda uma agenda nacional, a Semana Camponesa prevê ainda o debate com a sociedade sobre o real papel da Reforma Agrária para o desenvolvimento do estado e do país. Sob o lema “Para o Brasil Alimentar, Reforma Agrária Popular”, camponeses de todas as regiões mobilizam-se durante essa semana para pautar o tema da luta pela terra, em especial a partir da produção de alimentos saudáveis.

Em Alagoas a ação de unidade com os movimentos camponeses demarcam ainda o lugar da luta pela terra na atualidade do estado, ainda marcado pela concentração fundiária.

“Nós queremos debater com os órgãos públicos sobre as pautas já conhecidas para avanço das condições de vida do povo que vive no campo, mas também dialogar com a sociedade sobre a necessidade de que essa luta seja abraçada por todos e todas”, destacou Margarida da Silva, da direção nacional do MST.

Conflitos no campo

Também como parte da agenda de diálogo com o Governo Estadual, os movimentos do campo pautam ainda a retomada e funcionamento do Comitê Estadual de Mediação de Conflitos Agrários, como instrumento para assegurar a negociação e participação dos camponeses nos temas de conflito agrário no estado, bem como a garantia de que o Centro de Gerenciamento de Crises e Direitos Humanos da PM/AL retome e cumpra o papel de mediação nos conflitos de terra.

“É fundamental que a gente não olhe para o campo como um problema, mas como um espaço de possibilidades de resolver os problemas que vivem na cidade e, para isso, evitar e acompanhar os conflitos e disputas que existem nesses locais são fundamentais”, explicou Marcos Marron, da FNL.

O acampamento segue montado no pátio da Secretaria de Agricultura, onde os camponeses montam os barracos de lona e cozinha, e devem iniciar uma ampla agenda de mobilizações na capital alagoana nos próximos dias.

SEAGRI

Após o acampamento, a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri) informou que o órgão e o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) se reuniram com as lideranças dos movimentos. Conforme a secretaria, houve um acordo para que as famílias acampadas permaneçam nos corredores dos três andares e no estacionamento da Secretaria, sem ocupar as salas. Devido à ocupação, o atendimento ao público foi suspenso nesta segunda-feira. Veja abaixo a nota na íntegra.

NOTA - SEAGRI E ITERAL

"A Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri) e o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (ITERAL) informam que se reuniram com lideranças dos movimentos sociais que ocuparam a sede da Secretaria, ainda no início da noite deste domingo (20), e com a participação da equipe de Gerenciamento de Crise da Polícia Militar.

Durante a reunião, realizada na própria Seagri, os representantes do movimento afirmaram que, a princípio, iriam ocupar a Praça Sinimbu, mas como encontraram o espaço fechado com tapumes, decidiram ir para a Secretaria. Eles informaram que ainda irão protocolar a pauta de reivindicações.

A Seagri e o Iteral infomaram que o Governo de Alagoas mantém diálogo aberto com os movimentos sociais do campo, e que entraram em acordo com as lideranças para que as famílias acampadas permaneçam nos corredores dos três andares e no estacionamento da Secretaria, sem ocupar as salas. Os banheiros também estão abertos e disponíveis, com materiais de limpeza. Para garantir a segurança de todos, a Polícia Militar fará rondas no local.

Estão presentes na ocupação integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Via do Trabalho (MVT) e Movimento Terra Livre (TL).

Devido à ocupação, a Seagri decidiu pela suspensão do atendimento ao público, nesta segunda-feira, mas manterá expediente em regime de home office."