Cidades

Falar de autismo é importante para manter a conscientização da população

Por Claudio Bulgarelli - Sucursal Região Norte com Tribuna Hoje 19/07/2023 13h46
Falar de autismo é importante para manter a conscientização da população
Cláudia e Daniel - Foto: Cortesia

O autismo, atualmente chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição caracterizada por comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento repetitivos. Os sinais do TEA começam na primeira infância e persistem na adolescência e na vida adulta. A condição acomete cerca de 1 a 2% da população mundial, com maior prevalência no sexo masculino. O mês de abril, conhecido como Abril Azul, foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de conscientizar a população sobre o autismo, envolver a comunidade, trazer visibilidade e buscar uma sociedade mais consciente, menos preconceituosa e mais inclusiva.

E é nesse sentido que muitas mães de autistas continuam sua luta durante todo o ano. Uma dessas mães, uma das mais engajadas pela causa, é Claudia Nicácio, dentista bastante conhecida, que já foi uma das modelos mais famosas de Alagoas nos anos 90, que aponta muitas lacunas ainda existentes. Para ela o grande entrave é com relação ao acesso às terapias (o que lhes possibilitaria uma evolução mais adequada e mais digna), já que muitos precisam recorrer a defensoria pública, mesmo hoje sendo mais célere nos processos, ainda é muito distante do necessário. ``Muitos ainda estão sem a inclusão escolar. Vemos a rede tentar se articular mas ainda falta muito envolvimento, capacitação e organização para que a inclusão seja efetiva´´, afirma a profissional.

Para Cláudia, que teve o filho diagnosticado em uma época onde pouco se falava sobre o autismo, era difícil encontrar profissionais capacitados para o diagnóstico e, principalmente, para o acompanhamento nas terapias. Ela teve que recorrer a todo o acompanhamento de forma particular, mesmo tendo plano de saúde. Atualmente ela acompanha diversos grupos de pais de autistas e percebe a demanda crescente de clínicas com profissionais capacitados. E assim se pode ver um aumento do número de indivíduos com autismo, tanto crianças como diagnóstico tardio em adultos.

Mas ela sinaliza que algumas conquistas aconteceram, como melhor diagnóstico, novas clínicas, mas a maioria em atendimento particular, a carteira de identidade com sinalização do autismo, vagas em estacionamento, muitas empresas liberando acesso gratuito ou meia entrada para autistas, vários órgãos se envolvendo em campanhas informativas. Mas, segundo ela, ainda falta muito. ``O autismo está aqui, ao nosso lado. Na casa do vizinho, na escola de nosso filho, em nossa casa. Que cada um procure conhecer para poder entender o autismo. O autismo não é doença. Que um dia possamos ser mais acolhedores e tolerantes uns com os outros´´, finaliza Claudia Nicácio.