Cidades
Estado pede ajuda para evitar catástrofe na capital
Risco de desabamento de minas pode provocar grandes crateras no bairro Mutange, às margens da Lagoa Mundaú
Os últimos tremores de terra registrados pelos sismógrafos da Defesa Civil Municipal e o risco de desabamento de uma das minas de sal-gema na região do Mutange, que poderia provar uma verdadeira catástrofe na parte baixa da cidade, levou o governador Paulo Dantas a pedir ajuda à Defesa Civil Nacional, para monitorar as operações da Braskem e a movimentação do solo nos bairros atingidos pela mineração em Maceió.
No início da tarde de ontem (29/11), Paulo Dantas usou as redes sociais para anunciar que as equipes da Defesa Civil Nacional e do Sistema Geológico Brasileiro estariam vindo à Alagoas para acompanhar de perto a situação de risco iminente de colapso em uma mina de sal-gema, que estava sendo tamponada na unidade da Braskem, no bairro do Mutange.
“Conversei com o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, sobre o agravamento do desastre causado pela Braskem em cinco bairros de Maceió. Solicitei o acompanhamento da Defesa Civil Nacional e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) sobre o possível desabamento do teto da mina 18”, revelou o governador.
Segundo ele, esse possível desabamento pode ocasionar a formação de verdadeiras crateras nas imediações da Lagoa Mundaú, entre o Mutange e Bebedouro. Por isso, Paulo Dantas também convocou uma reunião de emergência do Gabinete de Crise do Governo de Alagoas, para que seus integrantes acompanhem de perto o desenvolvimento da situação.
“Determinei que todos os órgãos vinculados ao Gabinete de Crise estejam de prontidão para agir e prestar assistência à população. O Governo de Alagoas tem reiteradamente cobrado a Braskem para assumir verdadeiramente sua responsabilidade diante do maior crime ambiental urbano do mundo”, adiantou o governador.
Ele confirmou que decidiu tomar essas providências após o apelo feito pelo senador Renan Calheiros, presidente do MDB de Alagoas, que pediu o retorno da Defesa Civil Nacional e o Serviço Geológico do Brasil a Maceió para avaliar os últimos acontecimentos, envolvendo as operações da Braskem, com relação ao tamponamento das 35 minas de sal-gema desativadas por decisão judicial.
Apelo de Renan
O senador Renan Calheiros usou ontem as redes sociais para fazer um apelo ao governo federal e evitar uma tragédia em Maceió, com a possiblidade do colapso das minas de sal-gema desativadas pela Braskem depois de décadas de uso.
“A terra não para de tremer em Maceió, depois do crime da Braskem. O maior crime ambiental urbano de todos os tempos no mundo já completou cinco anos e os problemas continuam. Moradores das regiões atingidas nos informam que nós tivemos uma incidência bem maior de abalos sísmicos. Só de domingo a terça-feira, nós tivemos mais cinco abalos no Mutange. Exatamente no Mutange nós temos o risco iminente de uma mina colapsar, com desdobramento que sinceramente não dar para antever”, afirmou o senador.
Renan disse também que estava interrompendo a licença médica e retornando às atividades parlamentares, mesmo convalescendo de uma cirurgia no olho, para fazer um apelo ao presidente da República em exercício Geraldo Alkmin (PSB). O senador revelou que estava pedindo ao governo federal para que mande a CPRM e a Defesa Civil Nacional à Alagoas, com o objetivo de monitorar o problema, diariamente, em função do agravamento e da emergência.
“Quando eu criei, no Senado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi para ajudar a resolver o problema e exigir que a responsabilidade jurídica pelas reparações seja levada a efeito”, acrescentou o senador. “A situação é de emergência e exige a participação de todos os poderes na solução. Portanto, eu faço um apelo ao Executivo, ao Legislativo ao Judiciário, para que nós possamos ajudar Alagoas a debelar esse que é um grande problema e que o Estado não pode resolver sozinho”, concluiu.
Prefeitura alerta para risco de desabamento de mina e bloqueia trânsito local
O prefeito de Maceió, JHC (PL), criou ontem (29/11), um Gabinete de Crise para acompanhar a situação provocada pela Braskem e definir quais providências serão tomadas diante do iminente risco de colapso na mina 18.
A criação do gabinete ocorreu depois que os últimos sismos se intensificaram e houve um agravamento do quadro na região já desocupada, próximo ao antigo campo do CSA.
Na reunião foram discutidas as ações adotadas pelo Gabinete e definidas as medidas que serão executadas. O Gabinete é composto pelas secretarias de Saúde, Educação, Limpeza Urbana, Infraestrutura, Segurança Cidadã, Causa Animal, Desenvolvimento Sustentável, Habitação e Departamento de Transporte e Trânsito.
A Secretaria de Educação de Maceió vai disponibilizar escolas para que as famílias que precisam ser realocadas sejam acolhidas. Os espaços serão comandados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar que vai disponibilizar alimentação, cestas básicas, kits de limpeza, kits de higiene pessoal, entre outros.
Também serão disponibilizadas rações para cães e gatos, leitos em unidades de saúde, equipes de limpeza urbana, viaturas da Guarda Municipal e do Transporte e Trânsito.
O funcionamento do Gabinete de Crise será permanente no sentido de monitorar a área afetada pela tragédia e tomar todas as providências para salvar vidas. Todos os dias, o Gabinete de Crise irá manter comunicação direta com a população e a imprensa de Maceió, publicando boletins atualizados sobre o assunto.
Crise
O Gabinete de Crise, criado emergencialmente ontem, pelo prefeito JHC, para acompanhar o agravamento dos tremores de terra e o risco iminente de colapso da mina 18, da Braskem, no bairro do Mutange, em Maceió, comunicou, oficialmente, os órgãos de controle e de segurança sobre o perigo do desastre.
O ofício foi encaminhado à força-tarefa dos bairros afundados, composta por representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MP/AL), Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DP/AL), além dos comandos da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL), Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Equatorial Energia Alagoas e Algás.
O funcionamento do Gabinete de Crise será permanente no sentido de monitorar a área afetada pela tragédia e tomar todas as providências para salvar vidas. Todos os dias o Gabinete de Crise irá manter comunicação direta com a população e a imprensa de Maceió, publicando boletins atualizados sobre o assunto.
Movimento Unificado das Vítimas da Braskem critica Defesa Civil Municipal
O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) divulgou um posicionamento, nas mídias sociais, demonstrando preocupação com o risco de colapso das minas de sal-gema que estão sendo tamponada na unidade da mineradora, no Mutange. O alerta foi feito pela Defesa Civil Municipal, que mandou isolar a área nas proximidades do antigo campo de CSA e orientou a população a evitar a região de Bebedouro.
“A Defesa Civil busca minimizar a gravidade da situação dizendo que está registrando e monitorando, que os sismos são de pequena magnitude que não é motivo de pânico e preocupação para a população. Mas a Defesa Civil só admitiu a ocorrência dos últimos tremores no Pinheiro depois das declarações do Sindicato mostrando os registros sismológicos feitos pela Universidade de Brasília”, afirmou Neirevane Nunes, coordenadora no MUVB.
NOTA DO MPF
O Ministério Público Federal foi informado no início da tarde sobre a possibilidade da ocorrência de dolinamento na região da lagoa.
Nesta ocasião, recomendou a intensificação de todas as medidas de proteção das pessoas e de comunicação à sociedade, inclusive, com a publicação de alertas.
Neste momento, reforça a necessidade de serem seguidas de forma irrestrita as orientações da Defesa Civil de não trafegar nas proximidades e não adentrar na lagoa.
O Ministério Público Federal segue monitorando a situação e adotando todas as medidas necessárias perante o poder público e a Braskem.
Nota da BRASKEM
“A Braskem informa que, em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento, paralisou suas atividades na Área de Resguardo.
Tais registros estão concentrados em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Av. Major Cícero de Goes Monteiro.
A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil. Essa é uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência.
A Braskem segue acompanhando de forma ininterrupta os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil Municipal.”
Mais lidas
-
1Apenas 15 anos
Corpo do filho do cantor J Neto é encontrado na cozinha
-
2Confira
Consciência Negra: veja o que abre e fecha em Alagoas nesta quarta-feira (20)
-
3Marechal Deodoro
Ausência do superintendente da Codevasf gera indignação em reunião sobre projetos envolvendo mel e própolis vermelha
-
4Consciência Negra
Jorge Aragão anima noite de sexta no Vamos Subir a Serra na Orla de Maceió
-
5É hoje!
Quem saí de 'Fazenda 16'? Enquete mostra qual peão deve ser eliminado. Veja parcial