Cidades

Cresce procura por restaurantes vegetarianos

Segundo empresários do setor, comida livre de carne ou alimento de origem animal tem atraído cada vez mais adeptos na capital

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 30/09/2022 07h39
Cresce procura por restaurantes vegetarianos
Restaurante na Jatiúca de comida vegetariana e vegana percebe procura por pratos saudáveis aumentar - Foto: Cortesia

O estilo de vida com opções alimentares mais saudáveis tem ganhado cada vez mais adeptos em todo o país. E com o aumento do público vegetariano, a procura por restaurantes voltados para esse público vem crescendo, em Maceió. A gerente de um restaurante na Jatiúca, Daiane Pereira, contou que, cada vez mais, mais pessoas procuram por opções vegetarianas.

“Nós funcionamos há mais de cinco e, desde o começo, adicionamos ao nosso cardápio opções para vegetarianos e veganos, porque a nossa intenção sempre foi atender a todo tipo de cliente. Temos risotos, lasanhas, saladas e vários outros pratos para esses públicos. Cada dia que passa, aumenta a procura por pratos vegetarianos e, como temos muitas opções no nosso cardápio, os clientes acabam voltando”, disse.

O empresário Uriel Diaz trabalha, exclusivamente, com pratos vegetarianos e veganos há quase 10 anos na capital alagoana. Ele disse que muitas pessoas que não são vegetarianas ou veganas se surpreendem com o sabor dos pratos.

“A maioria é até vegano, alguns pratos é que contêm derivados como queijo e ovo. São muitos pratos. Ao longo da semana, cada dia é um cardápio diferente no almoço, com 20 a 30 pratos, fora o cardápio da noite, onde temos pizzas e sanduíches. As pessoas têm muito preconceito, não se permitem provar. Então, se for chamar alguém para um restaurante vegetariano ou vegano, evita falar que é vegetariano ou vegano, fala que é natural porque a pessoa já não cria resistência, chega aqui, prova e gosta. Acontece muito das pessoas se surpreenderem”, afirmou.

Diaz contou que o público vegetariano e vegano tem crescido e o restaurante está agora com cardápio de encomenda para festas. “A gente foi percebendo que existe um público e, cada vez mais, isso vem crescendo e é o futuro porque as pessoas cada vez mais têm esse cuidado com a alimentação e com o meio ambiente. Começamos apenas com almoço, que é o mais tradicional, e agora estamos também com cardápio de encomenda para festas. O pessoal já vem pedindo e vamos adaptando e ampliando mais. Todo ano, fazemos quando é Natal e Ano Novo porque muita gente não quer cozinhar, não sabe ou vai para algum lugar que tem que levar um prato. Agora, estamos ampliando para um cardápio de festa com bolo, doces e salgados”, disse.

Brasil: 14% se dizem herbívoros e pretendem escolher mais produtos veganos

O Dia Mundial do Vegetarianismo é comemorado amanhã, 1º de outubro. A data foi estabelecida em 1977 pela Sociedade Vegetariana Norte Americana visando promover o respeito por todos os que escolhem colocar a carne fora dos seus cardápios. Segundo uma pesquisa de 2018, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) ao Ibope, 14% dos brasileiros se consideram vegetarianos e estão dispostos a escolher mais produtos veganos.

A empresária Alice Mortimer começou a ser vegetariana em 2012, após assistir uma palestra na internet e, quatro anos depois, se tornou vegana. “Comecei vegetariana, mais especificamente ovolactovegetariana. O palestrante falou sobre o que acontece na indústria, aquilo me tocou e foi quando eu decidi parar de comer carne. Olhei para a minha cachorrinha, vi o vídeo dos porquinhos e questionei por que eu comia alguns animais enquanto amava outros”, contou.

Alice Mortimer disse ter considerado difícil se tornar vegana no início, mas, após conhecer outras pessoas veganas, viu que era possível. “Eu achava que era meio difícil virar vegana aqui. Aí teve um encontro na Ufal [Universidade Federal de Alagoas] de pessoas veganas e vi que existiam veganos em Maceió. Isso me incentivou e decidi parar de comer os derivados também. A mesma indústria que mata é a que tira o leite da vaca, então não faz muito sentido você deixar de comer carne e ainda tomar leite e outros derivados que vêm dessa exploração. Aí, em 2016, me tornei vegana. Não muda só a alimentação, o veganismo está atrelado a você parar de consumir produtos que, de modo geral, contêm exploração animal”, afirmou.

Durante a pandemia, Alice Mortimer acabou empreendendo no ramo vegano, ao abrir uma hamburgueria com os amigos. “No início, uns amigos me convidaram para abrir uma lanchonete e pediram para fazer a parte vegana, porque eles iriam fazer sanduíche com carne, mas queriam atender a parte vegana também. Nisso, eu não participava de nada da parte de carne, não entrava, não investia nem nada, só na parte vegana. Até que algumas pessoas decidiram sair e a parte que vendia hambúrguer bovino desistiu e aí a empresa passou a vender apenas hambúrguer vegano”, contou.

A empresária afirmou que, quando se tornou vegetariana, era muito difícil encontrar lugares com comida vegetariana. “Hoje em dia, comer fora de casa não é mais tão difícil como antigamente. Já temos mais opções, mas não é em todo lugar que o pessoal se preocupa em fazer um cardápio bem pensado para os veganos. É importante que, mesmo que não seja exclusivamente vegetariano ou vegano, tenha opções porque às vezes tem uma família em que uns comem carne e outros não”, disse. 

Nutricionista: “é possível adotar dieta sem comprometer saúde”

A nutricionista Isabela Lins explicou que é possível adotar uma dieta vegetariana sem comprometer nenhum aspecto da saúde.

“De fato, quando a pessoa se torna vegetariana, de alguma maneira, ela vai reduzir o consumo de proteína e algumas vitaminas ou minerais que são específicos de alguns nutrientes. Então, tendo uma alimentação bem variada e acompanhamento nutricional pode garantir toda a necessidade nutricional sem fazer suplementação”, afirmou a nutricionista.

Isabela Lins evidenciou ainda as diferenças entre a dieta vegetariana e vegana. “O vegetariano é aquela pessoa que não come nenhum tipo de carne, mas há algumas variações dentro do vegetarianismo como, por exemplo, o ovovegetarianismo que consome ovo, o lactovegetarianismo que consome leite, e o vegetarianismo estrito que não consome nenhum alimento animal ou seus derivados. Já na dieta vegana, é adotado o vegetarianismo estrito, mas também é proibido tudo que cause algum dano aos animais, como cosméticos, roupas e produtos de higiene”, explicou.