Cidades
Economia do mar deve potencializar região metropolitana
Modelo abre caminhos para elaboração de políticas públicas e dos recursos existentes

Vem aí, em agosto, o 2º Ciclo de Debates do projeto “Região Metropolitana de Maceió – Desafios da Convergência”, uma realização da Jorgraf (Cooperativa de Jornalistas e Gráficos do Estado de Alagoas) e sua rede de comunicação impressa, TV e portal - em parceria com a empresa alagoana GQTech Tecnologia e Gestão. Entre os temas que serão debatidos está um assunto do momento: A Economia do Mar, que será exposta pelo mestre em Gestão Tecnológica Renato Regazzi, pós-graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e especialista em Estratégia e Mindset para Inovação pela Universidade de Stanford. O coordenador do projeto promovido pela Jorgraf e GQTech, Antonio Pinaud, acentuou que no 2º Ciclo além dos novos focos de debates que serão anunciados, o novo encontro destaca a Economia do Mar ou Economia Azul como indutor de novas políticas públicas para essa região:
“O tema Economia do Mar é inédito em discussões na economia de Alagoas e, em especial na RMM, será abordado por Renato Regazzi, um especialista em desenvolvimento regional. O desenvolvimento pela economia do mar ou economia azul é um caminho para elaboração de políticas públicas que podem potencializar os recursos existentes e criar outros na Região Metropolitana de Maceió”, adiantou o coordenador Antonio Pinaud.
Novos conferencistas já confirmaram a presença para o 2º Ciclo de Debates, entre engenheiros, urbanistas, arquitetos e especialistas em gestão e desenvolvimento. Entre eles estão o engenheiro Arnóbio Cavalcanti ; o agrônomo e pesquisador Antônio Santiago; Pablo Viana, doutor da Universidade da Califórnia; as arquitetas, urbanistas e designers Ana e Rosa Maia Nobre.
Entre os temas que virão à tona nesse segundo debate sobre a Região Metropolitana de Maceió estão: Cidades Inteligentes, Inclusivas e Sustentáveis; Agricultura e Produção Agrícola; Design na Economia Metropolitana.
Se na primeira edição o tema foi Dinâmica Ambiental na RMM, em oito de junho último, o 2º Ciclo de Debates Jorgraf/GQTech, terá como foco a Dinâmica Econômica da RMM, uma visão sistêmica da economia e os ativos econômicos da região.
ECONOMIA DO MAR NA RMM
Ainda de acordo com Pinaud, a economia do mar é a soma das atividades que tenham o mar, os rios e o sistema lagunar, no caso da RMM as lagoas Mundaú e Manguaba, como recurso ou meio. Destaca que o desenvolvimento pela economia do mar passa pela convergência setorial das atividades econômicas e sociais no ambiente da RMM, formando um sistema produtivo integrado e não fragmentado. Ressaltando que a tecnologia e a inovação são indissociáveis na economia do mar. Temos que estimular a atração de startups nesse setor, as chamadas bluetechs. É importante trazê-las para trabalhar com agentes locais, desenvolvendo projetos pilotos.”, completou Pinaud.
Metade dos brasileiros acredita que os oceanos impactam sua vida diretamente e 72% dizem que a poluição, o lixo e os esgotos afetam os ambientes marinhos. No mês que marca o Dia Mundial dos Oceanos (oito de junho), um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) e Universidade Federal de São Paulo foi divulgado e discutido na Conferência da ONU pelos Oceanos, que aconteceu esta semana, em Lisboa.
Renato Regazzi, um dos conferencistas do 2º Ciclo de Debates, foi um dos representantes brasileiros no encontro de Lisboa, e vai trazer todas novidades para o encontro em Maceió: “Tivemos excelentes resultados. Estamos percebendo ainda mais a força desta poderosa estratégia de desenvolvimento econômico e social, com grande potencial de inserção das micro e pequenas empresas”, informou Regazzi.
O conferencista Renato Regazzi conversou com a Tribuna, e deu uma avant-première do que vai expor em sua conferência. Sobre a relação e a convergência entre a RMM e seus 13 municípios, e a emergente Economia do Mar veja o que ele falou: “São cidades em que a maioria são regiões costeiras ou relacionamento com o sistema lagunar, o que classifica o território com grande potencial para ser dinamizada pela estratégia da Economia do Mar. O turismo nessa região é fundamental para o crescimento econômico local e geração de emprego e renda, além dos setores da gastronomia marítima, o potencial da piscicultura, algicultura e ostreicultura, a economia da praia, a náutica com passeios marítimos e os esportes marítimos. Outro setor seria o de energia, com destaque para o potencial das energias renováveis, como a eólica offshore".
Tribuna Independente - Qual a Importância da Economia do Mar?
Renato Regazzi - O tema da Economia do Mar ou Economia Azul é um dos assuntos mais importantes na atualidade, conforme discussões realizadas na Organização das Nações Unidas (ONU) e em importantes fóruns econômicos mundiais. Recentemente Portugal foi o epicentro desse debate em eventos em Estoril e Lisboa, como o Global Innovation Summit 2022, organizado pela Rede Eureka, a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas e outros eventos paralelos, todos com o foco no desenvolvimento sustentável, a partir do oceano. Em relação aos Objetivos Estratégicos para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a ODS 14 tem como um dos focos a Economia do Mar.
TI - A População Brasileira sabe da Importância da Economia do Mar?
RR - Como é possível perceber, a estratégia de dinamização pela Economia Azul é uma ótima alternativa para o Brasil e existe um longo caminho para ser perseguido e consolidado. Estudo recente publicado pelo Jornal Valor, relata que no litoral do país o nível de desconhecimento da população em relação a Economia do Mar chega a 87%, ou seja, somente 13% da população que mora no litoral já ouviram falar sobre a Economia do Mar ou Economia Azul, apesar da relevância do tema para o Brasil e para o mundo. Em relação ao total de brasileiros (litoral e interior) a pesquisa divulgada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com a UNESCO e a Unifesp, o número de brasileiros que conhecem bem o significado de Economia do Mar ou Economia Azul é de apenas 1%. Então existe a necessidade de criar a consciência marítima na população brasileira.
TI - O que é Economia do Mar?
RR - A economia do mar pode ser compreendida como a soma das atividades econômicas vinculadas a indústria, ao comércio e serviços, a pesca, além do setor da informação, ciência e tecnologia, que tenham o mar como recurso ou meio. Todos com o ambiente marítimo como base ou interesse onde se encontram os seus ativos econômicos. Existem pelo menos dois focos relacionados a economia do mar, como o foco que apresenta a influência direta do mar como o setor naval, náutico incluindo esportes náuticos e turismo litorâneo e gastronomia marítima, portuário, pesca, defesa e o foco nos setores adjacentes que se encontram em seu entorno, mas não têm o mar como matéria-prima ou meio. O importante nesta lógica de desenvolvimento é a convergência setorial de todas as atividades econômicas e sociais no ambiente local, formando um sistema produtivo integrado e não fragmentado.
TI - Na Economia do Mar a Preservação do Meio Ambiente é estratégica?
RR - A abordagem pela economia do mar se mostra significativa como uma política pública, para o desenvolvimento econômico e social de uma região ou país. No entanto existem outros termos usados em relação a temática da dinamização das economias marítimas. Como exemplo o termo “Economia Azul”, que foi criado na lógica da necessidade de adequar os termos referentes a economia verde para os oceanos, visto que a economia verde já é bastante popularizada e apresenta grande interesse da sociedade, tanto em aspecto local quanto global. Então uma das teses do termo Economia Azul seria a extensão do termo Economia do Mar, porém com um maior foco nas questões de sustentabilidade e defesa das riquezas marítimas. Isso aconteceria devido à crescente demanda da sociedade, em pensar a economia integrada as questões de geração de impacto no meio ambiente, mas também por questões geopolíticas. Sendo assim a redução dos impactos no meio ambiente é estratégico para a abordagem pela Economia do Mar.
TI - Então como podemos definir a Economia Azul?
RR - Para concluir podemos dizer que a economia azul pode englobar três fatores: o social com foco na redução da pobreza, melhores salários e condições dignas; o econômico através dos padrões de sustentabilidade de consumo e investimentos; e os aspectos de proteção das bases de recursos, preservação do meio ambiente. São três dimensões que podem ser representadas por um tripé ou triângulo. Então como foi possível observar existem várias definições para a abordagem econômica que coloca o mar como recurso ou meio, não existindo uma categorização única. O que podemos considerar em relação ao termo usado para economia azul, com o foco no desenvolvimento, é que além de englobar os termos da economia do mar, pode também agregar temas ainda mais abrangentes. Esta é uma questão a ser definida para cada situação em relação ao que mais represente o interesse da sociedade, em uma política pública pragmática e efetiva de desenvolvimento econômico, social e ambiental.
TI - Por que trabalhar a Economia do Mar como modelo econômico e social?
RR - Desenvolver uma estratégia para o fomento à economia do mar é um fator crítico para o sucesso para se tornar uma economia avançada e justa. O mar é responsável por 70% da superfície terrestre, sendo então a maior fonte de proteína e recursos existentes em nosso planeta. Por meio do mar é possível criar novos empregos, renda e riqueza para a população. Mas isso só será possível por meio da criação da consciência marítima na população e também por meio de investimentos em inovação e tecnologia, e na sustentabilidade do oceano. O mar deve ser explorado preservando o meio ambiente e promovendo a inclusão social, por meio do desenvolvimento territorial.
TI - Então é uma abordagem de desenvolvimento territorial?
RR - Sim. Atualmente o tema setor e território passa a voltar para as discussões sobre desenvolvimento e geração de emprego e renda, sobretudo por meio do fomento as bases de produções locais, através do uso do poder de compras público e privado para a geração de encadeamentos produtivos, com destaque para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, que são os maiores responsáveis pela geração de postos de trabalho no Brasil e no exterior. A abordagem setor e território foi amplamente atualizada, incorporando sobretudo as novas tecnologias digitais e de redes, um melhor entendimento sobre governança e modelos de liderança, sistemas produtivos e suas interdependências, com o objetivo de promover convergências setoriais e adensar as cadeias produtivas nacionais, com foco no desenvolvimento local.
TI - Qual é a lógica de atuação pela Economia do Mar?
RR - A lógica de atuação na abordagem pela economia do mar é realizada por meio da convergência entre setores ligados ao mar e polos competitivos (clusters) vinculados a economia marítima, integrando grandes, médias e pequenas empresas ao longo das cadeias produtivas e seus respectivos territórios. Uma das estratégias é utilizar o poder de compras das grandes empresas dos “polos competitivos do mar”adensando suas respectivas cadeias produtivas, com o objetivo de contribuir para o crescimento da economia local. Então a lógica da atuação por meio da convergência setorial vinculada à economia do mar e suas respectivas cadeias de valor de forma integrada, promovendo o encadeamento produtivo, a inovação e a formação da cultura marítima, será uma importante oportunidade de desenvolvimento econômico e social.
TI - Esta abordagem é setorial?
RR - É uma abordagem pela convergência setorial. No contexto da Economia do Mar ou Economia Azul o modelo de atuação é multisetorial baseado em vocações locais e estratégias de desenvolvimento local, ancorados na temática marítima, de preferência com visão sistêmica e foco em cadeias produtivas convergentes e transversais competitivas. Esse modelo está ganhando espaço no contexto de novos modelos de desenvolvimento econômico e social, visto a crescente demanda da sociedade por mais oportunidades, empregos e renda para todos.
TI - Quais os Temas mais Importantes Utilizados em um Modelo de Desenvolvimento Territorial?
RR - Alguns temas como liderança transformadora empreendedora, convergência setorial, interconectividade, economia compartilhada e colaborativa, cidades inteligentes, economia azul e economia circular passam a dominar as rodas de discussões e estudos sobre novos modelos de desenvolvimento e políticas públicas que possam criar empregos e promover a equidade social. Um bom exemplo da utilização destes temas é a abordagem territorial multisetorial e temática que está ganhando força no mundo e recentemente no Brasil, que é a da “Economia do Mar” ou “Economia Azul” que é considerado como oportunidade estratégica das nações para o crescimento econômico e social, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesta linha das economias marítimas de oportunidades, sustentabilidade e desenvolvimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu esta década como a década dos oceanos, destacando a importância da exploração com a preservação dos Oceanos.
TI - O que uma política pública pela Economia do Mar deve Levar em consideração além do cuidado com o meio ambiente marítimo?
RR - Fala-se neste contexto sobre uma economia inclusiva. Significa que, além de se pensar em riqueza e renda, pensa-se também em incluir parte da população que está fora da atividade econômica, tornando-a parte do sistema produtivo formal. Assim resultados econômicos poderão repercutir nas comunidades carentes pela geração de renda e emprego, utilizando a lógica da convergência e compras locais, contribuindo no processo de inclusão social produtiva de grande parte da população em situação de vulnerabilidade, promovendo o desenvolvimento local inclusivo. Ou seja, a inclusão social deve fazer parte deste modelo econômico.
TI - Como fazer e se Existe Algum Modelo de Referência para a Economia do Mar?
RR - Por meio da troca de informações, conhecimentos, tecnologias, negócios e parcerias com outras nações será possível o Brasil se destacar nessa pulsante economia, e para isso países como Portugal pode ser um parceiro ideal, visto o relacionamento histórico, a língua e a identidades entre seus povos, podendo consequentemente transformar a economia do mar como um motor propulsor para estes dois países, que podem trabalhar de forma complementar e sinérgica, contribuindo para o crescimento econômico e social de ambas nações. A “Economia do Mar Brasil e Portugal” pode ser uma oportunidade extraordinária para ambos os povos e uma estratégia poderosa de desenvolvimento para as atuais e futuras gerações.
TI - Portugal então pode ser uma referência para o Brasil em Relação a Economia do Mar?
RR - Sim. A existência do Brasil está umbilicalmente ligada ao mar e consequentemente a Portugal. Por meio das grandes navegações, na era do mercantilismo, que foi a primeira globalização experimentada pela humanidade. Os portugueses foram os protagonistas naquele momento e encontraram o Brasil, em que seus mares já eram usados pelos povos indígenas que aqui já estavam, a exemplo dos Tupi-Guarani. Sendo assim o DNA do Brasil está vinculado ao mar, que também foi meio de transporte de inúmeras etnias que fazem parte da matriz cultural e étnica brasileira, juntamente com os povos indígenas que aqui viviam, transformando o Brasil na maior nação miscigenada do mundo, com 8000 km de costa virada para o Atlântico Sul e com a posição 16 no ranking de países com os maiores litorais e a quinta posição em extensão territorial do mundo.
TI - A Região Metropolitana de Maceió pode ser Considerada uma Região Marítima?
RR - Sim, a RMM tem 13 municípios sendo que a maioria tem regiões costeiras ou relacionamento com as lagoas da região, o que classifica o território com grande potencial para ser dinamizada pela estratégia da Economia do Mar. O turismo nessa região é fundamental para o crescimento econômico local e geração de emprego e renda, além dos setores da gastronomia marítima, pesca e coleta de recursos vivos marítimos, além do potencial da piscicultura, algicultura e ostreicultura.
TI - Na sua visão, que setores são importantes na RMM relacionados a Economia do Mar ou Economia Azul?
RR – Como falei, o turismo do mar pode ser uma das âncoras do desenvolvimento e, neste contexto, eu relaciono a gastronomia do mar, a economia da praia, a náutica com passeios marítimos e os esportes marítimos e ao longo da costa, por exemplo. Outro setor seria o de energia, com destaque para o potencial das energias renováveis, como a eólica offshore, as energias das marés e ondas, e não podemos esquecer do potencial do gás e petróleo que devem ser explorados de forma sustentável. Também pode ser destaque se bem trabalhado: o setor portuário e de marinas além da pesca, o sururu produto típico nas lagunas da região e a pesca artesanal e profissional, com grande potencial de expansão e geração de emprego e renda, sobretudo se incluir a indústria de processamento. Os produtos vivo marítimos típicos da região podem buscar uma indicação geográfica (IG) que aumenta muito o valor dos produtos da região, gerando melhores salários para a população.
TI - O que você considera mais importante para a RMM elaborar um programa de desenvolvimento pela Economia do Mar?
RR - Além de um bom planejamento territorial e engajamento da população em relação ao tema da Economia do Mar ou Economia Azul, eu considero um ponto crítico de sucesso a questão da balneabilidade, ou seja, a redução drástica dos impactos da poluição, por falta de infraestrutura de saneamento e esgoto, além dos cuidados com as bacias hidrográficas e hidrogeológicas da região. O cuidado com a água e seus índices de poluição e erosão dos mananciais é o tema de maior relevância. Este aspecto é fundamental para o sucesso da RMM para o futuro da região, com foco no desenvolvimento econômico e social. Tudo gira em torno desta visão sistêmica e integrada da gestão hídrica.
A dinamização de setor, território e a economia do mar
Por Renato Regazzi** e Antonio Pinaud*
No final dos anos 1990 e durante a primeira década dos anos 2000, o Brasil pela primeira vez definiu de forma sistematizada, as estratégias setor e território como política pública de desenvolvimento nacional, por meio das vocações regionais, empoderando os territórios produtivos e estabelecendo políticas públicas de desenvolvimento de polos competitivos ou arranjos produtivos locais em todo o Brasil, contando com importantes parceiros como o Sebrae, o BNDES, as Universidades e o setor produtivo, com representantes da indústria, do comércio e da agricultura.
Foram inúmeras experiências bem-sucedidas, porém na segunda década dos anos 2000, esta abordagem foi deixada de lado como prioridade de política de desenvolvimento econômico e social, o que não ocorreu em outras nações, que continuaram aperfeiçoando os seus instrumentos de fomento ao desenvolvimento local, por meio da dinamização de seus “clusters” (arranjos produtivos locais), alavancando ainda mais seus territórios produtivos.
Atualmente o tema setor e território passa a voltar para as discussões sobre desenvolvimento e geração de emprego e renda, sobretudo por meio do fomento as bases de fornecedores locais, através do uso do poder de compras público e privado para a geração de encadeamentos produtivos, com destaque para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, que são os maiores responsáveis pela geração de postos de trabalho no Brasil e no exterior.
A abordagem setor e território foi amplamente atualizada, incorporando sobretudo as novas tecnologias digitais e de redes, um melhor entendimento sobre governança e modelos de liderança, sistemas produtivos e suas interdependências, com o objetivo de promover convergências setoriais e adensar as cadeias produtivas nacionais, com foco no desenvolvimento local.
Os modelos multisetoriais baseados em vocações e estratégias de desenvolvimento local, ancorados em determinadas temáticas, de preferência com visão sistêmica e foco em cadeias produtivas convergentes e transversais competitivas, estão gerando grandes impactos econômicos e sociais. Esse modelo baseado na convergência setorial está ganhando espaço no contexto de novas estratégias de desenvolvimento, visto a crescente demanda da sociedade por mais oportunidades, empregos e renda para todos, em um ambiente dominado pela tecnologia e pela produtividade, porém com demandas sociais pela economia colaborativa, circular e pela sustentabilidade e inclusão social.
Então alguns temas como liderança transformadora empreendedora, convergência setorial, interconectividade, economia compartilhada e colaborativa, cidades inteligentes e economia circular passam a dominar as rodas discussões e estudos sobre novos modelos de desenvolvimento e políticas públicas que possam criar empregos e promover a equidade social.
Um bom exemplo da utilização destes temas é a abordagem territorial multisetorial que vem ganhando força no mundo e recentemente no Brasil, que é a da “Economia do Mar” que pode incluir os demais temas, e que foi considerada como oportunidade estratégica das nações para o crescimento econômico e social, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Ainda na linha das economias marítimas e seu grande potencial e oportunidades, com foco na sustentabilidade e no desenvolvimento social, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu esta década como a década dos oceanos, destacando a importância do desenvolvimento sustentável a partir do oceano.
Desenvolver uma estratégia para o fomento à economia do mar é um fator crítico para o sucesso para se tornar uma economia avançada e justa. O mar é responsável por 70% da superfície terrestre, sendo então a maior fonte de proteína, energia e recursos existentes em nosso planeta. Por meio do mar é possível criar novos empregos, renda e riqueza para a população. Mas isso só será possível por meio da criação da consciência marítima na população e também por meio de investimentos em inovação e tecnologia, e na sustentabilidade do oceano. O mar deve ser explorado preservando o meio ambiente e promovendo a inclusão social, por meio do desenvolvimento territorial.
A lógica de atuação na abordagem pela economia do mar é realizada por meio da convergência entre setores ligados ao mar e polos competitivos (clusters) vinculados a economia marítima, integrando grandes, médias e pequenas empresas ao longo das cadeias produtivas e seus respectivos territórios. Uma das estratégias é utilizar o poder de compras das grandes empresas ou dos setores relacionados aos Polos Competitivos do Mar”, adensando suas respectivas cadeias produtivas, com o objetivo de contribuir para o crescimento da economia local.
Então a lógica da atuação por meio da convergência setorial vinculada à economia do mar e suas respectivas cadeias de valor de forma integrada, promovendo o encadeamento produtivo, a inovação e a formação da cultura marítima, será uma importante oportunidade de desenvolvimento econômico e social.
Acoplado a isso tudo, fala-se também de uma economia inclusiva. Significa que, além de se pensar em riqueza e renda, pensa-se também em incluir parte da população que está fora da atividade econômica, tornando-a parte do sistema produtivo formal. Assim resultados econômicos poderão repercutir nas comunidades carentes pela geração de renda e emprego, utilizando a lógica da convergência setorial e compras locais, contribuindo no processo de inclusão social produtiva de grande parte da população em situação de vulnerabilidade, promovendo o desenvolvimento local inclusivo, o que faz parte da estratégia de atuação setor, território pela dinamização da Economia do Mar ou Economia Azul.
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