Cidades

Procurador suspeita de incêndio criminoso em sua residência no Pinheiro

Imóvel está desocupado devido à realocação de moradores causada pela instabilidade do solo

Por Ana Paula Omena l Valdirene Leão - Tribuna Hoje 08/10/2024 09h44 - Atualizado em 08/10/2024 14h06
Procurador suspeita de incêndio criminoso em sua residência no Pinheiro
Bombeiros retornaram ao local na manhã de hoje para conter as chamas restantes - Foto: Sandro Lima

“Incêndio foi premeditado para beneficiar alguém com interesse na situação”, afirmou o procurador do Trabalho, Cássio Araújo, após ter sua casa atingida, na Rua José da Silveira Camerino, por um incêndio no bairro do Pinheiro, em Maceió, na madrugada desta terça-feira (8).

O imóvel está desocupado devido à realocação de moradores causada pela instabilidade do solo na região, causada por conta da extração de sal-gema pela petroquímica Braskem.

De acordo com o procurador, o incêndio atingiu todo o primeiro andar, onde haviam materiais inflamáveis, como livros, cerca de 20 mil volumes, que potencializaram as chamas. “Na avaliação dos bombeiros, o dano foi total no primeiro andar, e a porta da garagem foi retirada. Imaginamos que o acesso se deu através de um alçapão. Muito nos estranha porque um ladrão rouba, não toca fogo e foi encontrada uma garrafa de água de álcool na parte de cima”.

Sargento Alberto observa trabalho de rescaldo I Foto: Sandro Lima

“Essa pessoa fez isso premeditado para favorecer alguém que possa interessar essa situação. A gente vai fazer o BO para que possa investigar e constatar quem fez. Agora, do ponto de vista civil, a responsabilidade pela guarda é da Braskem, já que eu fui retirado de casa através de um pedido judicial”, ressaltou o procurador.

Procurador do Trabalho, Cássio Araújo I Foto: Sandro Lima

“Ela tem o dever de guardar minhas coisas e não guardou. Eu saí aqui no dia 29 de novembro, após a situação do desmoronamento da mina 18. Quando a Braskem entrou na justiça, alegando que iria colapsar. Saíram 23 famílias de suas casas, para nos enfraquecer no momento da negociação”, disse em tom de revolta Cássio Araújo.

O ex-morador do Pinheiro salientou ainda que há um pedido de retorno para a residência já que não apresentava risco de desabamento, antes deste incêndio. “Moro num quarto e sala hoje, só quero que a Braskem pague o que a casa vale. Em Maceió, os imóveis dobraram de preços, 100%. E a empresa quer pagar o valor da época. Morava aqui desde os sete anos de idade, essa casa foi herança dos meus pais, não tem porquê rebaixar o meu padrão de vida ou financiar o prejuízo que a Braskem me causou”, pontuou.

Grande concentração de materiais inflamáveis, como livros, intensificaram as chamasI Foto: Valdirene Leão

O Corpo de Bombeiros mobilizou várias guarnições para combater o fogo, que foram controladas com o uso de água. No entanto, devido ao surgimento de novos focos, as equipes retornaram ao local na manhã de hoje para conter as chamadas restantes e fazer o trabalho de rescaldo. 

"A perícia será realizada analisando todo o cenário e vestígios do incêndio para saber se foi criminoso ou não", frisou o comandante sargento Alberto.