Cidades
Nanismo recebe atenção, mas sofre com discriminação
Maceió é primeira cidade do Nordeste a sediar encontro nacional com famílias e especialistas para discutir a questão
As pessoas com nanismo costumam sofrer com preconceito e bullying por causa da altura. “São sempre vistas pejorativamente, sofrem com preconceito, são motivos de sarro, piada e tudo mais. Eu venho de uma família que o meu pai tem nanismo e hoje eu sou advogada, então busco lutar por direitos para o empoderamento das pessoas e mostrar que a gente consegue realizar os nossos sonhos, que a nossa altura não limita. O que limita são as pessoas, que às vezes não propiciam um ambiente acessível”, afirmou a advogada Paula Lima, que tem nanismo e faz parte do movimento Nanismo Brasil.
Para combater essa discriminação e trazer esclarecimentos sobre o nanismo, o Instituto Nacional de Nanismo (INN) tem realizado, anualmente, o Encontro Nacional de Nanismo, que conta com palestras sobre saúde, comorbidades, pontos de atenção e tratamentos disponíveis. O encontro deste ano acontece em Maceió, entre os dias 12 e 14 deste mês.
“Eu busco representatividade positiva porque a gente sabe que a mídia em si não traz uma visibilidade positiva. Então, eu penso que precisamos estar no lugar de fala e nada é sobre nós sem nós. Se eu não tiver uma postura diante disso, eu não consigo que as outras pessoas, as pessoas da nossa comunidade, vejam e acreditem no seu sonho, no seu potencial. Geralmente as famílias não têm acesso à informação. E nós fazemos esse evento para acolher as famílias, dar um direcionamento porque as mães chegam aqui perdidinhas, infelizmente”, disse Lima.
Segundo a presidente do INN, Juliana Yamin, não existem dados sobre nanismo, nenhum tipo de senso municipal, estadual ou nacional, mas, o evento em Maceió contou com uma grande quantidade de inscritos.
“Os primeiros quatro anos fizemos em Goiás, porque somos de lá e, desde o ano passado, resolvemos que os eventos precisam ser itinerantes para oportunizar para famílias de outras regiões a participação. Então, ano passado, nós fizemos no Sul do país, em Santa Catarina, e esse ano nós estamos fazendo pela primeira vez no Nordeste”, afirmou.
A artesã Karine Omena é mãe do Enzo, de 7 anos, que tem nanismo e achou de extrema importância, principalmente, para as crianças. “Além de se reunir, se encontrar, conhecer outras famílias, outras histórias, para as crianças é fundamental porque elas se sentem acolhidas, se identificam, se veem iguais, sem preconceito, sem olhares. Qualquer casal pode ter um filho com nanismo e foi assim que aconteceu na minha família”, disse.
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