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No Dia Mundial da Bicicleta, ciclistas destacam escassez de ciclovias em Maceió

Segundo o presidente da Associação Alagoana de Ciclismo, capital alagoana tem apenas 7% da infraestrutura cicloviária que necessita

Por Luciana Beder – Colaboradora / Tribuna Independente 03/06/2023 08h15 - Atualizado em 03/06/2023 09h07
No Dia Mundial da Bicicleta, ciclistas destacam escassez de ciclovias em Maceió
Para o frentista Ivaldo Romualdo da Silva, a bicicleta ainda não se transformou numa opção de transporte porque malha viária da cidade ainda é tímida - Foto: Edilson Omena

Neste sábado (3), comemora-se o Dia Mundial da Bicicleta, mas os maceioenses que utilizam a bicicleta como meio de transporte por várias razões – entre elas o baixo custo e o bem-estar proporcionado – esperam a melhora da acessibilidade, segurança e infraestrutura para ciclistas na capital alagoana.

Quem utiliza, diariamente, a bicicleta como meio de transporte reclama da falta de segurança e respeito aos ciclistas e afirma acreditar que a bicicleta não se transformou numa opção de transporte para mais pessoas porque a cidade ainda oferece uma malha cicloviária muito tímida, como é o caso do frentista Ivaldo Romualdo da Silva.

“Moro no Canaã e trabalho no Jaraguá, são 25 minutos descendo e 35 minutos subindo por causa da ladeira. Antes eu andava de ônibus, mas é tudo cheio, principalmente, logo cedo. Juntou a economia no financeiro com os benefícios para a saúde, aí comecei a utilizar a bicicleta. Bicicleta é meu meio de transporte, uso para tudo, mas tem que ter cuidado, principalmente, quando não tem a ciclovia por causa dos carros. Quando a ciclovia termina, temos que enfrentar os carros. É perigoso, mas, infelizmente, temos que enfrentar. O ideal seria que toda a cidade tivesse ciclofaixa”, contou Silva.

O frentista destacou a ciclovia da Fernandes Lima como um ganho para os ciclistas, mas disse que os pedestres atrapalham bastante. “A ciclovia da Fernandes Lima é boa, mas os pedestres atrapalham muito. É um espaço do ciclista que os pedestres usam para fazer caminhada. É preciso que a população respeite o espaço do ciclista”, afirmou.

O porteiro Silvio Eugênio da Silva também utiliza a bicicleta como meio de transporte diariamente, há mais de 20 anos, mas também considera arriscado. “Desde 2002, uso como meio de transporte por causa da questão financeira e a saúde veio de brinde. Uso para trabalhar, para ir ao mercado, levar o menino para escola, para tudo. A ciclovia da Fernandes Lima melhorou muito, mas tem muitos lugares que não têm espaço para o ciclista como no Tabuleiro, Levada, vários bairros tanto na parte alta quanto na parte baixa. É perigoso. Na avenida Menino Marcelo, por exemplo, eu não frequento”, disse.

O entregador Mateus Lima usa a bicicleta para fazer entregas no bairro do Farol e afirmou sentir falta de uma malha cicloviária maior. “Falta ciclovia e ciclofaixa. Nós acabamos tendo que andar entre os carros, correndo perigo. Graças a Deus, trabalho todos os dias com a bicicleta, uso como meio de transporte pessoal e nunca me acidentei, mas é bastante perigoso”, contou.

O montador Régis Santos utiliza a bicicleta como meio de transporte e também pratica ciclismo, há cerca de 15 anos. Ele destacou a falta de respeito aos ciclistas. “Falta consciência ou implantar isso nas pessoas porque, onde tem ciclovia, as pessoas veem que é uma ciclovia e querem fazer caminhada, andar de mão dada, praticar cooper e complicam a nossa vida. Se vamos para a rua, o pessoal que usa carro fica xingando, não respeita. Então, ficamos nesse impasse”, afirmou.

“Cidade precisa de mais de 800 km em infraestrutura cicloviária”, diz associação

Segundo o presidente da Associação Alagoana de Ciclismo (AAC), Antônio Facchinetti, a cidade precisa de mais de 800km de infraestrutura cicloviária. “Só temos 43 ciclovias e ciclofaixas, ou seja, 7% do que seria necessário. Não temos ciclorotas e nem calçadas compartilhadas, não temos bicicletários e os paraciclos são muito pequenos no tamanho e poucos na quantidade”, afirmou.

Facchinetti falou ainda que houve um pequeno aumento na malha cicloviária, porque ganharam de um lado e perderam de outro. “Na orla lagunar, tínhamos cerca de 9,5km de ciclovias que não temos mais. No Tabuleiro, temos uma ciclovia que não pode mais ser considerada como ciclovia porque a BRK fez uma obra que impossibilitou o uso da ciclovia, que tinha uma extensão de cerca de 2km. Mas estamos ganhando com a ciclofaixa da Siqueira Campos, ciclovia da Fernandes Lima, ciclovia da Rota do Mar e ciclovia da Rota da Lagoa, sendo esta última um ganho parcial, e algumas outras”, explicou.

DATA

O Dia Mundial da Bicicleta foi aprovado em 12 de abril de 2018 como um dia oficial de conscientização sobre os vários benefícios sociais de usar a bicicleta para transporte e lazer da Organização das Nações Unidas (ONU), fazendo parte das ações dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a evolução do antigo Programa dos Objetivos do Milênio.

Os dias mundiais são uma iniciativa da ONU para trazer luz a problemas importantes da humanidade e coordenar esforços para suas soluções ou mitigações. De acordo com a ONU, são ocasiões para educar o público geral sobre questões que demandam atenção e mobilizar a vontade política e os recursos para os problemas globais, além de celebrar e reforçar as conquistas da humanidade.