Cidades
Moradores do Flexal temem derrubada de barracos
Comunidade vive situação de ilhamento socioeconômico, não quer revitalização e pede realocação
Os moradores do Flexal de Baixo estão temerosos com a derrubada de imóveis localizados no entorno da Lagoa Mundaú para a implementação do projeto de reurbanização dos Flexais, que vivem hoje uma situação de ilhamento socioeconômico provocado pela atividade da mineradora Braskem. Segundo o líder comunitário dos Flexais, Antônio Domingos, o Sassá, eles não querem revitalização, mas sim realocação.
“É mais um crime que a Prefeitura, junto com a Braskem, está cometendo, porque aqui é onde o pescador quando vem da pesca, guarda a rede, guarda os freezers, motores. Eles querem demolir para construir o que eles querem, como está no projeto, e para mim esse projeto não vai à frente porque não tem como. Eles estão apresentando esse projeto para a comunidade e isso aqui no papel é bonito, mas na prática não vai acontecer. A gente aqui não tem mais vida”, afirmou.
Para o líder comunitário, o isolamento é pior do que o afundamento. “Quem já saiu do afundamento está vivendo sua vida e quem está no isolamento vai permanecer isolado. Por mais que coloque aqui, eu vou dizer na linguagem do matuto, ouro em pó, a gente vai permanecer no isolamento. Não somos a favor da revitalização porque não traz a nossa dignidade, não traz o valor da nossa residência, não tem mais. Vão demolir essas casas para construir um Centro Pesqueiro, mas é área da Marinha. Como a Prefeitura vai construir? Vai derrubar a mata, que é Área de Preservação Permanente? O Meio Ambiente não vai liberar. Aqui em Bebedouro, só temos 20 pescadores. Eram mais de três mil, mas atualmente só tem 20, porque o resto já foi realocado”, ponderou.
No Flexal de Cima, imóveis estão sendo demolidos para a construção de órgãos públicos, segundo o morador Valdemir Alves. “Eles estão demolindo residências de pessoas que já foram realocadas, dizendo que é para construção de órgãos públicos, mas no acordo que fizeram diz que não pode construir em lugar que foi realocado. Então, estão atropelando cada vez mais as leis”, afirmou.
Alves também considera o projeto inviável para a população dos Flexais. “Eles querem demolir, fazer um projeto que estão obrigando a gente a aceitar, que não tem viabilidade para a gente porque o bairro perdeu o poder econômico. Quando você tem poder econômico no bairro, você mora porque a sua casa, a qualquer momento, você vende e alguém compra. Ninguém quer morar aqui mais, temos os nossos imóveis que ninguém compra, ninguém consegue vender o imóvel aqui”, disse.
De acordo com o morador, a Justiça é conivente com a Braskem. “Ela defende o criminoso, que é a Braskem, que está empurrando com a barriga todas as ações. Todo acordo que se faz, que fica em segredo de justiça, a população perde com isso e eles não se preocupam com a comunidade. Defende a Braskem nos crimes que ela comete fazendo os acordos injustos como aqui nos Flexais, onde não temos direito”, completou.
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