O 72º Baile da Chita, em Paulo Jacinto, Zona da Mata de Alagoas, acontece no próximo sábado (20). O Sexto Patrimônio Cultural Imaterial e Histórico de Alagoas já tem atrações definidas. O evento será no Clube Recreativo Paulojacintense a partir das 23h30 com as bandas Forró Maior e Golden Time.

Décio Canuto, um dos diretores do baile, destacou a importância cultural do evento e falou sobre a expectativa para mais uma edição do tradicional Baile da Chita.

“O Baile é a maior manifestação festiva e cultural de Paulo Jacinto e o 6° patrimônio Imaterial do Estado de Alagoas. Tornou-se, também, uma marca, ao ser registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)”, comentou Canuto.

O município que fica a cerca de 117 km de Maceió já está em clima de festa. Pousadas e restaurantes já se preparam para receber os turistas e visitantes. As costureiras da cidade também já estão com várias encomendas já que muita gente segue a tradição e vão com roupas feitas com o tecido que dá o nome ao baile.

“A expectativa é de mais um ano brilhante, com casa cheia e muita animação por parte das atrações musicais e do público que se fará presente”, ressaltou Décio Canuto, acrescentando que o evento conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Paulo Jacinto e de outros parceiros que contribuem para a realização do tradicional Baile da Chita.

E como todo baile que se preze, neste também tem uma rainha. A estudante Isabelle Pereira Mendonça, 16 anos, foi a escolhida para representar a beleza paulojacintense no 72º Baile da Chita. A adolescente não esconde a emoção em ter sido convidada, ainda mais o convite vindo em forma de homenagem ao seu pai que faleceu recentemente.

“Foi uma honra imensa e um sonho realizado. Sempre admirei este evento tão tradicional e ser escolhida para representá-lo é um privilégio. E a minha preparação tem sido intensa e muito especial. Sempre tive o desejo de participar e ser a rainha do Baile da Chita. E agora, vou realizar e fazer essa homenagem ao meu pai, ele que sempre me incentivou a seguir este caminho” contou a rainha.

A venda de mesas e ingressos, na sede do Clube, custa- mesa, R$ 250; individuais, R$ 50.

Evento nasceu para arrecadar fundos e emancipar a cidade

A história do baile está diretamente ligada à história do município, uma vez que é um ano mais antigo do que a própria cidade, justamente porque o baile foi organizado com o propósito de angariar fundos (recursos) para emancipar a cidade que pertencia a Quebrangulo. O evento surgiu após várias reuniões entre Josefa Barbosa (a idealizadora), José Aurino de Barros (in memorian), e outros membros da comunidade, que discutiam o que fazer para pagar o advogado e emancipar o povoado que pertencia a Quebrangulo.

Nos preparativos para o primeiro baile, Josefa teve a ideia de colocar uma rainha, uma vez que o baile seria realizado após os festejos juninos, no mês de julho. A rainha era eleita através dos fundos adquiridos, a que mais arrecadasse dinheiro na venda de rifas e bingos seria a eleita. Todos esses acontecimentos se deram por volta da década de 1950.

Como uma forma de dar continuidade à tradição, a escolha da rainha ainda acontece, com algumas modificações. Como não se trata de arrecadação de dinheiro para emancipação, atualmente a escolha da rainha é feita com votos dos diretores ou associados do clube. Para participar deste momento a jovem tem que obedecer a alguns requisitos como, por exemplo, ter idade entre 15 e 18 anos, ser natural da cidade ou morar na cidade.

A música também se tornou importante. Na época, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam fazendo sucesso com a composição Propriá, que carinhosamente ficou conhecida como Rosinha de Propriá pelos paulojacintenses, por se tornar a chamada de abertura do evento. À época, Luiz Gonzaga estava de passagem pela região Nordeste e ao saber que sua música era considerada a chamada de abertura do baile, em agradecimento e por convite do senhor José Aurino de Barros, prefeito nomeado em 1953, fez questão de realizar um show na cidade já emancipada.