Cidades
Movimento de Luta Pela Terra reivindica regularização de lotes e titulação em AL
Pelo menos 40 associações de assentamentos e 10 acampamentos da reforma agrária realizam nesta segunda-feira (23) uma grande marcha na capital alagoana, saindo da Praça Sinimbu até a Marechal Deodoro, no Centro de Maceió, para reivindicar soluções urgentes para as pautas pendentes junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Entre as principais demandas estão a regularização dos lotes de famílias que aguardam há anos pela titulação definitiva das terras, o acesso a créditos agrícolas, e investimentos em infraestrutura nos assentamentos. O movimento espera reunir duas mil pessoas.
Paulo Vieira, conhecido como Paulinho, dirigente da Frente Social Rural e Urbana, destacou que os manifestantes cobram a regularização fundiária, que segundo ele, é fundamental para que as famílias possam ter segurança jurídica sobre a terra que ocupam, possibilitando o acesso a políticas públicas e incentivos econômicos, como o crédito rural, essencial para o desenvolvimento da agricultura familiar. Além disso, pedem o fortalecimento do Programa Nacional de Reforma Agrária, que enfrenta desafios de execução nos últimos anos devido à falta de recursos e burocracia nos processos de regularização e financiamento.
A marcha, organizada por movimentos como o MLT (Movimento de Luta pela Terra) e outras entidades, busca pressionar o Incra para agilizar a liberação de créditos. “Estamos aqui com vários presidentes de associações de assentamentos para reivindicar suas pautas com o Incra. Antes eram atendidos, mas agora estão esquecidos, queremos mostrar que temos vozes”, frisou.
Paulinho também acrescentou que o objetivo é ter uma reunião com o superintendente do Incra Alagoas para que se chegue no consenso e formalize a pauta pelos assentamentos. “Queremos terras em áreas são emblemáticas no estado de Alagoas, que já faz muitos anos também que não foram desapropriadas, por exemplo, Carão e Pedras, que é em Junqueiro, e Laginha também, estamos na luta fazendo o cadastramento das famílias para ver o que é que vai acontecer, mas a gente espera que seja resolvido esse ano”, disse.
Grito por justiça
De acordo com Maria Ivone da Silva, presidente da Cooperativa Coopvital (Agroindústria da Comércio da Economia Verde da Agricultura Familiar), - que fica no Acampamento Terra Prometida, na Laginha, em União dos Palmares, Zona da Mata de Alagoas, - os acampados da reforma agrária estão nesta grande mobilização de hoje, levantando suas vozes em um grito por justiça, exigindo que a sociedade e o governo os escutem.
“As famílias aguardam a entrega de títulos definitivos, fundamentais para garantir segurança jurídica e acesso a políticas públicas. Sem a titulação, muitas dessas famílias ficam excluídas de programas de crédito rural, assistência técnica, e incentivos produtivos”, salientou.
“Além da terra, os acampados reivindicam infraestrutura básica para viabilizar a produção agrícola e cobram o fornecimento de água, iluminação elétrica e o acesso a máquinas e equipamentos para melhorar suas plantações. Queremos também o apoio técnico e de políticas que assegurem condições para cultivar alimentos como milho, macaxeira, batata-doce, frutas, verduras, e legumes, tanto para o consumo próprio quanto para a comercialização”, explicou.
Para Williams Batista, coordenador estadual do MLT e diretor da Coopvital, essa luta é vista como um clamor urgente para que o gestores municipais acelere os processos de regularização e invista em infraestrutura nos assentamentos e acampamentos, possibilitando o desenvolvimento rural e o fortalecimento da agricultura familiar, que tem papel essencial na produção de alimentos livres de agrotóxicos em Alagoas. Precisamos de incentivo e diálogo para a monocultura e valorização para atender todo o estado, evitando gastar com produtos vindos de fora por preços elevados”, afirmou.
“Estamos felizes com a quantidade de caravanas que vieram para dar mais engajamento, força e energia garantindo visibilidade para toda a sociedade, para que esta valorize e reconheça o homem do campo”, completou.
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