Cidades
Jornal impresso resiste e mantém tradição
Profissionais da Tribuna mostram no dia a dia uma visão mais apurada dos fatos, firmando o compromisso com o leitor

Há quinze anos no mercado de comunicação em Alagoas, a Tribuna Independente – único jornal diário impresso do estado -, resiste e mantêm a tradição de informar.
Entre assinantes e leitores, o hábito de ler o jornal permanece vivo, fortalecendo o compromisso de levar a informação a sociedade.
O advogado Guilherme Braga Santos é assinante da Tribuna Independente desde o primeiro ano de existência da cooperativa.
Ele comemora a permanência do impresso e afirma que a leitura de jornais e revistas é uma tradição na família.
“Esse hábito a gente carrega há muito tempo, desde meus avós temos o hábito de ler muitos livros, jornais e revistas. É algo característico da nossa família, da minha mãe, do meu pai e a gente passa para os nossos filhos, para os nossos familiares. E isso fez com que eu me tornasse assinante tanto da Tribuna, como de jornais nacionais. E eu vejo isso como algo muito importante, manter essa tradição”, afirma.
A tradição do advogado tem até horário específico para a leitura das notícias. “Todas as manhãs eu leio o jornal antes e depois do café, sempre pela manhã, antes de ir trabalhar, é algo que faço para sair de casa informado, fazendo aquela leitura rápida do que está acontecendo. Ouvindo também notícias pelo rádio e muitas vezes completo a leitura a noite”, diz.
A evolução da Tribuna Independente ao longo dos quinze anos de existência, segundo Guilherme é motivo de comemoração. “Graças a Deus que temos um jornal para nos informar, estamos sempre em contato, ligando, procurando saber detalhes. Espero que vocês continuem assim com essa força, informando as pessoas”, comenta.
O aposentado Osíris da Costa Ayres de 84 anos é um dos assinantes mais antigos da Tribuna, está desde a fundação. O filho dele Carlos conta que o cuidado com a leitura das notícias e o amor pelo impresso é uma constante, ao ponto de ser considerado pelo próprio leitor como “o vício”.
“Ele diz que é a cachacinha dele. Todos os dias, mesmo com a memória comprometida devido aos problemas de saúde ele faz a leitura do jornal, chega a ler cinco vezes a mesma notícia. Ele é assinante há muito tempo e apesar de o restante da família não ter esse hábito, ele mantem. Além das notícias, ele gosta muito das palavras cruzadas, faz diariamente também”, pontua.
Com 25 anos de existência a banca de revistas de José Sebastião da Silva, de 74 anos abre de domingo a domingo devido a assiduidade dos leitores.
Seu Sebastião conta que comercializa a Tribuna Independente desde a fundação e que mantêm clientes fieis a tradição de comprar jornal.
“Desde que a Tribuna começou seguimos nessa parceria, tenho a maior consideração pela Tribuna, porque já faz parte da minha história. São pessoas que me tratam muito bem e seguimos firmes. Mesmo com a internet e essas mudanças todas, mas tenho clientes aqui que vem todos os dias. Inclusive aos domingos. Todos os domingos eu abro até meio dia porque minha clientela vem exclusivamente para comprar o jornal”, detalha.
“Há bastante tempo sou leitora assídua e também escrevo crônicas para o jornal. A Tribuna Independente presta um grande serviço informativo à comunidade alagoana, todos os profissionais estão de parabéns” comemora a cronista Maria Petrucia Camelo.
Para o leitor Carlos Marques o aniversário do jornal é um feito de devemos comemorar e engrandecer. “Não só seus gestores, mas toda a equipe de colaboradores que trabalham no dia a dia para levar informação de conteúdo e de qualidade aos seus leitores. É uma satisfação poder presenciar este momento e espero que venham muito mais anos”.
Cooperados unidos na busca de um ideal
Tudo começou em 2007 na até então, na extinta Tribuna de Alagoas, quando os funcionários já cansados e desmotivados por estarem com os salários e o 13º salário atrasados tendo que aceitar desculpas infundadas vindas de patrões resolvem unir suas forças e cruzar os braços diante de tamanho desrespeito com o trabalhador.
Isso gerou a união de jornalistas, gráficos e pessoal do setor administrativo que faziam o jornal. Unindo essas forças, iniciaram uma vigília em frente à sede da empresa para exigir os salários atrasados. O fato aconteceu no dia 16 de janeiro daquele mesmo ano, e foi graças a essa força que o jornal alcançou sua dependência.
O repórter-fotográfico Sandro Lima, esteve presente naquele momento e hoje, como cooperado e atuante no jornal Tribuna Independente relembra como a cooperativa surgiu.
“A greve se deu porque estávamos há meses sem receber nossos salários, da Tribuna de Alagoas, então, fomos ao banco por conta própria saber o que podíamos fazer e lá o gerente nos orientou a ‘tomar’ a empresa, uma vez que o processo do banco era contra os empresários e não funcionários. Fizemos isso, foram dias de ocupação e luta. Quando de fato estava em nossas mãos, notamos a extensão de dívidas, e aí, como pagar os insumos e colocar o jornal nas ruas? Vendemos uma máquina para aliviar as contas e começar a produzir. Inclusive eu que fiquei responsável pelo o dinheiro da venda dessa máquina, na época era cerca de R$ 15 mil reais. Iniciamos nossa produção, foram dias de lutas, nem sempre com vitórias, mas avançamos, recordo-me que trabalhei como repórter-fotográfico e ainda entregava os jornais. Todo mundo fazia um pouco de tudo e no fim do mês o arrecadado, depois de pagar contas e fazer a divisão, dava R$ 200 reais para cada um. Bom, hoje estamos aqui com avanços gigantes, as vezes com dificuldades, mas levando informações de qualidade para o leitor alagoano’’, recorda Sandro Lima.
O designer gráfico da Tribuna Independente, Wilson Barros, também vivenciou esse momento histórico juntos aos colegas de trabalho e hoje tem orgulho da fazer parte da Jorgraf.
“O que me motivou a aderir à greve foi à garantia de que eu continuaria empregado, além da tentativa de manter o prédio ativo. Foram momentos difíceis. Lembro que aos finais de semana aconteciam muitos shows numa antiga casa de eventos que ficava ao lado do prédio. Então eu saía da minha casa dia de sábado e ficava das 20h até às 3h da madrugada com outros companheiros de luta para fazer ‘um extra’. Usávamos o pátio da Tribuna de Alagoas como estacionamento para quem ia se divertir nos shows. Ao final, dividíamos o valor apurado, e assim íamos revezando. Isso me marcou. Lembro que algumas pessoas se solidarizavam com a nossa situação e nos traziam lanches quando vinham nos pagar. Essa empatia me motivava a continuar porque eu sabia que tínhamos o apoio da sociedade”, disse Barros.
Mais lidas
-
1Maldade na veia
O que acontece com a grande vilã Sirin no final de 'Força de Mulher'?
-
2Intervalo entre filmes
Fim épico ou fiasco? Velozes e Furiosos 11 está quebrando um recorde indesejado da franquia
-
3Serraria
Duas pessoas morrem em acidente entre moto e caminhão na Via Expressa
-
4Copa do Brasil
CRB inicia venda de ingressos para partida em Maceió contra o Santos
-
5Vingança e mistério!
'Cuspirei em Seus Túmulos' é a nova série colombiana que todo mundo está assistindo