Cidades
Observador das minas da Braskem é ameaçado de morte
Ewerton do Drone confirma intimidação, mas diz que não vai parar com filmagens de cavidades que estão sendo tamponadas
O Criador de conteúdo, com um canal no Youtube, onde exibe filmes sobre a situação das minas de sal-gema administradas pela Braskem, Ewerton do Drone, revelou, no último final de semana, que vem recebendo ameaças de morte, mas ainda não sabe de quem.
“São ameaças anônimas, intimidações e mensagens que enviam para o meu celular, para que eu tenha cuidado com minha vida, por conta desse trabalho de atualização das minas da Braskem”, afirmou Ewerton.
Segundo ele, nas ameaças são anônimas e os números desconhecidos. “Quando a gente vai procurar saber quem ligou, parece que os números desses celulares foram programados apenas para ligar ou mandar mensagem, porque não recebem ligações”.
Mesmo sem saber de onde partem as ameaças de morte, Ewerton disse que fez um Boletim de Ocorrência (BO) e comunicou o fato a um delegado da Polícia Civil de Alagoas. Essas e outras providências ele tem tomado para salvaguardar sua integridade física.
No entanto, ele está disposto a continuar o trabalho de atualização das minas e vem recebendo a solidariedade de vários setores da sociedade, a maioria vítimas da Braskem. “Eu estou recebendo muito apoio das pessoas”, afirmou Ewerton.
Ele vinha fazendo a atualização quase semanal das imagens das minas e do canteiro de obras da Braskem, que vai do bairro do Bom Parto à região dos Flexais. O trabalho começou antes do colapso da mina 18 e é considerado como de utilidade pública.
Amedrontado, Ewerton deu um tempo, mas decidiu voltar e revelar as intimidações sofridas. “Nas mensagens, as ameaças são diretas. O ameaçador diz que eu não sei com quem estou me metendo”, disse.
Movimentos querem apoio para vítima das ameaças
"O Ewerton do Drone está sendo ameaçado. Terrível isso”, afirmou a bióloga Neirevane Nunes, integrante do Movimento Nacional de Combate à Mineração Predatória (MAM). Para ela, é de fundamental importância dar apoio a ele e denunciar essas ameaças.
“O trabalho que o Ewerton vem fazendo é de utilidade pública. Se faz mais importante ainda quando enfrentamos a falta de transparência com relação as informações sobre as minas”, destacou Neirevane.
Segundo ela, tirando o trabalho de filmagem das minas feito por Ewerton, “a população só tem acesso às informações que a Braskem e a Defesa Civil permitem serem divulgadas. Essa é a realidade”.
“Se não fossem os registros que ele faz não saberíamos dos eventos ocorridos na região da mina 18 como aquela substância emergiu e que por causa da denúncia, através do vídeo dele o material foi coletado pra análise”, acrescentou.
Para Neirevane, a sociedade tem todo o direito de saber informações sobre as minas e tem o direito de fazer um monitoramento/acompanhamento de forma independente. Pena que nem a mineradora e nem a Defesa Civil Municipal explicam nada.
O presidente da Associação dos Empreendedores Vítimas da Mineração em Maceió, Alexandre Sampaio, critica as ameaças.
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