Cidades

Alagoas tem a 2ª maior taxa de dengue do Nordeste

São 704,7 casos por 100 mil habitantes; três óbitos por arboviroses foram registrados até julho deste ano

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 05/08/2022 07h04 - Atualizado em 05/08/2022 14h16
Alagoas tem a 2ª maior taxa de dengue do Nordeste
Mosquito Aedes aegypti - Foto: Reprodução

Alagoas tem a segunda maior taxa de incidência (/100 mil hab.) de dengue do Nordeste. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, são 704,7 casos por 100 mil habitantes, perdendo apenas para Rio Grande do Norte, com 981,8 casos por 100 mil habitantes. O Boletim traz o monitoramento dos casos de dengue e chikungunya até a semana epidemiológica (SE) 29 (2/1/2022 a 25/7/2022) e os de zika até a SE 27. Alagoas registrou 23.717 casos de dengue, 5.816 casos de chikungunya e 441 casos de zika.

Dados mais recentes do Sistema de Informação de Notificação de Agravos do Ministério da Saúde (Sinan/MS) mostram que o estado já registrou 29.994 casos de dengue, 7.032 casos de chikungunya e 793 casos de zika, até o mês de julho. Alagoas registrou também três óbitos por arboviroses, sendo dois por dengue e um por chikungunya.

No mesmo período do ano anterior, foram 3.874 casos de dengue, 336 casos de chikungunya e 199 casos de zika, apresentando aumentos de 774,23%, 2092,85% e 398,49%, respectivamente.

As doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – dengue, zika e chikungunya – são consideradas graves e podem levar a óbito, se não forem tratadas corretamente. Segundo a presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Vânia Pires, os casos de arboviroses são confundíveis no início com gripe e coronavírus.

Sintomas como febre, dor de cabeça, mal-estar, dor nas articulações, manchas vermelhas e erupções na pele, náuseas e vômito são os mais comuns. Para identificar se o paciente está com dengue, chikungunya ou zika, de fato, além do diagnóstico médico, também podem ser realizados exames clínicos.

Com as chuvas que caíram durante essa semana em Alagoas, os casos podem aumentar ainda mais. “Tanto os casos de dengue, zika e chikungunya, quanto os de leptospirose que, geralmente, demora 15 dias após as enchentes para aparecer, e possuem sintomas parecidos no início com gripe e coronavírus, devem aumentar”, afirmou a médica infectologista.

Capital registrou aumento de 603,93%

O número de casos confirmados de dengue na capital registrou um aumento de 603,93%. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foram 8.283 casos confirmados até o final de julho. No mesmo período de 2021, foram notificados 1.244 casos da doença.

Os bairros de Maceió com maior incidência de dengue são: Chã de Jaqueira (2508,25 casos/100mil hab); Centro (1499,42 casos /100 mil hab) e Canaã (1260,15 casos /100 mil hab).
O aumento nos casos de chikungunya foi ainda mais expressivo. Até o final de julho deste ano, foram 3.120 casos. No mesmo período de 2021, foram notificados 57 casos, correspondendo a um aumento de 5843,85%.

Bairros

As maiores incidências de Chikungunya são nos bairros do Centro (1845,44 casos /100 mil hab); Chã de Jaqueira (1095,06 casos /100 mil hab) e Mangabeiras (587,83 casos /100 mil hab).

Já os casos confirmados de zika foram 32, apresentando um aumento de 54,05%, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

Chikungunya

Apesar de bem parecidos com a dengue, o que mais chama a atenção é que desde o início, na Chikungunya, as dores são mais articulares. Outra característica é que depois da fase mais aguda, que dura entre três a 14 dias, as dores articulares podem voltar e persistir por meses”, explica.

Nesses casos há uma evolução para a fase crônica da Chikungunya, que pode se prolongar por vários meses. Os médicos chamam de sequelas da doença, os pacientes evoluem com quadro de dor mais persistente nas articulações e os sintomas se assemelham muito a doenças reumáticas. Isso acaba impedindo ou dificultando a retomada das atividades diárias. Para esses pacientes é preciso acompanhamento com reumatologista para controlar o processo inflamatório persistente, principalmente nas mãos e pés”, recomenda a reumatologista.

O tratamento para a fase crônica depende de cada paciente, mas podem incluir medicamentos para artrite reumatoide.

Já para a prevenção da Chikungunya, a médica aconselha muito cuidado com água parada, já que a doença é transmitida por mosquitos. As recomendações são as mesmas aplicadas à prevenção da dengue. O mosquito adora água parada, precisamos redobrar esse cuidado e eliminar os focos. A responsabilidade é coletiva, tanto do poder público como de cada um.