Cidades

Estudantes aprendem bordado filé em sala de aula de escola do Pontal da Barra

Projeto Tecendo Redes da Escola Municipal Silvestre Péricles visa preservar história e cultura com a geração de renda

Por Janaína Farias / Ascom Semed 02/06/2024 11h18 - Atualizado em 02/06/2024 13h33
Estudantes aprendem bordado filé em sala de aula de escola do Pontal da Barra
Aluno da Silvestre Péricles aprende a tecer rede - Foto: Cortesia

Ele é genuinamente alagoano, uma técnica que exige habilidades com as mãos, sendo bem parecido com uma rede de pesca. A técnica artesanal que consiste em uma rede tecida de fios de algodão está sendo desenvolvida dentro da Escola Municipal Silvestre Péricles, localizada no bairro Pontal da Barra.

O projeto Tecendo Redes já existe desde 2018 e teve início com a Educação de Jovens Adultos e Idosos (Ejai) da rede pública municipal de ensino, a princípio sendo chamado de Pontal Empreende e com o passar do tempo passou a ser designado de Tecendo Redes e Saberes, Conectando Escola e Comunidade.

Atualmente em sua 3ª edição com a temática - A Sala Maker da Criatividade e Empreendedorismo, o projeto atende alunos dos 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental. O objetivo é promover o patrimônio cultural do bordado do filé, incentivando a produção das redes e a geração de renda na comunidade.

O projeto conta com a parceria da Associação dos Artesãos do Pontal da Barra que fornece o material e oficineiros para a realização da Oficina de Rede na escola.

De acordo com o professor e idealizador do projeto, Dilson Costa, o objetivo principal é manter vivo o filé, patrimônio imaterial e cultural de Alagoas. Segundo ele, a proposta é estimular e cultivar a cultura local tendo como carro-chefe a criação da primeira Sala Maker na escola municipal e a parceria da comunidade.

Por outro lado, o professor afirma está cada vez mais diminuindo os mestres e os artesões que fazem o filé e as crianças e adolescentes já não querem mais participar por não ter interesse. “Diante dessa situação, a gente está resgatando essa tradição por meio da escola e da parceria com a associação trazendo os meninos para vivenciar essa cultura. Eles aprendem a produzir uma rede, por exemplo. A rede é aquela que faz a base para depois, em cima dela, fazer o bordado filé”, diz.

As oficinas são realizadas das 8h30 às 10h30, nas terças e quartas-feiras. Segundo o professor, um espaço foi reservado e está sendo preparada para transformar na sala maker, que é um tipo de sala especial para realizar as oficinas.

Alunos aprendem a tecer redes e o filé (Foto: Cortesia)

Um dos estudantes que se destacou na produção da rede de 50 cm por 50 cm foi o Pedro Henrique, aluno do 8º ano do Ensino Fundamental. Pedro é neto da Maria Aparecida dos Santos conhecida na região como Cianinha. Sua avó foi aluna da Ejai e continua inspirando o aprendiz.

Incentivado pela avó, Pedro relata que quer aprender muito mais para poder ensinar aos outros colegas. “Está sendo uma experiência muito boa de poder estar participando desse projeto. Antes, eu não conseguia fazer nada, eu já aprendi um pouco da rede e também com a ajuda da minha avó, consegui aprender bastante e aí já consegui fazer duas redes. Pra mim está sendo uma rede de saberes”, afirma.

Reconectar gerações

Dilson Costa explica que a proposta é promover essa conexão entre os mais novos e os mais velhos no sentido de manter viva a cultura. Para ele, reconectar gerações tem tudo a ver com a proposta do projeto, que é ter o apoio da família, como o Pedro tem de sua avó, o que segundo ele contribuiu significativamente para ele ser um dos primeiros alunos a concluir o produto.

“Pedro, por exemplo, conta muito com o incentivo de sua avó, que inclusive foi estudante da Ejai. Ela borda, faz o filé, também faz a rede. Então, ele foi um dos primeiros alunos a concluir, pois teve o apoio e o acompanhamento da sua avó. E isso é fantástico, revela Dilson.

Outra aluna participante do projeto tem chamado atenção, Anna Maria da Silva, estudante do 7⁰ ano do Ensino Fundamental. Ela segue em ritmo acelerado para concluir a fabricação da rede. “A sensação é de alegria, porque já estou sabendo fazer”, conclui a menina bastante empenhada em aprender.