Matéria veiculada nesta sexta-feira (11) pelo Bom Dia Brasil, da Globo, mostra manipulação eleitoral no processo sucessório nos conselhos regionais de medicina de todo o país, com participações das comissões eleitorais e diretorias regionais da entidade. Segundo a reportagem, a situação ocorre em pelo menos 20 estados.

Também em Alagoas sobram denúncias de parcialidade na eleição da nova diretoria do Conselho Regional de Medicina (Cremal). Há uma infinidade de queixas contra a atuação da comissão eleitoral e da atual direção da entidade, que tem vários diretores integrando a chapa 1 (Evoluir com Ética e Responsabilidade), da situação.

Um dos casos que é alvo de muita discussão nas redes sociais e bastidores de hospitais e clínicas no estado está relacionado a perda de prazo da chapa da situação para formalizar sua inscrição. Integrantes da chapa 2 (Renova Cremal), de oposição, denunciam que no último dia para inscrição de chapas os integrantes da Chapa 1 perceberam, poucos minutos antes do final do prazo (18h), que a documentação que apresentaram estava incompleta e somente muitas horas após o fim do prazo apresentaram a complementação – o que teria, portanto, ocorrido fora do prazo.

A Chapa Renova Cremal acusa infringência das normas eleitorais estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o próprio Cremal e parcialidade das comissões eleitorais local e nacional no caso. Consta que a diretoria do conselho e a comissão eleitoral fizeram “vistas grossas” e mantiveram a inscrição, mesmo sem a documentação completa, até a chegada do restantes da documentação muitas horas depois. Recurso feito à comissão eleitoral nacional foi indeferido, embora ela próprio tenha reconhecido veracidade da denúncia.

Um membro da oposição levantou um questionamento sobre a decisão: “será que seria a mesma se ocorresse com a Chapa Renova Cremal?”

Outra acusação de parcialidade e aparelhamento do Cremal envolve recente decisão da comissão eleitoral que dá “direito de resposta” à Chapa 1 nas redes sociais em relação a críticas que o médico Fábio Castanheira, da Chapa Renova Cremal, fez a administrações passadas da entidade.

Embora as criticas tenham sido direcionadas a diretorias anteriores à própria gestão atual, a comissão eleitoral concedeu “direito de resposta” à Chapa 1 alegando que alguns dirigentes de outrora concorrem novamente a cargos diretivos no conselho e por isso teriam sido “injustamente atingidos”. Essa questão está sendo judicializada pela Chapa Renova Cremal.

Situação considerada surreal até por médicos distantes do processo eleitoral é relacionada a punição imposta pela comissão eleitoral contra a chapa de oposição por um de seus membros ter feito referência ao negacionismo (relacionado à Covid-19 e vacinas) de vários integrantes da Chapa 1. No entendimento da comissão, eles foram “ofendidos”.

Embora circule nas redes sociais diversos depoimentos desses médicos com manifestação contrária ao isolamento social como uma das medidas de combate ao contágio do vírus durante a pandemia, fazendo defesa sistemática do uso de cloroquina contra a doença e questionando as vacinas – vários vídeos com os depoimentos foram acostado à documentação de defesa - a comissão eleitoral manteve a decisão de mandar a Chapa Renova Cremal desdizer o que está nos vídeos e circula na internet para quem quiser ver.

Ainda assim a oposição acredita que a categoria apoiará a renovação do Cremal, que vem sendo dirigido pelo mesmo grupo, com vários integrantes de movimentos conservadores e de atuação ideológica há quase 40 anos. Inclusive, durante esse período jamais houve mais de uma chapa nas eleições de renovação da diretoria.

Integrantes da chapa da situação negam em suas manifestações em redes sociais as acusações e dizem que a oposição e seus seguidores estão “desesperados”. Nenhuma das denúncias, no entanto, foi ainda plenamente esclarecida e tampouco houve posicionamento da diretoria do conselho em relação à matéria nacional veiculada na manhã desta sexta-feira (11) pelo Bom Dia Brasil, da Rede Globo.