Cidades

Trabalhadores escravizados no ES retornam para Alagoas

Viagem foi monitorada pelo MPT; grupo relata sofrimento e exploração durante tempo que ficou em fazenda

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 17/05/2024 08h38 - Atualizado em 17/05/2024 11h39
Trabalhadores escravizados no ES retornam para Alagoas
Trabalhadores alagoanos resgatados no Espírito Santo, fizeram uma parada na Bahia e van quebrou em Sergipe, antees de chegarem a Penedo - Foto: MPT/AL

Depois de 14 dias trabalhando em uma situação análoga à escravidão em uma fazenda de café, em Brejetuba, no Espírito Santo, os 12 trabalhadores alagoanos retornaram a Penedo na madrugada de hoje.

O grupo foi recepcionado pelo superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em Alagoas (MTE), Cícero Filho e pela secretária de assistência social do município.
Durante o percurso, os trabalhadores fizeram uma parada na Bahia. Foi uma longa e cansativa viagem de ônibus. Os contatos telefônicos com os familiares para avisarem do retorno se deu ainda durante o trajeto.

A viagem foi monitorada pelo Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo após o caso vir à tona através de um vídeo gravado por Wagna da Silva, de 43 anos, única mulher do grupo. Ela trabalhava como cozinheira na fazenda. Aos homens, cabia a colheita do café.

Sem carteira assinada e nenhum direito trabalhista, ao chegarem na fazendo o grupo descobriu que teria que pagas pelas ferramentas de trabalho e pelas refeições. Logo adquiriram uma dívida com o “patrão” de 11 mil em um intervalo de duas semanas.

O grupo contou que, de acordo com o fazendeiro, até mesmo as passagens de Alagoas até o Espírito Santo eles tinham que pagar. “Mas essa tal dívida só aumentava porque sequer tinha café para que a gente colhesse”, contou Wagna Silva quer virou uma espécie de porta-voz do grupo. Junto dela estavam o filho, o genro, dois sobrinhos e outros sete conterrâneos.

O Superintendente Regional do Trabalho em Alagoas, Cícero Filho, está em contanto permanente com o Superintendente Regional do Trabalho no Espírito Santo para acompanhar o caso.

Conforme Cícero Filho, os demais procedimentos serão realizados pelos outros órgãos a exemplo da Polícia Federal. O Ministério Público do Trabalho também está acompanhando o caso. O grupo de trabalhadores alagoanos foi resgatado da fazenda pela Polícia Militar do Espírito Santo.