Convocando todos a considerar a fome como referência para reflexão e propósito de conversão, a Campanha da Fraternidade 2023 tem como tema “Fraternidade e Fome” e seu lema bíblico foi extraído de Mateus 14, 16: “Dai-lhe vós mesmo de comer!”.

Ao TH Entrevista, o padre Elison Silva, coordenador da Equipe de Campanhas da Arquidiocese de Maceió explicou que essa é a terceira vez que a Campanha da Fraternidade traz como lema o Combate à Fome.

No Brasil mais de 33,1 milhões de pessoas vivem com insegurança alimentar e em Alagoas quase 50% da população. Para o sacerdote, conhecer esses números, impulsiona a buscar soluções para esse grande flagelo social.

“Alagoas possui números desafiadores e reais, quase 50% da população vive esse drama da fome, há muita gente pedindo, fora aquelas que têm vergonha de pedir, que não fazem as três refeições, por exemplo. Há comunidades em Maceió que só se alimentam porque tem a iniciativa de alguma paróquia ou grupo religioso”, salientou.

Elison Silva destacou que a intenção é que essa reflexão gere em todos, como diz o Papa Francisco, “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais”.

Nessa mesma mensagem, o Papa recorda o convite que Deus faz a trilhar um “caminho de verdadeira e sincera conversão” e que a proposta da Campanha da Fraternidade tem o propósito de animar o povo fiel “nesse itinerário ao encontro do Senhor”, com a proposta de voltar o olhar para os mais necessitados, “afetados pelo flagelo da fome”.

“A Campanha da Fraternidade é o modo brasileiro de celebrar a Quaresma. É a terceira vez que tem a fome como tema. Milhões de brasileiros e brasileiras vivem a triste situação de não ter com que se alimentar ou alimentar seus filhos e filhas. Hoje, 33 milhões de brasileiros enfrentam a fome, vítimas de uma estrutura social e política”, disse.

Ele também lembrou os princípios das primeiras comunidades cristãs, que tinham tudo em comum, partiam o pão, não eram indiferentes. “O pior pecado é a indiferença, falta a sensibilidade ao próximo acerca da necessidade do irmão, que não é só fome física, há muitos que precisam de orientação, conhecimento, fome de Deus, justiça, dignidade, fé e esperança”, mencionou padre Elison.

CAFÉ DA MANHÃ

Uma das iniciativas propostas por Dom Antônio Muniz, Arcebispo de Maceió, para este tempo Quaresmal diz respeito ao café da manhã no Santuário Virgem dos Pobres, na Mangabeiras, em que todos os dias uma equipe de religiosos e leigos oferecem a refeição para os mais necessitados. Além de pequenos cuidados de enfermagem.

A CAMPANHA

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe à Igreja e a todos os homens e mulheres de boa vontade, pela 60ª vez, desde 1964, a Campanha da Fraternidade. No Brasil, a ação é um modo de a igreja celebrar o tempo da Quaresma, com oração, jejum e caridade associado à reflexão e ação sobre um tema específico.

Expressão de comunhão, conversão e partilha, a Campanha desperta o espírito cristão e comunitário na busca do bem comum; educa para a vida em fraternidade e renova a consciência da responsabilidade de todos pela ação evangelizadora, em vista de uma sociedade de irmãos.

A Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade, acontece em todas as comunidades do Brasil, no Domingo de Ramos. Em 2023, a coleta será realizada no dia 2 de abril. Do total arrecadado, as dioceses enviam 40% ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), gerido pela CNBB, ação responsável pelo atendimento a projetos sociais em todo território brasileiro. A outra parte, 60%, permanece nas dioceses para atender projetos locais, pelos respectivos Fundos Diocesanos de Solidariedade (FDS).