Cidades
Atuando na assistência de acusação, Cedeca espera condenação de policiais acusados
Cinco militares vão a júri por nesta quarta-feira (13) por sequestro, tortura, homicídio e ocultação de cadáver
Está marcada para quarta-feira, 13 de novembro, o júri popular dos policiais militares acusados sequestro, tortura e homicídio triplamente qualificado contra o assistente de
O pedreiro Jonas Seixas, em 9 de outubro de 2020, data em que o jovem desapareceu após uma abordagem policial nas imediações de sua residência, no bairro do Jacintinho. Prestando assistência de acusação através do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Cedeca Zumbi dos Palmares, o advogado Arthur Lira relata ser grande a expectativa por condenação dos policiais envolvidos no crime.
Segundo Arthur Lira, todos os procedimentos policiais foram noticiados desde a informação de que Jonas foi levado dentro da viatura. "Esse processo, em particular, me marca, porque é uma atuação desde o início mesmo, desde a prisão feita como prisão temporária, pelo delegado de polícia. Desde aquele período, houve demora na entrega do inquérito policial, porém foi um inquérito muito bem produzido, com muitas provas técnicas, com interceptação telefônica, com leitura de GPS das viaturas, o que identificou as incongruências dos depoimentos dos policiais, tanto é que houve posteriormente uma prisão preventiva", explica Lira.
Para além do inquérito, o advogado do CEDECA Zumbi dos Palmares acrescenta como a espera se intensificou a partir do processo judicial de instrução. "Até a fase do júri, foram cinco audiências para concluir. Foram ouvidas testemunhas arroladas pelo Ministério Público, ouvimos testemunhas arroladas pela defesa, ouvimos o interrogatório dos cinco réus, e, com isso, a decisão final de encaminhar para o tribunal de júri. Então é uma data que aguardamos muito. Lutamos muito para que essa data chegasse".
Embora a definição da data já tenha sido um grande avanço aos que tanto se mobilizam por justiça por Jonas, o sentimento de desfecho mesmo dependerá do resultado. "Fará sentido com a devida condenação dos policiais, dentro dos limites legais, evidentemente, mas que eles possam responder pelos crimes cometidos, de homicídio triplamente qualificado, de tortura, de sequestro, enfim, toda essa tipificação foi apresentada desde o primeiro momento".
Entenda o caso
Era fim de tarde do dia 9 de outubro de 2020, quando Jonas foi surpreendido por uma viatura saindo da sua residência, na Grota do Cigano, sob a justificativa de que procurava drogas ou material ilícito. Sem qualquer explicação e de forma agressiva, inclusive fazendo uso de spray de pimenta, os policiais ordenaram que o servente de pedreiro entrasse na viatura.
Diante de diversas testemunhas que passavam pelo local, Jonas gritava por socorro, enquanto os policiais alegavam que o levariam para a Central de Flagrantes. A esposa de Jonas, Angélica, seguiu até a unidade, mas Jonas nunca chegou lá. Desde então, o inquérito apontou diversas outras provas técnicas indicando que Jonas foi levado a uma região de mata em Jacarecica, onde foi submetido a torturas.
Serão levados a júri os policiais Fabiano Pituba, Felipe Nunes da Silva, Jardson Chaves Costa, João Victor Carminha Martins de Almeida e Tiago de Asevedo Lima.
O corpo de Jonas, entretanto, nunca foi encontrado.
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