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Peritos criminais de Alagoas e Sergipe confirmam o primeiro 'Hit' balístico entre os dois estados

Investimentos em tecnologia de ponta aumentaram a capacidade pericial de identificar o uso de uma mesma arma de fogo em diferentes locais de crime

Por Aarão José / Polícia Científica 02/08/2024 20h52
Peritos criminais de Alagoas e Sergipe confirmam o primeiro 'Hit' balístico entre os dois estados
Conclusão permitiu estabelecer uma conexão entre crimes violentos ocorridos nos dois estados - Foto: Ascom Polícia Científica

Um exame de confronto balístico realizado na quinta-feira (1), por peritos criminais de Alagoas e Sergipe, alcançou um feito histórico na Segurança Pública, com a identificação do primeiro “hit” balístico entre as duas unidades da Federação. A conclusão, a partir da análise física dos materiais questionados no Laboratório de Balística da Polícia Científica de Alagoas, permitiu estabelecer uma conexão entre crimes violentos ocorridos nos dois estados.

A eficácia dos exames periciais dessa natureza só foi possível graças à implementação do Sistema Nacional de Análise Balística (SINAB) e do Banco Nacional de Perfis Balísticos (BNPB), nesses estados, por intermédio do Ministério da Justiça. Atualmente, elementos de munição e armas de fogo com envolvimento em crimes de homicídio são diariamente inseridos no BNPB.

(Foto: Ascom Polícia Científica)


O perito criminal Lucas Lima, administrador estadual do SINAB em Sergipe, explicou que após a inserção dos estojos e projéteis no Banco Nacional, é realizada uma sincronização desses elementos com a base de dados nacional, resultando em uma lista de possíveis correlações. No caso apresentado, já que houve indicativos de convergência entre casos de Alagoas e Sergipe, essa lista foi analisada por peritos de ambas unidades federativas, de forma a verificar a hipótese de que uma mesma arma estaria envolvida em crimes que aconteceram tanto em Sergipe como em Alagoas.

“A partir desse momento, diante das peças físicas, nós avaliamos suas marcações micro elementares no microscópio óptico e confirmamos que esses materiais foram provenientes de uma mesma arma”, explicou o perito sergipano.

Fabinara Dantas, também perita criminal de Sergipe, destacou a importância do investimento nessa área forense como uma ferramenta primordial para esclarecimento de crimes envolvendo armas de fogo. Com os estojos e projéteis recuperados, triados, analisados e submetidos ao BNPB pelos laboratórios de balística estaduais, é possível confirmar que uma mesma arma de fogo foi utilizada em eventos criminosos que aconteceram em datas e locais distintos. Tal fato contribui sensivelmente para conferir maior eficiência às investigações criminais, seja fortalecendo os seus resultados, seja ampliando linhas investigativas e identificando organizações criminosas até então desconhecidas, mas que possuem atuação interestadual.

(Foto: Ascom Polícia Científica)


“O hit é a confirmação de correlação entre ocorrências a partir da análise dos elementos balísticos inseridos, por todas unidades da federação, no Banco Nacional de Perfis Balísticos. Hoje, após o exame realizado em conjunto, conseguimos determinar a primeira vinculação de crimes ocorridos em Alagoas e Sergipe, praticados com a mesma arma de fogo”, destacou a perita Fabinara.

O perito criminal Paulo Rogério, administrador estadual do SINAB em Alagoas, afirmou que o resultado obtido é a comprovação de que o Sistema Nacional de Análise Balística é eficiente, ressaltando que, atualmente, todos os estados possuem condições de interação por meio da ferramenta, uma realidade que há pouco tempo parecia distante, mas que se tornou possível graças ao esforço desprendido nacionalmente para implementação desse sistema. Antes disso, esse tipo de análise só seria possível com mais elementos probatórios e investigativos, restringindo-se, na maioria dos casos, ao âmbito local.

“A partir dos exames que foram realizados, a gente consegue oferecer a procedimentos investigativos de estados distintos, uma prova pericial bem fortalecida, pautada na aplicação de novos instrumentos e novas tecnologias, algo que, no passado, era impensado, inimaginável. Hoje, com essa tecnologia, fruto de ação integrada entre o governo federal e as administrações estaduais, consegue-se com muito mais rapidez a interação entre instituições distintas. Isso representa uma evolução muito grande, não apenas para Alagoas, mas para todo o país, fortalecendo, principalmente, as relações entre estados vizinhos”, afirmou Paulo Rogério.