Cidades

Família vive drama após perder casa no Vale do Reginaldo

Deslizamento de barreira destrói residência, eles dependem de caridade para comer e ainda não receberam aluguel social

Por Claudio Bulgarelli / Sucursal Região Norte 04/06/2025 09h10 - Atualizado em 04/06/2025 09h19
Família vive drama após perder casa no Vale do Reginaldo
Casa da família desabrigada, localizada no Vale do Reginaldo, foi totalmente destruída pela barreira - Foto: Edilson Omena

No sábado, 24 de maio, pouco antes da meia-noite, a primeira grande chuva da quadra chuvosa, iniciada pela manhã, se intensificou, causando alagamentos em dezenas de ruas, desde Cambona até Ponta Verde. O Riacho Salgadinho transbordou próximo à sua foz, na praia da Avenida, e inúmeras barreiras cederam em diferentes bairros, provocando um verdadeiro caos urbano, que se estenderia por mais dois dias.

Uma das barreiras que desmoronaram foi na Vila Santo Antônio, na região conhecida como Terceira Ponte, no Vale do Reginaldo, na divisa com o bairro Feitosa. A força das águas, que transformaram as longas escadarias em riachos com cascatas, causou enormes danos ao longo de seu percurso. Duas casas desabaram, uma sobre a outra, e a última, situada no beco da vila, onde uma família de sete pessoas dormia, ficou completamente destruída.

Na humilde casa verde, de quatro cômodos e uma cozinha, viviam Tatiane de Oliveira Pimentel, seu esposo Alan Alves de Lima e seus cinco filhos: Ágata Vitória (14 anos), Adonai (12 anos), Jesus (9 anos), Abimael (7 anos) e Caleb (3 anos).

O pai, que acordou com o barulho intenso da enxurrada, sentiu o primeiro estrondo da terra cedendo. Em desespero, correu para salvar a filha mais velha, que dormia no último quarto, acordando-a e retirando-a da casa. Em seguida, conseguiu tirar os outros filhos e sua esposa momentos antes de a terra desmoronar, derrubando o muro do quintal e parte da cozinha. O deslizamento soterrou quase todos os bens da família - geladeira, fogão, utensílios domésticos, televisão, cama e até a bicicleta de carga que Alan usava para trabalhar.

Do lado de fora, sob a chuva incessante, vizinhos despertaram e começaram a ajudar, resgatando as crianças e tentando salvar o que fosse possível antes do desastre final. No domingo pela manhã, a dura realidade: a família havia perdido completamente sua casa, comprada por meio de um empréstimo bancário consignado da aposentadoria de Alan, que sofre de esquizofrenia - uma doença mental crônica e grave que afeta pensamento, percepção e comportamento, causando dificuldades no convívio social e no autocuidado.

Na segunda-feira, 26 de maio, técnicos da Defesa Civil Municipal estiveram no local e interditaram a residência da família, além de inúmeras casas situadas na encosta. No entanto, os moradores continuam sem ter para onde ir. A família recebeu um cadastro para acesso ao aluguel social, mas até o momento não conseguiu acessar o benefício.