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Leprosário do Francês é o único lazareto em terras alagoanas

Por Claudio Bulgarelli – Sucursal Região Norte com Tribuna Independente 12/04/2023 11h37
Leprosário do Francês é o único lazareto em terras alagoanas
Devido à ação do tempo, restam apenas ruínas do leprosário do Francês; importância histórica pede restauração - Foto: Edilson Omena

Quem visita a praia do Francês, em Marechal Deodoro, uma das mais bonitas do Brasil, quer sejam turistas, que chegam aos milhares todos os anos na alta temporada e mesmo diariamente no esquema de passeio bate e volta, ou alagoanos, em busca de ótimos restaurantes, boas ondas para o surf ou um pouco da vida noturna agitada, muitas vezes nem imagina, que a menos de um quilometro de distância da Vila dos Pescadores, local histórico do nascimento do povoado, fica uma das mais antigas ruínas de Alagoas: o Leprosário do Francês.

O Leprosário, ou Lazareto, que fica em uma área de preservação ambiental, não pode ser visto nem da praia, devido a densa vegetação de restinga e arvores altas e muito menos por quem passa pela AL-101 Sul, em direção à Maceió. O local abandonado, com muita vegetação em seu interior, só tem mesmo as quatro paredes de pedras, já bastante danificadas pela ação do tempo, é um local simbólico, que precisa de restauração urgente e preservação, pela sua importância. Sem placas que indiquem sua localização, e muito menos a sua história, poucos conhecem o Leprosário do Francês.

Sem documentos da época, existem três versões sobre as ruínas. Uma é que os corsários franceses, que já faziam escambo com os índios Caetés, que habitavam todo o Litoral Sul, tinham construído como um grande armazém para esconder o contrabando de pau-brasil no Porto do Francês. Teria recebido o nome de Leprosário com o intuito de afastar os moradores e curiosos do local. Foi daí que nasceu a versão de que os franceses abandonavam seus marinheiros com lepra na construção para morrer, pois não podiam voltar ao Velho Continente com a doença.

A outra versão, menos assustadora, e talvez mais aceitável, é de que a construção teria sido erguida pelos portugueses, aí sim, com o propósito de abrigar pessoas doentes por lepra e outras doenças contagiosas, afastando-as do centro urbano, no caso o povoado de Magdalena do Sumaúma, depois Santa Maria da Madalena das Alagoas do Sul, atual Marechal Deodoro e dos próprios moradores do Porto do Francês. Os portugueses afastavam esses renegados pela sociedade por terem uma doença que era considerada contagiosa e incurável.

Sem nenhuma prova concreta, a 3ª versão, vem de outros historiadores, que acreditavam, que pelo histórico de doenças epidêmicas no Nordeste e pela estrutura de suas paredes, teria sido levantada no século XVIII, quando o local era desértico e não oferecia risco de contágio para os moradores da Vila de Madalena (como era chamado na época). Mas não importa qual das três versões seja verdade, o Leprosário do Francês é o único lazareto de que se tem notícia em terras alagoanas.

Reportagem completa sobre o Leprosário do Francês pode ser vista no Canal do YouTube da Tribuna Hoje, abaixo: