Cidades

Marinha apreende seis embarcações no Litoral Norte de Alagoas durante inspenção naval

Motos aquáticas estavam sendo conduzidas por pessoas inabilitadas; ação ocorre após acidentes com mortes na Lagoa Mundaú

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente 27/04/2023 09h15 - Atualizado em 27/04/2023 10h59
Marinha apreende seis embarcações no Litoral  Norte de Alagoas durante inspenção naval
Embarcações foram apreendidas durante inspeção entre os dias 20 e 24 deste mês nas praias de Maragogi - Foto: Marinha

A Marinha do Brasil apreendeu seis motos aquáticas que estavam sendo conduzidas por pessoas sem habilitação, durante inspeção naval, nas praias de Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas. A ação aconteceu entre os dias 20 e 24 deste mês, após o registro de dois acidentes com três mortes em menos de dois meses, envolvendo embarcações na Lagoa Mundaú, Litoral Sul alagoano.

Após a apreensão, as motos aquáticas foram encaminhadas para Maceió, para a realização das ações administrativas e resolução das irregularidades.

O acidente mais recente foi registrado neste mês de abril. O servidor público estadual Karllysson Monteiro de Almeida, de 38 anos, estava em uma boia sendo puxado por uma lancha e se chocou em uma das pilastras da ponte Divaldo Suruagy, na Lagoa Mundaú. Ele morreu no dia 15 de abril, após ser levado ao Hospital Geral do Estado (HGE) com fraturas e hemorragia.

Na semana passada, o delegado Lucimerio Campos, gerente de Polícia Judiciária da Região 1 (GPJ 1), informou que a Polícia Civil (PC) abriu investigação para apurar a morte de Karllysson Monteiro de Almeida. Ele disse ainda que já foi designada uma equipe de policiais civis, presidida por um delegado, para investigar o caso.

Um outro acidente entre uma moto aquática e um barco ocorreu no dia 24 de fevereiro deste ano, na Lagoa Mundaú, em Marechal Deodoro, e deixou duas pessoas mortas e uma ferida. As três vítimas, o empresário Joel Sarmento e dois funcionários, José Cícero dos Santos e Benedito dos Santos, estavam pescando na lagoa, quando foram atingidos por uma moto aquática.

O condutor da embarcação, que é policial militar de Pernambuco, foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal de natureza grave.

Moradores da região da Lagoa Mundaú relatam outros acidentes

Segundo os moradores do entorno da Lagoa Mundaú, já foram registrados diversos acidentes em anos anteriores, como o do pescador Osmar Oliveira de Araújo, de 38 anos, no ano de 2016, que foi atingido por um jet ski e morreu após 16 dias de internação no Hospital Geral do Estado (HGE).

“Em agosto de 2015, uma colisão entre dois jet skis, nas imediações da balança do peixe, resultou na morte de Marcelo. Em agosto de 2016, o pescador Osmar foi atingido de forma violenta em sua canoa artesanal por um potente jet ski. O casal que pilotava a moto aquática estava embriagado. Até hoje, a família espera justiça. A mãe do pescador faleceu ano passado sem ver a justiça ser feita. Em dezembro do ano passado, um novo acidente ocorreu na beira da lagoa, perto da balança do peixe do Pontal. Graças a Deus, dessa vez, sem vítima fatal, mas ficaram vários feridos”, contou a líder comunitária do bairro do Pontal, Maria Lígia Minin.

O pedreiro Jorginaldo da Silva disse que, principalmente, durante os finais de semana, as embarcações passam em alta velocidade pela lagoa e reclamou da falta de fiscalização por parte da Marinha.

“Principalmente, nos finais de semana. É um abuso deles, vem luxar, mas esquecem das pessoas que trabalham, que necessitam da pesca. Velocidade topada, não tem limite. É uma fiscalização que, para mim, não existe. Porque fiscalização é aquela que chega e cobra, não se vende”, afirmou.

Para o aposentado Rivanildo Pereira, a Marinha deveria cobrar dos donos de marinas o horário de recolhimento. “O que mais vemos passando sete, oito, nove horas da noite é lancha. Está o pescador com a rede estirada, querendo pegar o peixe dele, a lancha passa e rasga. Eu perdi um primo, teve o acidente do Joel, teve neste final de semana [do servidor público puxado pela boia]. Sabemos que a Marinha não tem bola de cristal nem efetivo suficiente para ficar o dia todo aqui, mas deveria ter uma determinação para as marinas. Final de semana ela vem, mas é uma fiscalização que termina cedo, no horário principal não tem”, disse.

Pereira reclamou também que a maioria das pessoas que andam em moto aquática são proprietárias e não deixam nas marinas. “A maioria das pessoas de jet ski, que é a embarcação que mais está envolvida nos acidentes, são donos do próprio jet ski, não deixam na marina, pagam para descer e pagam paga recolher, colocam no carrinho deles que tem o reboque e vão embora”, contou.