Cidades

Denúncia: atraso em entrega de residencial no Antares

Obras deveriam ter sido concluídas em outubro de 2021, conforme consta no contrato assinado com a Caixa Econômica, dizem moradores

Por Ricardo Rodrigues - colaborador com Tribuna Independente 22/08/2023 10h23
Denúncia: atraso em entrega de residencial no Antares
Obras deveriam ter sido concluídas em outubro de 2021, conforme consta no contrato assinado com a Caixa Econômica, dizem moradores - Foto: Edilson Omena

No Dia da Habitação, celebrado ontem (21/8), os mutuários da Caixa Econômica Federal que compraram imóveis no Residencial Eco Vivence, no Antares, parte alta de Maceió, denunciam a Fábbrica Construções de calote na entrega dos apartamentos. Segundo eles, as obras começaram em 2019, com investimentos de R$ 23,4 milhões, mas até agora nenhuma das 192 unidades foi entregue.

Os atrasos se intensificaram de 2022 para cá, depois que a construtora Sauer, responsável inicial pelas obras do conjunto habitacional, passou o empreendimento para a Fábbrica Construções, cuja dona era sócia e esposa do dono da Sauer. A partir daí começou a confusão, o jogo de empurra e a falta de consideração.

“As obras estavam para ser concluídas em outubro de 2021, conforme consta na placa do empreendimento e no contrato que assinamos com a Caixa. Mas, até agora, quase dois anos depois, a construtora não entregou os apartamentos”, afirmou o microempreendedor Lucas Felipe. “Eu gastei R$ 7 mil, só de entrada Contando com as taxas da obra, já gastei mais de R$ 10 mil com esse imóvel”, acrescentou.

“Fui uns dos primeiros a comprar apartamento no Residencial Eco Vivence. Desde 2010 que comprei esse empreendimento, pensei que estava fazendo um bom negócio, mas virou dor de cabeça, de uns tempos para cá. É muito triste. A casa própria é um sonho, mas às vezes vira pesadelo”, afirmou Eraldo Junior. “Estou enfrentando isso, há quase dois anos, sem uma reposta da Caixa ou da construtora”, acrescentou o mutuário.

Ele disse também que continua pagando aluguel, quando essa obrigação seria da construtora Sauer/Fábbrica, conforme consta no contrato. “Porque eles disseram que iam pagar o aluguel da gente, se o imóvel não fosse entregue no prazo, mas até agora nada da parte deles”, reclamou.

Eraldo comentou que vários clientes do empreendimento já ligaram a empresa (“se o senhor quiser, eu mando o contato da dona também da construtora”), mas as desculpas são as mesas. “Isso quando atendem. É hoje, amanhã, é depois, e nada. Não resolvem nada e veem sempre com mentiras”, completou.

AÇÃO JUDICIAL

De acordo com o advogado Rodrigo Ruy, que defende cerca de 70% dos mutuários do Residencial Eco Vivence, a empresa trocou de sócio e depois disso não deu mais sequência nas obras, deixando os compradores sem outra alternativa senão recorrerem à Justiça para buscar seus direitos.

“As ações foram judicializadas e estão em fase de intimação das partes”, afirmou o advogado. “Agrava-se o caso, uma vez que a construtora não dá prazo de entrega e estão sem sede física para que os mutuários se reportem”, acrescentou.

Segundo Rodrigo Ruy, o endereço da construtora já mudou várias vezes, por isso a Justiça tem encontrado dificuldade até para notificar a dona do empreendimento, a ex-sócia e ex-esposa do dono da Construtora Sauer.

Para o advogado, há um certo jogo de empurra, entre a dona da construtora e o antigo responsável pelo empreendimento, isso vem deixando os mutuários cada vez mais preocupados.

Empresa responsável alega dificuldades com seus fornecedores

A Construtora Sauer recebeu da Caixa cerca de R$ 23,4 milhões para entregar 192 apartamentos em 2021, mas os sócios da empresa se divorciaram e o empreendimento ficou com a Fábbrica Construções, da ex-esposa do dono da Sauer. Acontece que essa empresa não tem sede fixa e a Justiça está sem ter como notificar a dona do empreendimento, como isso os moradores estão com receio de calote.

Apesar dessa possibilidade existir, o advogado Rodrigo Ruy acredita na força da ação judicial, além do seguro que que os mutuários pagaram, para evitar prejuízos. No entanto, a luta está apenas começando, até porque não realizada nem a audiência de instrução.

Outra garantia que a defesa dos mutuários conta é o fato do empreendimento ter sido financiado pela Caixa, e como tal a instituição financeira tem corresponsabilidade pela entrada dos apartamentos.

OUTRO LADO

A Tribuna Independente procurou ouvir a Fábbrica Construções, por meio do celular da empresa, no horário comercial, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Enviou um e-mail para o endereço eletrônico cobrança@fabbricacoonstruções.com.br, mas também não teve resposta.

De acordo com o número do celular (82) 9911-1326, a sede da empresa é na Avenida Deputada Selma Bandeira, 824, Antares, Maceió (AL), CEP: 57.983-060, mas não tinha ninguém lá, na tarde de ontem.

Em ofício dirigido aos mutuários, a Fábbrica Construções alegou dificuldade com fornecedores para dar continuidade nas obras do conjunto habitacional e se escorou na Caixa para garantir a entrega dos apartamentos.

“Por este motivo, o Empreendimento Residencial Eco Vivence, que segue em fase final de construção, será devidamente entregue muito em breve, ainda mais, por ser uma obra garantida pela Caixa Econômica Federal”, afirmou a empresa, no ofício.

“Entretanto, para finalização da obra, são necessários alguns materiais, os quais estamos aguardando receber dentro de alguns dias”, acrescentou, prometendo pagar os valores referentes aos aluguéis atrasados e cobrir os eventuais prejuízos que os mutuários tiveram.