Cidades
Apesar da carestia, alagoano não abandona o cafezinho
Maceioenses fazem malabarismos para não deixar hábito de consumir o produto

Manter o hábito de tomar o tradicional cafezinho está mais caro em Alagoas, a exemplo do restante do país. O preço do grão dobrou de valor e a e perspectiva de queda nos custos fica apenas para 2026.
Não é difícil achar um “simples e pequeno” café expresso em qualquer padaria de bairro pelo valor de R$ 10 ou até mais. Se o café for “gourmetizado”, então, duplica-se ou triplica-se o investimento.
Desta forma, o sabor da bebida está ficando amargo para os amantes do cafezinho, mesmo que diante de umas boas colheradas de açúcar. O que fazer, então? Diminuir a ingestão do líquido? Substituir a bebida?
Pesquisar, mudar de marca, ver algum estabelecimento em que o cafezinho ainda é oferecido gratuitamente como clínicas médicas ou escritórios. Vale até diminuir a quantidade de xícaras consumidas, só não vale abandonar o café.
“É quase um vício”, justificou a jornalista Paula Silva, 29 anos. Obrigatoriamente, ela toma pelo menos três xícaras de café por dia. Isso sem falar nos eventuais consumos extras provocados por uma reunião, um intervalo entre os afazeres do dia. Ou simplesmente para manter o paladar com o sabor da bebida.
Antes ela consumia café gourmet. Vez ou outra muda a marca. Faz malabarismos, se vira como pode para não deixar o café de lado. “Vi o valor aumentar de R$ 17,00 para R$ 21,00 para R$ 25,00 e agora está R$ 31,00”, comparou a contumaz adepta da bebida. Paula Silva gosta tanto de café que reconhece as marcas mesmo sem visualizar os rótulos. O fato de ter em casa moedor de grãos de café ajuda um pouco na hora de economizar.
Quem também gosta de café, no entanto, com uma frequência bem menor é Ana Paula da Silva Bernardino. Ela percebeu que a bebida altera seu sono, causando-lhe uma indesejada insônia. Por isso, consome o grão apenas em situações bem específicas como antes de ir à academia malhar.
“Mesmo sem beber muito café, acompanho a alteração no preço por ter em casa, mãe e irmão que bebem café sempre que possível. Quando não têm motivos, eles inventam. Tudo é desculpa para a xícara estar cheia de café”, contou. Antes, a família consumia por mês de seis a sete pacotes de café. Agora estão reajustando a quantidade e consomem de três a quatro pacotes.
O corretor de imóveis Kenny Wilson Bernardo da Silva costuma consumir, pelo menos, seis xícaras de café por dia. Nem passa pelos seus pensamentos substituir o café por outra bebida. “Faço qualquer negócio para não deixar de consumir meu cafezinho. Economizo em outras coisas, corto outros gastos. O café é uma questão cultural, social. Não dá para ficar sem”.

Cliente chora, mas não deixa de consumir
Clientes apaixonados por café ajudam a movimentar, evidentemente, a rotatividade nas casas especializadas na venda da bebida, como as cafeterias. Na Serraria, uma cafeteria aberta há pouco mais de um ano vende, no mínimo, umas 30 xícaras de café.
A funcionária Daniela Vital explicou que o café expresso de 40 mililitros (ml) custa R$ 9,50. E o café coado de 220 ml é vendido a R$ 10,90. Segundo ela, o consumidor cujo um dos hábitos prazerosos é tomar café tem total noção do preço do produto.
“Claro que ao fazer o pedido comenta, dá aquela choradinha, mas não deixa de consumir. O café agrada todos os públicos, todas as idades. Não tem segredo. Tá chovendo? Querem café. Tá fazendo calor? Vai um cafezinho. Vão fechar algum negócio? Querem café. Nós para mantermos a clientela, fazemos combos, ofertamos o salgado com desconto. Vamos driblando o reajuste até quando dar. Só repassamos o reajuste ao cliente em último caso”, garantiu.
Economista explica a alta no valor do café
Segundo as estimativas dos economistas, no próximo semestre, o bolso de quem não dispensa o tradicional cafezinho vai continuar sofrendo uma vez que o valor do grão deverá sofrer uma redução apenas em 2026. E, mesmo assim, em um patamar diferente do que era cobrado antes de os sucessivos reajustes afetarem “o aroma e o sabor” da bebida.
O economista Renan Laurentino explicou que o preço do café permanece em alta porque o Brasil tem atendido ao mercado internacional. “Somos muito competitivos no café porque somos o maior produtor. E é interessante para o produtor atender à demanda externa porque você ganha em dólar e ganha em euro. Então, com essa desvalorização do real, essa prática é mais assertiva para o produtor. Em compensação, diminui a oferta no mercado interno e a lei da oferta da demanda diz a menor oferta de um produto e a demanda grande, o preço se eleva”.
Médico apresenta alternativas
Como substituir o café por outra bebida para dar uma folga ao bolso? Segundo o médico Djairo Araújo, o café é, sem dúvidas, uma das bebidas mais consumidas no mundo, principalmente pela sua capacidade de estimular, aumentar o foco e promover disposição.
“No entanto, existem alternativas saudáveis que podem substituir o café, especialmente nesse momento em que o preço subiu. O chá verde, o chá preto e o chá mate são opções naturais, que também contêm cafeína e proporcionam energia, além de serem ricos em antioxidantes”, detalhou o médico com atuação nas áreas de Nutrologia, Medicina Esportiva e Medicina Perioperatória.
Djairo Araújo que atua com foco em emagrecimento, saúde metabólica, performance e qualidade de vida acrescentou que outra alternativa interessante é o matchá, que oferece um efeito estimulante mais gradual, evitando picos de ansiedade.
“Para quem quer evitar cafeína, bebidas como o ‘golden milk’ (feito com cúrcuma, leite vegetal e especiarias), chá de gengibre, hortelã ou cúrcuma ajudam na disposição e oferecem benefícios anti-inflamatórios. Além disso, shots matinais com limão e gengibre, ou até um suco verde, podem ser aliados para começar o dia com energia de forma natural”, frisou o médico que é também professor, palestrante e comunicador em saúde. Ele possui formação complementar pela USP, Unifesp, IFESP e MBA em Gestão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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