Cidades

Hábito de reclamar danifica neurônios, segundo estudo

Por Valdete Calheiros - Colaboradora / Tribuna Independente 24/01/2025 08h38
Hábito de reclamar danifica neurônios,  segundo estudo
Frequência de reclamações indica como está a saúde mental da pessoa - Foto: Imagem ilustrativa

Quer ser uma pessoa feliz? Pare de reclamar da vida! Pelo menos é o que afirma a ciência. Um estudo explica que as pessoas que reclamam de tudo, danificam os próprios neurônios.
Segundo a ciência, o hábito de reclamar afeta as conexões neurais, promovendo padrões negativos no cérebro. Ou seja, relacionar-se sempre com problemas impõe dificuldade de concentração e justamente promove a redução da capacidade de resolver tais problemas.
É comum diante de uma situação que não agradou, a pessoa reclamar. É quase instintivo. Praticamente um mecanismo de defesa. No entanto, você já parou para pensar no impacto que o hábito de reclamar tem na sua vida?
A atitude, em um primeiro momento, pode até parecer inofensivo, uma forma de desabafar ou lidar com os desafios diários, mas a ciência tem mostrado que esse comportamento pode causar danos reais ao seu cérebro e sua saúde mental.
Muito além de um simples hábito, reclamar ativa circuitos cerebrais ligados ao estresse e à negatividade, tornando a sua mente mais propensa a padrões tóxicos.
A psicóloga Beatriz Barbosa Ramos de Athayde Pinto explicou que o cérebro tende a se moldar às experiências que vivemos e a reproduzir o que é repetido constantemente.
“Neste caso, se o indivíduo possui o hábito de reclamar, há uma repetição e fortalecimento dos padrões negativos de pensamentos, influenciando no funcionamento negativo do cérebro”, resumiu.
Segundo a psicóloga que tem na psicologia clínica, seu principal foco de atuação, o ciclo da reclamação, pode se tornar vicioso, trazendo danos ao cérebro. As reclamações podem se tornar padrões tão automáticos, considerou, que os próprios indivíduos podem não se dar conta, se tornando inclusive, um hábito.
“A frequência das reclamações e insatisfação com a própria vida, são indicativos de como está a saúde mental do indivíduo, acarretando no aumento do estresse, e podem se caracterizar inclusive, como sintomas de transtornos mentais, como por exemplo, transtornos depressivos”, ensinou Beatriz Barbosa.
De acordo com a sua avaliação, é essencial que o indivíduo possa compreender qual é a raiz da sua insatisfação pessoal.
“Após tomada de consciência, é válido traçar planejamento para mudanças necessárias”, considerou.

Ritmo frenético aumenta casos de ansiedade, estresse e depressão

A psicóloga clínica Betânia Moreira da Silva é pós-graduada em Terapia Cognitivo-Comportamental e argumentou que com o ritmo frenético das pessoas nas cidades, o aumento alarmante nos casos de ansiedade, depressão e estresse tem chamado a atenção dos estudiosos em saúde mental, e a reclamação é um dos grandes vilões por trás desse cenário preocupante.

Ela também concorda com os estudos que comprovam que a negatividade gerada pelas queixas contamina o ambiente e todos ao redor, deixando todos em um estado de baixo-astral constante.

“Se você costuma reclamar com frequência, cuidado! Pois isso pode estar adoecendo o seu cérebro e afetando a sua saúde de maneira grave e o pior: esse hábito aparentemente inofensivo pode estar causando danos irreparáveis não apenas a quem reclama, mas também a quem ouve, ocasionando danos à saúde física e mental de ambos”, pontuou.
Conforme Betânia Moreira da Silva, isso significa que as pessoas queixosas podem sofrer redução de funções como a resolução de problemas, a tomada de decisões ou o planejamento – o que gera ainda mais frustrações e consequentemente mais queixas.
“A reclamação não apenas reflete um momento de descontentamento, mas também molda o nosso cérebro, criando conexões neurais que nos levam a ter pensamentos cada vez mais negativos, deixando sequelas de uma vida cada dia mais infeliz, isso significa que quanto mais reclamamos, mais nosso cérebro se condiciona a enxergar o mundo de forma pessimista, aumentando o estresse e prejudicando nossa saúde mental e física, a reclamação pode ser um sintoma de depressão e ansiedade”.

A psicóloga passou algumas dicas para evitar o hábito de reclamar. Segundo ela, a pessoa pode tentar transformar as queixas em sugestões construtivas, tentar cultivar pensamentos positivos e tentar se distanciar de pessoas que reclamam.

A ciência admite que reclamar é uma maneira natural de liberar insatisfações e frustrações. Quando algo incomoda ou não sai como esperado, verbalizar o descontentamento alivia momentaneamente o peso emocional. Isso ajuda a pessoa a se sentir menos sobrecarregada, como se descarregasse um “peso” interno.