Cidades

Ambientalista pede socorro ao Velho Chico

Anivaldo Miranda denuncia abandono, poluição e má gestão do rio e defende mobilização nacional para garantir revitalização

Por Thayanne Magalhães - repórter / Tribuna Independente 05/06/2025 09h50
Ambientalista pede socorro ao Velho Chico
Ao TH Entrevista, Anivaldo Miranda, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, diz que vazão ecológica é um dos principais pontos de preocupação para o CBHSF - Foto: Edilson Omena

Na semana em que se celebrou o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, o TH Entrevista recebeu Anivaldo Miranda, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, para discutir os desafios e avanços na preservação do chamado “rio da integração nacional”. A conversa girou em torno da 12ª edição da campanha “Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico”, promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e realizada este ano em Brasília.

Com o tema “Vire Carranca: Um grito pelo Velho Chico. Unidos pelo rio da integração”, a mobilização reforça a necessidade urgente de ações em defesa do rio, que abastece milhões de brasileiros em cinco estados e tem importância estratégica para o abastecimento de água, produção de energia, navegação e agricultura. Ao longo da entrevista, Anivaldo Miranda destacou que a campanha ultrapassou o simbolismo e se consolidou como um espaço permanente de articulação social e política em favor do São Francisco.

“Não é mais apenas um ato simbólico. A campanha virou um instrumento de cidadania e de pressão política legítima por mais investimentos e proteção ao Velho Chico”, afirmou Miranda. Ele também ressaltou a importância de levar a mobilização para a capital federal, como forma de dar visibilidade às demandas do Comitê e ampliar o diálogo com o Congresso Nacional, o Executivo Federal e os órgãos de regulação e fiscalização.

Durante a entrevista, Miranda pontuou que o Baixo São Francisco enfrenta problemas históricos que vão desde a má qualidade da água até o assoreamento do leito do rio e a redução das vazões mínimas. Segundo ele, as ações de revitalização precisam ser contínuas e articuladas entre os diferentes entes federativos. “Ainda temos comunidades ribeirinhas com dificuldades de acesso à água potável, o que é um paradoxo diante de um rio dessa magnitude”, observou.

O coordenador destacou também que a questão da vazão ecológica é um dos principais pontos de preocupação para o CBHSF. O controle das águas pelas usinas hidrelétricas, especialmente Sobradinho e Xingó, tem impacto direto no equilíbrio ambiental da bacia, comprometendo a biodiversidade e a pesca artesanal, que sustenta centenas de famílias. Ele defendeu a adoção de uma gestão mais integrada e equilibrada entre geração de energia e sustentabilidade ambiental.

Pescadores e população ribeirinha, em Alagoas, sofrem as consequências do abandono, da poluição e da má gestão das águas no estado, que afetam o Rio São Francisco (Foto: Reprodução)

Controle das águas pelas hidrelétricas gera preocupação

O ambientalista Anivaldo Miranda destaca que a questão da vazão ecológica é um dos principais pontos de preocupação para o CBHSF. O controle das águas pelas usinas hidrelétricas, especialmente Sobradinho e Xingó, tem impacto direto no equilíbrio ambiental da bacia, comprometendo a biodiversidade e a pesca artesanal, que sustenta centenas de famílias. Ele defendeu a adoção de uma gestão mais integrada e equilibrada entre geração de energia e sustentabilidade ambiental.

Anivaldo Miranda também chamou a atenção para a importância do saneamento básico, apontando que muitos dos municípios banhados pelo São Francisco ainda lançam esgoto in natura no rio. “A revitalização do Velho Chico não se faz sem resolver o básico. É inadmissível que, em pleno século 21, o rio continue recebendo dejetos urbanos sem tratamento”, criticou.

A campanha “Eu Viro Carranca” vem ao longo dos anos se consolidando como um movimento que reúne lideranças locais, comunidades tradicionais, estudantes, pesquisadores e representantes de movimentos sociais e ambientais. Para Miranda, essa diversidade de vozes é essencial para manter o rio vivo. “O São Francisco tem uma importância simbólica, cultural e espiritual”. Para assistir a entrevista completa, acesse o canal Portal Tribuna Hoje no YouTube e o portal tribunahoje.com.