Cidades

Maceió possui mais de cinco mil moradores de rua

Número da população em situação de rua cresce no interior do Estado, a exemplo de Arapiraca e Palmeira dos Índios

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 03/05/2024 08h29 - Atualizado em 03/05/2024 08h32
Maceió possui mais de cinco mil moradores de rua
População que vive nas ruas segue invisível nas estatísticas oficiais do Brasil e do estado de Alagoas - Foto: Edilson Omena

Os moradores e moradoras em situação de rua somam, aproximadamente, cinco mil pessoas em Maceió, de acordo com dados do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Alagoas. Apesar do número expressivo, são praticamente invisíveis aos olhos da sociedade. Sem um lar para morar, essa parcela da população cresce a cada dia, apesar de ser ignorada pelas estatísticas sociais.

A quantidade de moradores em situação de rua pode ser ainda maior, advertiu o coordenador do Movimento, Rafael Machado da Silva. “Essa é apenas uma estimativa. Moradores em situação de rua não entra nas estatísticas oficiais”, frisou. Quando conta com o auxílio de terceiros, a renda média mensal de um morador em situação de rua gira em torno de R$ 300,00.

Rafael Machado também chamou a atenção para o aumento da população em situação de rua nas cidades de Arapiraca e Palmeira dos Índios, onde estima uma média, respectivamente, de duas mil pessoas e de 800 pessoas.

“As políticas não são eficientes para erradicar a situação da população de rua. Os nossos serviços são 100% precarizados, os abrigos são precários”, destacou.
Rafael Machado acredita que a resistência adquirida com a luta diária pela sobrevivência nas ruas foi transformada em força para ele ser a voz dos que estão ainda em situação de vulnerabilidade social. O coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Alagoas passou 14 anos nas ruas, de onde saiu há quase uma década.
“As soluções apresentadas para a população em situação de rua precisam respeitar a dignidade de todos. Não adianta apenas falar em políticas públicas sem orçamento”, frisou Rafael Machado que é também conselheiro nacional de Assistência Social e integra os comitês estadual e municipal, respectivamente, de Alagoas e Maceió.

A população que vive nas ruas segue invisível nas estatísticas oficiais do país. A metodologia adota pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estabelece o recenseamento exclusivo da população domiciliada.

O Censo Demográfico coleta as informações da população domiciliada. Então, é necessário que a pessoa tenha um domicílio como local de moradia permanente para que ela seja recenseada. Aquelas pessoas que moram fora de domicílio, moram na rua efetivamente, não recenseadas.

As pessoas que moram em situação de precariedade extrema, em alguma estrutura domiciliar muito inadequada são recenseadas, a exemplo de pessoas que vivem em barracas, trailers, dentro de carro, em qualquer estrutura que ela tenha como local de moradia permanente o seu domicílio, basta que esse domicílio seja considerado como uma estrutura, ainda que inadequada, com teto, com parede. Então, mesmo que seja de forma muito rudimentar o domicílio, estas pessoas serão recenseadas.

É por meio de políticas públicas que o estado pode atuar na garantia da reprodução da vida material à população, ou seja, viabilizar o acesso de todo cidadão aos direitos básicos de moradia, alimentação, educação e saúde.