Cidades

Morador de rua é ignorado em debate de violência

Coordenador diz que movimento foi silenciado mais uma vez e autoridades precisam acabar com conservadorismo

Por Tribuna Independente 27/09/2023 08h03
Morador de rua é ignorado em  debate de violência
Moradores de rua vêm sofrendo atos de violência nos últimos dias em Alagoas, inclusive com mortes - Foto: Edilson Omena

Entidades diretamente ligadas à segurança e bem-estar das pessoas em situação de rua estiveram reunidas sem a presença de representantes do Movimento Nacional da População de Rua em Alagoas (MNPR/AL), na segunda-feira (25). A reunião foi mediada pelo presidente em exercício do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), desembargador Klever Rego Loureiro, e pelo corregedor regional eleitoral, desembargador Carlos Cavalcanti de Albuquerque Filho.

“Fomos convidados, mas, por não termos como nos locomover para o TRE, chegamos atrasados e não fomos esperados. Por causa da dificuldade de conseguir um carro para trazer pessoas em situação de rua que fazem parte da coordenação do movimento, mais uma vez, silenciam a nossa voz. A gente só viu a fala de higienista do presidente do TRE, chamando a população de rua de drogados, pessoas doentes e muitas outras coisas”, afirmou o coordenador do MNPR/AL, Rafael Machado da Silva.

Segundo Machado, essa não é a primeira reunião que acontece sem a presença do movimento. “Precisamos tirar esse conservadorismo de algumas instituições que desconhecem a população em situação de rua, que acham que por ter o conhecimento do poder podem silenciar um grupo organizado. Já existem vários tipos de reuniões que estão sendo realizadas e não trazem a população em situação de rua como autor e protagonista dessa história. Não iremos vir mais, mesmo que o próprio Tribunal nos convoque, só conversaremos oficialmente com a presença do Conselho Nacional de Justiça e do próprio Comitê Nacional PopRuaJud para capacitar e formar essas pessoas que não têm conhecimento, que nunca dormiram em um papelão e não sabem o que é estar em vulnerabilidade social”, disse.

O coordenador do movimento ressalta que mais uma vez o movimento foi silenciado. “Precisamos trazer e deixar claro que não estão lidando com pessoas que tem carro e disponibilidade de transporte 24 horas, não temos motorista à nossa disposição. Fica aqui o meu repúdio do TRE que, mais uma vez, tenta silenciar a voz da população em situação de rua”, destacou Machado.