Cidades

Drama dos pais que vivem nas ruas de Maceió

Morando ao relento, muitos deles sonham em retornar para casa e festejar sua data com mesa farta junto aos filhos

Por Valdete Calheiros - Colaboradora / Tribuna Independente 10/08/2024 08h10 - Atualizado em 10/08/2024 09h59
Drama dos pais que vivem nas ruas de Maceió
Maioria dos pais que moram das ruas da capital alagoano são usuários de álcool e de outras drogas e esperam um dia voltar para casa - Foto: Adailson Calheiros

Em Maceió, centenas de pessoas vivem nas ruas, inclusive pais que estão longe dos filhos, cada um carregando seu drama. Eles estão bem distantes de compras e presentes.

Evaldo dos Santos, 44 anos, natural de Penedo, está há pelo menos 30 anos vivendo nas ruas de Maceió. Indagado sobre qual data será comemorada neste domingo, logo respondeu que era o Dia dos Pais.

Ele contou que é pai de um casal. Filhos de 12 e 11 anos. Ambos moram com a mãe. Edvaldo dos Santos costuma ver os filhos a cada dois meses, pelo menos.

“Fico feliz em saber que meus filhos moram em um apartamento com a mãe, minha ex-mulher. O casamento não deu certo, mas filho é para sempre. Eles ainda são pequenos não podem escolher muita coisa, mas acredito que eles sabem que minha vontade era que estivéssemos todos juntos, com um teto nos protegendo. Mas não tenho como fazer eles viverem minha vida, nas ruas. Se já é sofrido para mim, imagine para duas crianças”, desabafou.

Também em situação de rua, vivendo na Praça Sinimbu, no Centro da capital, Cristiano Mendes da Silva, é pai de quatro filhos. Outros dois morreram.

As mais velhas são duas meninas. Nascidas do primeiro casamento. Vez ou outra é chamado por uma das filhas a almoçar com ela em Marechal Deodoro.

“Não é sempre que ela consegue me chamar. A situação não está fácil. Ela está desempregada. Mas é sempre bom quando eu vou. Pelo menos convivo um pouco com meus netos de três e dois anos de idade”.

Os outros quatro filhos são frutos do segundo casamento. Dois faleceram. Restou um casal. De 19 e dois anos. A companheira, mãe dos filhos, também está em situação de rua. Ambos dividiam o mesmo colchão, colocado no chão.

Sem ter grandes perspectivas de comemorar a data da forma como desejara, Cristiano Mendes da Silva disse que tudo o que queria era uma mesa farta com os filhos ao redor para celebrar o Dia dos Pais. Porém reconhece que isso não passa de uma ilusão.