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Fechamento de cemitério em Bebedouro dificulta sepultamentos em Maceió

População leva até três dias para conseguir sepultar seus mortos nos equipamentos públicos da cidade

Por Lucas Maia - colaborador / Tribuna Independente 07/04/2023 08h20 - Atualizado em 08/04/2023 11h02
Fechamento de cemitério em Bebedouro dificulta sepultamentos em Maceió
Cemitério Santo Antônio foi interditado em 2020 e deixou de receber sepultamentos; em 2021 se tornou memorial e só funciona para visitação - Foto: Edilson Omena

A dificuldade com sepultamentos em cemitérios públicos da cidade não é um problema novo, mas, como tantos outros problemas em Maceió, foi agravado após o afundamento do solo causado pela mineradora Braskem em diversos bairros da cidade.

O Cemitério Santo Antônio, em funcionamento no bairro de Bebedouro desde o final do século XIX, acabou sendo fechado em outubro de 2020 e assim permaneceu até outubro de 2021, quando se tornou um memorial, que não recebe mais sepultamentos, mas ao menos permite que a população revisite a memória daqueles que já se foram.

No entanto, os espaços que estariam disponíveis no Santo Antônio acabam fazendo falta para quem busca enterrar um ente querido em um cemitério público de Maceió.

COVAS RASAS

Covas rasas ocupam quase todos os espaços entre as quadras que abrigam os túmulos mais antigos dos cemitérios da Piedade e de São José. O espaço que deveria guardar a memória dos que já se foram, acabaram se tornando depósitos fúnebres com ares de labirinto.

O professor José Balbino, cuja família possui jazigos no cemitério Santo Antônio a mais de 60 anos, decidiu comprar a briga pela dignidade no sepultamento dos mortos. “Infelizmente é um descaso total. Nós estamos vivendo um período muito difícil, até mesmo desesperador, porque nós não temos mais vagas para sepultamento de pessoas sem jazigo próprio em Maceió”, diz.

“Os cemitérios de Maceió estão superlotados. Estavam enterrando o pessoal de Bebedouro, que tinha jazigo, em covas rasas de um cemitério em Ipioca”, diz o professor.

“Sempre que morre alguém de uma família que tem jazigo em Bebedouro, telefonam pra mim. De professor de biologia eu passei a ser agente funerário, porque só do ano passado pra cá já sepultamos vinte ou trinta pessoas. Você sabe quanto tempo tá levando para conseguir uma vaga para sepultar alguém que morre de causas naturais ou qualquer outra causa aqui em Maceió? De dois a três dias!”, denuncia José Balbino.

Central de sepultamentos otimiza tempo das famílias

Procurada, a assessoria de comunicação da mineradora Braskem informou que a empresa continua em diálogo com as autoridades para buscar uma solução conjunta que atenda à comunidade. A mineradora informou ainda que mantém os serviços de monitoramento da estabilidade do terreno, segurança patrimonial e limpeza do local.

Já a Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes), responsável pelos cemitérios de Maceió, reiterou que o Cemitério Santo Antônio atualmente funciona como memorial, tendo visitações controladas entre domingo e quarta-feira, das 8h às 16h.

A superintendência também informa que desde julho de 2021 mantém uma Central de Sepultamento, que funciona “destinando espaços para realização de sepultamento nos sete cemitérios da capital, otimizando tempo das famílias e melhor atendendo a população em um momento tão delicado como o do luto”, afirma.

Esta reportagem ainda questionou a Sudes a respeito da possibilidade de construção de um novo cemitério, que ajudasse a desafogar as demais unidades públicas da cidade, mas até o fechamento do material não obtivemos resposta.