Cidades
Número de vítimas de acidentes de moto sobe no 1º trimestre
HGE e HEA realizaram 2.387 atendimentos este ano contra 2.154 no mesmo período do ano passado

O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, e o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, registraram aumento de 11% no número de vítimas de acidentes de moto atendidas no primeiro trimestre deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram 2.387 pacientes atendidos nos dois hospitais entre os meses de janeiro e março de 2023.
O Hospital de Emergência do Agreste concentra o maior número de atendimentos, com 1.839 pacientes vítimas de acidentes de moto. Já o Hospital Geral do Estado atendeu 548 pessoas. No mesmo período do ano passado, foram 1.651 e 503 pacientes vítimas de acidente de moto, respectivamente. No total, foram 2.154 no primeiro trimestre de 2022.
FROTA X ACIDENTES
Segundo o engenheiro de trânsito Antônio Monteiro, o número de acidentes reflete o aumento na frota de motos, que tem crescido em decorrência de diversos fatores.
“Tem os problemas com a questão do transporte público, tem o preço da gasolina muito cara, tem a expansão das atividades informais ligadas à moto e, com isso, o volume de motos cresce e cresce muito. E, quanto mais motos na rua, proporcionalmente, aumenta o número de acidentes, que são causados por outros diversos fatores”, afirmou.
IMPRUDÊNCIA
Monteiro destacou a imperícia, imprudência e desrespeito à legislação de trânsito como os principais fatores causadores de acidentes.
“Temos a imperícia, onde muita gente dirige sem saber pilotar moto, inabilitado mesmo, que não entende de nada e sobe numa moto e acha que começa a pilotar; tem a questão da imprudência, com excesso de velocidade, contramão, sem respeitar sinal vermelho, andando em cima de calçada, andando com três, quatro passageiros em cima da moto; e consumo de bebida alcoólica e o desrespeito à legislação de trânsito que está dentro dessa parte da imprudência. E isso só tem um resultado que é o acidente”, explicou.
FALTA FISCALIZAÇÃO
Para o engenheiro de trânsito, falta fiscalização. “É um problema sério por não ter superintendência municipal de trânsito em muitas cidades, por não ter nenhum tipo de fiscalização. Você tem a questão da falta de CNH [Carteira Nacional de Habilitação], porque poucas pessoas tiram a habilitação por ausência de fiscalização nas cidades do interior. Então, precisa fortemente ampliar a fiscalização nessa parte do inabilitado, precisa ampliar a fiscalização e também dar alternativas de deslocamento a essa população, principalmente, no interior do estado, onde há uma dificuldade por não ter transporte público nas áreas urbanas na grande maioria das cidades”, ressaltou.
Além da falta de fiscalização, Monteiro destacou mais uma vez o respeito às regras de trânsito por parte dos motoristas.
“Precisa o respeito às regras de trânsito, usar o capacete de forma correta, velocidade, a questão de contramão, semáforo. Enfim, diversas situações que precisa ter senso do perigo, do risco que corre e aí agir de forma mais segura. Aí teríamos um trânsito mais seguro. A moto, além de ser um dos meios de transporte mais frágeis porque não tem carenagem para proteger, existe também um excesso de imprudências. Então, é uma soma de fatores que resulta nisso, nesse volume muito grande de acidentes no nosso estado”, finalizou.
Levantamento aponta que negros são a maioria dos acidentados
De acordo com um levantamento realizado a partir do cruzamento de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro motociclistas morrem, diariamente, em acidentes de trânsito no Brasil. Ainda conforme a pesquisa, os motoqueiros negros são as maiores vítimas do trânsito.
Até o início de 2016, as taxas de mortalidade para brancos e negros eram semelhantes: 0,05 e 0,06 para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Nos últimos anos, porém, os números se distanciaram. Para brancos, o índice permaneceu o mesmo, enquanto para negros chegou a 0,08. Em janeiro de 2021, por exemplo, foram 55 mortes de motociclistas brancos (35%) e 102 óbitos de negros (65%).
Além das mortes, entre os anos de 2010 e 2021, as internações de motociclistas negros também dispararam e cresceram 64%.
PROBLEMA ESTRUTURAL
Para o coordenador geral do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, Benedito Jorge Filho, toda a consequência relacionada a vítimas, injustiça e classe, perpassa pela questão de raça e cor. “Na verdade, o problema é estrutural, o nosso povo negro ainda vem herdando os subempregos do descaso e abandono da Lei Áurea”, afirmou.
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