Cidades

Alagoas já registrou 19 mortes de pessoas em situação de rua este ano

Total é superior ao contabilizado durante todo o ano passado

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 04/08/2023 14h10 - Atualizado em 04/08/2023 14h22
Alagoas já registrou 19 mortes de pessoas em situação de rua este ano
Dados são do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Alagoas - Foto: Edilson Omena

O número de mortes de pessoas em situação de rua em 2023 já ultrapassou o total registrado em todo o ano passado em Alagoas. Segundo o Movimento Nacional de População de Rua em Alagoas (MNPR/AL), foram 19 mortes até a quarta-feira (3), contra 17 no ano anterior.

Para o coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua em Alagoas, Rafael Machado, a violência contra esse público é preocupante e faltam políticas públicas assistenciais.

“Precisamos combater essa violência. Alagoas é o terceiro estado onde mais mata população em situação de rua e Maceió é a terceira capital. Estamos cobrando da Polícia Civil a elucidação desses casos que, às vezes, acontecem por maldade”, afirmou.

Duas das mortes mais recentes estão sendo investigadas pela Polícia Civil. Uma delas foi registrada no bairro do Farol, onde um homem em situação de rua morreu após sofrer um ferimento no tórax. A outra foi no Centro de Maceió, onde um outro homem foi morto a facadas.

Segundo a delegada Talita Aquino, algumas imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos próximos já foram coletadas e estão sendo analisadas, e estão realizando buscas por pessoas que estavam próximas e, possivelmente, presenciaram o crime que aconteceu no Centro.

Já em relação ao caso registrado no bairro do Farol, a polícia está em diligência para coletar imagens e aguardando a entrega do material por parte de alguns estabelecimentos.

De acordo com o secretário-geral da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), Arthur Lira, o dado é subnotificado e não revela a totalidade dos casos reais.

“É uma problemática histórica em todo o país. A decisão recente do ministro do Supremo Alexandre de Moraes aponta justamente essa dificuldade e pede uma perspectiva de censo, dando o prazo de 120 dias para que a união, os estados e municípios quantifiquem esse número. A OAB vai muito pelos casos que chegam, que geralmente coincidem com os casos do movimento e esses dados não são fidedignos porque não temos competência de definir se um caso de fato era de pessoa em situação de rua e também não temos como monitorar tudo porque falta o sistema, faltam certas situações que envolvem a Segurança Pública do estado”, explicou Lira.

Movimento fará mobilização contra violência

Nos dias 18 e 19 de agosto, o Movimento Nacional de População de Rua em Alagoas (MNPR/AL) fará atos para cobrar mais esforços do poder público. No primeiro dia, o ato será realizado na Praça Marcílio Dias, no bairro do Jaraguá, às 9h. Já no segundo dia, o ato acontecerá na Praça Marechal Deodoro, no Centro de Maceió, também às 9h.

O dia 19 de agosto é a data instituída para o Dia Nacional da Luta da População em Situação de Rua, em memória ao acontecimento conhecido como “Massacre da Sé”, em 2004, no qual sete pessoas foram assassinadas e oito ficaram gravemente feridas enquanto dormiam na região da Praça da Sé, capital paulista.

O “Massacre da Sé” desencadeou o início da mobilização de grupos da população em situação de rua para construir o Movimento Nacional da População de Rua, em uma contínua luta pela garantia de direitos.

Busca ativa com população em situação de rua em Maceió

Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar (SEMDES), ações já são desenvolvidas com a população em situação de rua na capital alagoana. A SEMDES realiza busca ativa de pessoas que utilizam espaços públicos como forma de moradia e sobrevivência. Na abordagem, os usuários são orientados sobre os riscos pessoais e sociais de estarem nas ruas.

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