Cidades
Quadrilheiros se preparam para os festejos juninos em Alagoas
Faltam menos de dois meses para festa, mas ensaios para apresentações começaram ainda em setembro

Faltando menos de dois meses para os festejos juninos, os quadrilheiros já estão se preparando para as apresentações. Algumas começaram os ensaios ano passado. É o caso da Luar do Sertão, que iniciou preparação em setembro.
O jornalista Antônio Carlos Souto é integrante da junina Santa Fé, desde a criação, e se considera um apaixonado pela cultura popular e pela magia que esse espetáculo oferece. A quadrilha está ensaiando desde o mês de janeiro.
“Antes, eu era da Luar do Sertão, desde 2009. Aí, em 2016, ingressei na Santa Fé. Todos os anos, iniciamos os ensaios em outubro ou novembro. Mas, neste ano, em específico, começamos em janeiro porque depois da pandemia tivemos problema com questão financeira, muita gente desempregada. Então, estávamos avaliando se a quadrilha teria estrutura para sair neste ano. Aí atrasou um pouco”, contou.
Souto estava afastado das apresentações e está voltando neste ano. “Eu passei três anos somente na produção e voltei a dançar neste ano. Sou cavalheiro. Na quadrilha tem os cavalheiros, as damas, o casal de noivos, a rainha e o acompanhante da rainha. Mas os ensaios estão a todo vapor. Já tivemos, inclusive, nosso Santo Dia, na semana retrasada, que é quando a quadrilha ensaia o dia inteiro e temos o ‘Close Day’, que é um ensaio com todo mundo bem arrumado, já para entrar no clima do São João. No próximo domingo, teremos o nosso Pré-Junino”, contou.
Sobre o Pré-Junino, o quadrilheiro explicou que é uma pré-estreia, onde mostram parte do espetáculo. “É o Santa Festa, onde mostramos cerca de 10 minutos do espetáculo deste ano, já com parte do figurino deste ano, para dar um gostinho para o pessoal e convidamos. Também as outras quadrilhas alagoanas e de fora de Alagoas para também fazer um Pré-Junino, que é mostrar um pedacinho do seu espetáculo. Temos a junina Tradição, de Arapiraca, que vai participar, Dona Matuta, de Pernambuco, e outras quadrilhas. Depois vão ter três bandas de forró e com o dinheiro arrecadado desse evento a gente consegue reverter para a produção do cenário e outras coisas, como o pagamento da banda e dos músicos, o translado de materiais de cenário, iluminação, extintores, fogos e outras coisas”, disse.
Souto contou que o tema deste ano da Santa Fé é Vurdón (carruagem cigana). “Vamos embarcar numa viagem repleta de magia, encanto e mistério à luz da lua. A carruagem cigana é o fio condutor dessa caravana que vai viver num paralelo entre a guerra e a paz, encontros e partidos. Vamos falar sobre a vida, a história num mundo cigano”, afirmou.
De acordo com o quadrilheiro, cada componente da quadrilha paga o seu figurino e não há como reaproveitar o figurino de anos anteriores. “Cada um paga a sua roupa e, durante os meses de ensaio, a quadrilha procura meios para ajudar os integrantes e também arrecadar dinheiro para a produção. Não dá para reaproveitar, porque cada ano tem uma temática diferente, mas podemos usar em um ‘Close Day’, por exemplo, que todo mundo se arruma, usa arranjo no cabelo, um chapéu mais arrumado, uma camisa mais decorada e tal. Então, não dá para reaproveitar no projeto, mas durante o processo de ensaios. Eu, por exemplo, tenho um sapato de 2015 que ainda está bom. Então sempre aproveito para um ensaio específico, mais arrumado ou algo do tipo”, disse.
O ator José Diniz é integrante da Luar do Sertão há quase 10 anos e, neste ano, será o noivo. Ele contou que está se preparando desde setembro do ano passado para a apresentação deste ano e também está muito animado com a proximidade dos festejos juninos. “Estamos ensaiando desde o ano passado. Quando vai chegando mais próximo das apresentações, intensificamos os ensaios. Ano passado, fui o Lampião da quadrilha e, neste ano, assumi o cargo de noivo. Uma responsabilidade gigante representar a quadrilha detentora de mais títulos do Brasil, no cargo mais importante.
Desde 2014, faço parte da Luar e é sempre muito emocionante e satisfatório dançar e participar dos festejos”, afirmou.
Segundo Diniz, os figurinos são por conta dos quadrilheiros, que fazem tudo com amor. “Nós que pagamos as roupas. São roupas muito caras. O casal de matuto da quadrilha gasta em torno de R$ 3 mil. Os destaques, como casal de noivos e rainha, gastam um pouco mais”, disse.
Liga das Quadrilhas Juninas do Estado conta com 47 grupos
De acordo com o presidente da Liga das Quadrilhas Juninas de Alagoas (Liqal), Washington do Nascimento Machado, 47 grupos das cinco regiões do estado têm registro na Liqal. “São 47 grupos, sendo 27 de grupo de acesso e 20 de grupo especial. Existem dois concursos: o do grupo de acesso, onde as seis primeiras colocadas participam de uma final e as quatro primeiras colocadas sobem para o grupo especial e, no caso do especial, vão seis para a final e descem quatro”, explicou.

Machado disse ainda que o Estado e Município devem abrir, em breve, editais de incentivo às quadrilhas juninas, mas que a maior parte dos gastos é das próprias quadrilhas. “Cada quadrilha tem sua independência, cada componente paga o seu figurino, a quadrilha corre para pagar sua banda, sua produção e os recursos que chegam do Estado e do Município são para complemento do que eles gastam durante todo o mês de junho”, afirmou.
TRADIÇÃO
Segundo o professor de história Milton Pedro de Oliveira Filho, a quadrilha junina surgiu na França, especificamente em Paris, no século XVlll, como uma dança de salão composta por quatro casais e era dançada pela elite europeia, chegando ao Brasil durante o período regencial, por volta de 1830.
“Cada região do Brasil tem sua peculiaridade e expressa as diferenças nas tradições juninas. No Norte e Nordeste, há um animado forró programado para acontecer nas ruas. Na atualidade, existem duas categorias de quadrilhas juninas, as tradicionais matutas e as estilizadas. Ambas com sua importância e brilho. A matuta é mais tradicional, já as estilizadas são voltadas para os grandes centros urbanos, com teatro e brilho”, afirmou Milton.
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