Cidades
Queda de quase 90% nos casos de dengue deixa Alagoas de fora de 1ª distribuição de vacina
Ministério da Saúde vai priorizar municípios brasileiros com alta transmissão da doença
Alagoas não receberá as vacinas contra a Dengue. Pelo menos não nessa primeira etapa de distribuição. A decisão é do Ministério da Saúde e está baseada na expressiva redução de quase 90% nos casos da doença registrados no ano passado em relação ao ano de 2022.
Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em 2023, o Estado registrou 4.287 casos de dengue e quatro óbitos, marcando uma considerável diminuição em comparação com os 33.609 casos e 21 mortes registrados em 2022.
De acordo com os critérios do Ministério da Saúde, receberão as vacinas os municípios brasileiros de grande porte (com mais de 100 mil habitantes) e com alta transmissão de dengue. Além de maior incidência de casos em 2023 e 2024 e predominância do sorotipo DENV2 em dezembro de 2023.
A vacina contra a Dengue será aplicada no público-alvo de regiões endêmicas, em 521 municípios, abrangendo 16 estados e o Distrito Federal, a partir de fevereiro.
Serão vacinadas as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue, depois das pessoas idosas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autorizou a vacinação para os idosos. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre ambas.
A imunização faz parte de uma série de ações iniciadas ainda no ano passado para enfrentamento da doença.
Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante monitoramento e alerta para o aumento de casos de dengue no Brasil. Nesse cenário, a pasta coordenou uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses, intensificou os esforços e reforçou a conscientização sobre medidas de prevenção.
O processo foi organizado com Conass e Conasems – órgãos representantes das Secretarias de Saúde dos estados e municípios – seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.
Nos ensaios clínicos, a Qdenga mostrou ter uma eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose. A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%. A aplicação é subcutânea.
Desde agosto do ano passado, a vacina contra dengue já está disponível na rede particular em Alagoas. O imunizante promete ser a grande arma contra o número de casos da doença.
Imunização está disponível apenas em clínicas particulares de Alagoas
O imunizante é, para os especialistas, a grande aposta na luta pela diminuição no número de casos da doença. O médico infectologista Fernando Maia destacou a eficácia da vacina no combate à doença.
“O mosquito é muito difícil de ser erradicado. O mosquito que acaba de nascer, já nasce infectado. Não precisa picar uma pessoa infectada para a partir daí transmitir o vírus. A vacina veio em muito boa hora. Sem uma vacina efetiva, não há como combater esse mal”, explicou.
Ainda segundo o médico, a vacina é apenas uma das ações para combater a doença. Vencer o mosquito, avaliou o médico, depende do poder público juntamente às ações da população.
“O Aedes aegypti se adaptou muito bem ao ambiente urbano e se reproduz em qualquer lugar, um copo, um prato, um caco de telha. Qualquer volume mínimo de água acumulada em um lugar minúsculo vira um ambiente propício à reprodução do mosquito, por isso é tão difícil erradicá-lo”, considerou o médico que fez ainda um alerta ao lembrar que a vacina é só mais uma aliada no combate à dengue. “As medidas de proteção e prevenção para acabar com o mosquito Aedes aegypti (como não acumular água parada, por exemplo) precisam continuar”, finalizou.
A dengue é uma doença cujo período de maior transmissão coincide com o verão, devido aos fatores climáticos favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti em ambientes quentes e úmidos.
Vacina em Alagoas
Em Alagoas, a vacina contra dengue já está disponível em três das cinco clínicas particulares de vacinação procuradas pela reportagem da Tribuna Independente. O investimento médio para cada dose é de R$ 470,00, podendo variar entre R$ 20,00 e R$ 40,00 de uma clínica de vacinação para outra. Em todas elas, o valor pode ser parcelado em até seis vezes, sem juros. Para a imunização completa, são necessárias duas doses.
Apesar do tamanho minúsculo, o mosquito Aedes aegypti é causador da dengue, zika e chikungunya. Arboviroses são as doenças causadas pelos arbovírus, que incluem os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Conheça a doença, sintomas e sua forma de transmissão
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado e possui quatro sorotipos diferentes — todos podem causar as diferentes formas da doença. O inseto que, por ser muito adaptado ao ambiente urbano, pode ser facilmente encontrado dentro de casas em diferentes cidades do país.
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.
Os principais sintomas são: febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, é mais comum quando a pessoa contrai o vírus pela segunda vez.
Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento.
Para evitar a dengue o mais importante é não deixar água parada. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.
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