Cidades
15 anos de persistência e de superação
Tribuna Independente, o único jornal diário em circulaçao em Alagoas, surgiu de uma mobilização de jornalistas e gráficos

A Tribuna Independente comemora neste domingo 15 anos de existência como primeiro produto da Cooperativa dos Jornalistas e Gráficos de Alagoas (Jorgraf), única no Brasil e no mundo a reunir jornalistas e gráficos. A Tribuna, ainda, é hoje o único jornal diário em circulação em Alagoas e filiado à Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Para chegar às ruas, a Tribuna depende dos trabalhos de 54 cooperados, que direta ou indiretamente contribuem na produção de pautas, matérias, imagens, diagramação, montagem, impressão etc.
E apesar de todas as adversidades enfrentadas durante esta década e meia, a Tribuna é um jornal em dia com todas suas obrigações junto aos órgãos oficiais e fornecedores, demonstrando significativa robustez administrativa-financeira e, principalmente, que o projeto – formar uma cooperativa com as duas categorias – deu certo.
Como chegamos a onde estamos?
Tudo começou quando os funcionários da antiga Tribuna de Alagoas estavam com salários atrasados e recebiam desculpas dos antigos patrões, Ronaldo Lessa e Robert Lyra, representados por Vorney Mendes e Geraldo Lessa, jornalistas, gráficos e trabalhadores da área administrativa resolveram cruzar os braços e fazer uma vigília em frente à empresa no dia 16 de janeiro de 2007. O objetivo da paralisação era que os salários fossem pagos.
O protesto teve o apoio dos sindicatos dos jornalistas e dos gráficos, que deram suporte político e logístico para as reivindicações dos trabalhadores, que fizeram um acampamento em frente à empresa, localizada na Avenida Menino Marcelo, no bairro da Serraria. A mobilização teve início em uma sexta-feira, dia em que, nos jornais, são finalizadas duas edições de fim de semana.
Nessa época, o diretor de jornalismo era o jornalista Manoel Miranda, que tentava o tempo todo convencer os trabalhadores que deveriam voltar aos postos de trabalho, pois o pagamento dos salários estava a caminho (coisa que não aconteceu).
Diante do impasse, as lideranças dos sindicatos convocaram uma assembleia, que foi feita ali mesmo, em frente à sede do jornal, onde todos aguardavam já nervosos e os ânimos, em alguns momentos, já começavam a ficar exaltados devido à ingerência de pessoas ligadas à direção da empresa no movimento.
A assembleia definiu que ninguém voltaria ao trabalho até que os salários fossem pagos. A paralisação iria continuar. O horário para o fechamento do jornal foi se expirando e com o passar das horas todos começaram a perceber que aquela batalha estava apenas começando.
Do calote empresarial foi gerado o projeto
No fim da noite, foi feita uma consulta e decidido o piquete para o dia seguinte. Com o passar dos dias, o movimento foi se fortalecendo em busca de saídas para aquela greve e foi nascendo a necessidade de colocar para a sociedade o que estava acontecendo com os trabalhadores da empresa.
Foram dias e noites de vigília, os turnos eram revezados na grama em frente ao prédio, com receio de que os empresários não dilapidassem o patrimônio do jornal.
Entidades de classe colocaram faixas e carro de som para denunciar o calote que foi feito com a empresa e com os 140 trabalhadores. Todos os dias, havia reunião e assembleia de avaliação do movimento, à noite ou no fim da tarde. Muitas foram as tentativas de negociação e de se chegar a um consenso para toda aquela situação. A crise estava exposta.
Os débitos que a empresa tinha contraído com seus fornecedores, os gastos excessivos dos diretores com farras, viagens de lazer para a Europa e uso de cartão institucional sem limite foram os fatores que levaram à falência da empresa, na fase administrada pelos últimos patrões. A Tribuna de Alagoas foi à bancarrota.
Em pouco tempo de existência vieram as premiações
O jornal era editado semanalmente, em edições que circulavam nos domingos ou às segundas-feiras para aproveitar o material que estava ao alcance: papel, tinta e o maquinário. A partir do momento em que perceberam que poderiam ir mais longe, após a criação da Jorgraf, os funcionários assumiram o comando do prédio e lançaram a Tribuna Independente em edições diárias. A Tribuna Independente ganhou a credibilidade e o respeito dos leitores alagoanos e foi o primeiro jornal de uma cooperativa no Brasil (e também no mundo) envolvendo duas categorias: jornalistas e gráficos, abrindo o caminho para outros empreendimentos semelhantes.
Com menos de quatro meses de circulação, ainda em 2007, a Tribuna Independente recebeu uma premiação no Prêmio Banco do Brasil Petrobras de Jornalismo como melhor diagramação, com o trabalho do jornalista Paulo Holanda e a matéria “O avanço do mar”, da jornalista Ana Paula Feitosa. Ficou ainda entre os finalistas em todas as modalidades, exceto fotografia.
A Tribuna participou do Prêmio com 51 inscrições e ficou abaixo do jornal Gazeta de Alagoas que inscreveu nessa época 57 produções. Outro jornalista premiado logo após a criação da cooperativa foi o repórter fotográfico Adailson Calheiros, no Prêmio Octávio Brandão de Jornalismo, com a foto “Morte no Lixão”, em matéria de Alinne Mirelle.
A terceira conquista foi com o Prêmio Zumbi dos Palmares na categoria Comunicação no evento promovido pela revista Magazine Destaque.
Não foi pouco ganho para um jornal diário que só tinha um ano de circulação, diante daquela conjuntura econômica. Esse caminho andado incentivou e revitalizou cada momento, alimentando, sobretudo, a disposição de crescimento e de ocupar o espaço que era de direito. Os cooperados da Jorgraf tinham a consciência de que mais dificuldades teriam para enfrentar e que o desafio era gigante.
Primeiro aniversário
A comemoração do primeiro ano de atividade da Tribuna Independente foi com uma edição especial de aniversário e um café da manhã realizado no pátio da cooperativa. No primeiro ano de funcionamento, a Jorgraf contava com 65 cooperados levando à sociedade alagoana um jornal com projeto gráfico destacado e boa informação para seus leitores.
A criação da Tribuna Independente foi o coroamento de todo o esforço coletivo dos profissionais, mostrando que é possível trabalhadores gerenciarem uma empresa, sem patrões. Apesar disso, todos reconhecem as dificuldades que enfrentam diariamente, mas com esforço e dedicação da maioria sabem que estão fazendo história, porque foram pioneiros nessa modalidade no Brasil.
O espírito cooperativista mostra força em vários setores de atividades em Alagoas. Por meio dele, as pessoas são levadas a rever conceitos e aprender novas formas de se relacionar no trabalho. Hoje, 15 anos depois, a Jorgraf tem cerca de 60 cooperados, entre jornalistas e gráficos, e também trabalhadores celetistas.
Filiação ao IVC e apoio da OCB
Outra conquista dos cooperados da Jorgraf foi a filiação da Tribuna Independente ao Instituto Verificador de Comunicação (IVC), que é considerado o CPF dos jornais, comprovando e acompanhando a tiragem e os balanços financeiros de uma publicação.
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