Cidades

Especialista fala sobre poluição no Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba

Emerson Soares defende a articulação e adoção de políticas públicas efetivas para o acompanhamento das condições do complexo

Por Tribuna Independente 25/05/2022 16h15
Especialista fala sobre poluição no Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba
Emerson Soares destaca que poluição por agroquímicos, esgoto e metais pesados é constante no complexo lagunar - Foto: Jonathan Canuto

Os altos níveis de poluição identificados no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM) estão sendo alvo de investigação da Polícia Federal (PF) após demanda do Ministério Público Federal (MPF). O entrevistado desta semana do TH Entrevista é o pesquisador Emerson Soares, autor de um projeto sobre o monitoramento do complexo, que defende a articulação e adoção de políticas públicas efetivas para o acompanhamento das condições.

Durante a entrevista, Emerson Soares afirma que a situação nas lagoas é complexa e exige que seja feita uma avaliação criteriosa envolvendo os cursos d’água, municípios banhados e toda a cadeia produtiva envolvida para que seja possível uma mudança de fato no cenário.

O pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) pontua que é preciso entender o problema.

“Precisamos entender de onde vem o problema, as fontes poluentes e os riscos que o ambiente e a população estão correndo. Para resolver a situação serão milhões de reais. E também fiscalização e punição aos que fazem da lagoa um depósito de problemas. Mas não adianta muito se realmente não houver vontade política dos municípios e do governo do Estado em fazer as devidas ações na região. O problema ali é de grande envergadura e exigirá comprometimento de todos, inclusive da população”, avalia o pesquisador.

Emerson relembra que após a mortandade de peixes registrada no início de abril de 2022, na região do Flexal em Bebedouro, as análises identificaram poluentes difusos, metais pesados, lançamento de esgoto, agrotóxicos que comprometem de forma severa tanto o ecossistema como quem depende da lagoa para a sobrevivência.

“Ali não é uma questão simples, não só é uma situação de uma poluição temporária. Ali é constante a situação de problemas com agroquímicos, problemas com esgoto, esgoto sendo doméstico, industrial, de metais pesados. Agora é preciso lembrar que o problema dos esgotos tanto de industrial como esgoto doméstico não é exclusivo da cidade de Maceió, que não faz tratamento de seus resíduos corretamente, não só dela. Mas tem que lembrar que têm outros municípios ali que estão lançando tudo no ambiente, nos rios e que vão chegar às Lagoas Mundaú e Manguaba”.

POLUIÇÃO DIFUSA

“Foi constatado pelo IMA [Instituto do Meio Ambiente] que a poluição é bem difusa, isso ocorre pela grande extensão do complexo e da bacia dos dois rios principais, Paraíba e Mundaú, que cortam muitos núcleos urbanos onde há lançamento de esgotos e águas servidas, infelizmente. Uma variedade de uso nas áreas marginais e os resíduos acabam indo para o CELMM. Temos muitas culturas, como a cana, criação de gado, que usam inseticida, herbicida, adubo e todo esse material que não vai para o solo, que não é absorvido acaba indo para o CELMM”, destaca.

O IMA foi um dos entes oficiados pelo MPF a prestar esclarecimentos sobre as condições do complexo. Apesar de atuar com a fiscalização e liberação de licenciamento, o IMA reconhece que faltam políticas públicas.

A entrevista completa você assiste abaixo: