Cidades
Após 21 anos, irmãos militares da reserva são condenados por triplo homicídio em Pilar
Wilson Rocha dos Anjos Filho e Ailton Rocha dos Santos receberam juntos pena que ultrapassa 100 anos de prisão em regime inicialmente fechado
A sociedade nem acreditava mais que os responsáveis pela barbárie ocorrida naquele 19 de janeiro de 2003, em frente ao “Bar do Beto”, na Chã do Pilar, município de Pilar, região metropolitana de Maceió, ainda fossem julgados e punidos por suas ações criminosas. Passados 21 anos, com sustentação firme e convincente do Ministério Público de Alagoas (MP/AL) que tão bem foi representado pelo promotor de Justiça Frederico Monteiro, os policiais militares Wilson Rocha dos Anjos Filho e Ailton Rocha dos Santos (já na reserva) foram condenados por triplo homicídio e tentativa de homicídio. A denúncia pediu que fossem julgados por duas qualificadoras que foram crime de homicídio qualificado e mediante recurso que tornou impossível a defesa das vítimas. Juntos eles receberam pena que ultrapassa 100 anos de prisão em regime inicialmente fechado.
Wilson Rocha foi condenado a 56 anos e três meses de prisão, enquanto Ailton Rocha foi sentenciado com 43 anos e nove meses, ambos, inicialmente, em regime fechado.
Os militares Wilson e Ailton Rocha são irmãos e acusados de matar friamente Benício Francisco, 42 anos, Maria José Conceição, de 50, e Gilberto Pereira da Silva, de 66, executados friamente com tiros de pistola .380, por volta das 22h30. Maria de Lurdes, de 52, única sobrevivente, foi atingida por três tiros na perna e região glútea. Benício ainda chegou a ser socorrido e levado para a Unidade de Emergência Doutor Armando Lages (atual HGE). À época do crime, o filho de Gilberto informou em depoimento que o pai há cerca de um mês (em dezembro de 2002) havia se desentendido com um policial militar.
Sobre a tentativa contra a Maria de Lourdes, embora o plenário tenha reconhecido a tentativa, o juiz declarou a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva retroativa.
Gilberto Pereira era comerciante e esposo de Maria José da Conceição, na hora em que os criminosos chegaram eles estavam assando churrasco na calçada do seu estabelecimento. Os assassinos teriam utilizado um veículo de cor azul para a prática criminosa e fuga. O alvo principal seria o comerciante, mas as outras pessoas ficaram na mira porque estavam com ele no horário planejado para a chacina.
Para evitar qualquer intercorrência durante o julgamento, o júri foi desaforado para Maceió a pedido do promotor de Justiça Sílvio Azevedo (do Pilar). Porém os réus não compareceram ao júri, a informação é que um deles foi acometido por câncer e as condições de saúde não permitiam.
O promotor de Justiça Frederico Monteiro reforça que o Ministério Público cumpriu com seu papel, atuou dentro da lei conseguindo dar uma resposta às famílias e à sociedade.
“Com o desaforamento do júri assumimos a acusação e o que posso afirmar é que, mesmo tardiamente, a justiça foi feita. Estamos falando de uma chacina, por motivo que o Ministério Público considerou fútil, que deixou filhos órfãos, pais sem seus filhos e que abalou toda a sociedade alagoana. A condenação dos assassinos, vinte e um anos depois, também serve de alerta para quem acha que cometer crime é sinônimo de impunidade, mas as leis não se acabam e o sofrimento dos familiares motiva a continuarem a luta para que os responsáveis paguem pela atrocidade. Passaram-se mais de duas décadas e a justiça foi feita”, declara o promotor.
O crime teria ocorrido porque Gilberto, durante festa religiosa em 2002, teria questionado Wilson sobre a morte do seu filho apontando Ailton como sendo o assassino. O que teria gerado, naquele momento, uma discussão.
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