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Advogado e jornalista alagoano assassinado pela ditadura será homenageado na OAB/AL

Por Assessoria 03/02/2025 14h02 - Atualizado em 03/02/2025 14h30
Advogado e jornalista alagoano assassinado pela ditadura será homenageado na OAB/AL
Jayme Miranda - Foto: Divulgação

Nesta terça-feira (4), completam-se 50 anos do desaparecimento do jornalista e advogado alagoano Jayme Miranda, assassinado por agentes da ditadura militar, implantada em 1⁰ de abril de 1964 e que durou 21 anos.

Para não deixar a data cair no esquecimento, o Comitê da Memória, Verdade e Justiça de Alagoas vai realizar nesta terça, às 19h, no auditório da OAB-AL, em Jacarecica, um evento especial que contará com depoimentos de militantes e parentes de Jayme, em um encontro histórico.
No contexto da cerimônia, haverá exibição de vídeos sobre a vida do homenageado, seguido de apresentações musicais e teatrais.

UMA VIDA DE LUTAS

Nascido em Maceió em 18 de julho de 1926, Jayme Miranda, advogado e jornalista, integrou o Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Teve inúmeros encontros com líderes socialistas mundiais como Mao Tze Tung, Fidel Castro e Che Guevara, com os quais buscou soluções para aplicação de justiça social às populações famélicas e desvalidas de vários países.
Paralelamente, editou, em Maceió, entre 1946 e 1964, o jornal Voz do Povo, órgão oficial do PCB.
Em 1º de abril de 1964, militares golpistas destruíram a gráfica do jornal e prenderam Jayme, que foi encarcerado na penitenciária estadual.

Libertado em fevereiro de 1965, ele reuniu a esposa e quatro filhos menores e partiu para o Rio de Janeiro, onde viveu clandestino.

Em 4 de fevereiro de 1975, foi sequestrado na capital fluminense e enviado para um centro de torturas operado pelo Exército no interior de São Paulo.
Mesmo torturado por vinte dias, Jayme não entregou seus companheiros.

Por isso, teve seu corpo queimado com álcool e, em seguida, assassinado com uma injeção de matar cavalo. Seu corpo foi esquartejado e atirado ao rio Avaré em SP e até hoje encontra-se desaparecido. Em 2019, o Ministério Público Federal em SP denunciou dois oficiais do Exército como sendo seus assassinos.

Porém, a Lei da Anistia de 1979, impede que ex-agentes da ditadura sejam punidos. Dessa forma, o coronel Audir Santos Maciel e o capitão Carlos Setembrino da Silveira, hoje na reserva da força terrestre, continuam impunes e recebendo seus generosos salários.