Cidades

Abrigos só atendem 15% de moradores de rua em Maceió

Atualmente, são mais de quatro mil pessoas em situação de rua na capital alagoana e equipamentos abrigam apenas 500

Por Tribuna Independente 07/10/2023 09h15
Abrigos só atendem 15% de moradores de rua em Maceió
Um dos abrigos, localizado no bairro do Jaraguá, recebe população em situação de rua em Maceió - Foto: Edilson Omena

Maceió conta apenas com três equipamentos públicos que oferecem acolhimento à população em situação de rua. De acordo com o coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Alagoas (MNPR/AL), Rafael Machado, atualmente, são mais de quatro mil pessoas em situação de rua na capital e os equipamentos atendem apenas 500 pessoas.

“Seria interessante mais cinco abrigos, mas o que queremos mesmo é moradia e trabalho. Os abrigos oferecem alimentação, banho e dormida 24 horas, mas, na verdade, a população em situação de rua precisa ter autonomia, ter casa própria. Os abrigos têm mantido as pessoas na

mesma perspectiva, acomodadas. A falta de emprego e de moradia própria é gritante. Precisamos de políticas públicas afirmativas”, afirmou.

O coordenador do movimento destaca que são mais de 4 mil pessoas em situação de rua somente em Maceió. “Não temos dados concretos, temos dados de atendimento. Apontamos mais de 4 mil pessoas porque só o Centro Pop 1, no Jaraguá, atende 3.885 pessoas. São mais de 4 mil na capital, sem contar Arapiraca e Palmeira dos Índios”, disse.

Para Machado, é fundamental que haja, além da contagem da população em situação, um diagnóstico dessa população. “A gente não precisa só saber quantas pessoas vivem na rua, precisamos saber por que essas pessoas foram para a rua e quais são as políticas que podem reinserir essas pessoas à sociedade”, destacou.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar (Semdes), a pasta possui a Unidade de Acolhimento Institucional Manoel Coelho e a Casa de Passagem Familiar que oferecem acolhimento à população em situação de rua da capital alagoana em situação de vulnerabilidade social, proporcionando os direitos básicos ao cidadão, além de um convênio com a Associação Católica São Vicente de Paulo, conhecida como Casa de Ranquines, para a realização de ações socioassistenciais voltadas para a população em situação de rua.

Nesses abrigos são oferecidos estadia, alimentação digna, cuidados de higiene pessoal, lavanderia, avaliação das condições de saúde, e atendimento psicossocial, além de encaminhamento para inserção em programas sociais.

Ainda de acordo com a Semdes, existem equipes de Abordagem Social, que fazem busca ativa nas ruas da cidade de domingo a domingo, além de três Centros de Referência Especializado para a População de Rua, que funcionam de domingo a domingo.

Nestes espaços, as pessoas em situação de rua se alimentam, recebem orientações socioassistenciais e são encaminhadas para unidades de acolhimento, para emissão de documentos, programas habitacionais, tratamento de dependência química, apoio psicossocial, cursos de formação, entre outros serviços.

Mercado de trabalho


A Prefeitura de Maceió anunciou, ontem, que pessoas em situação de rua, assistidas pelos Centros de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centros Pops) da Capital, participarão de um projeto de inclusão no mercado de trabalho por meio de uma parceria entre a Semdes e o Sine Maceió.

Segundo a coordenadora-geral dos Centros Pops, Darlany Vieira, a parceria com o Sine é de vital importância, pois será ofertado aos assistidos pelos equipamentos da Semdes, a oportunidade da entrevista de emprego, acompanhamento, até a efetivação da vaga no mercado de trabalho. “A parceria é uma tentativa também de oportunizar o processo de saída da vivência nas ruas”, explicou.

Os usuários dos Centros Pops serão cadastrados e encaminhados para a seleção das vagas de empregos disponíveis.