A concessão de benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em Alagoas leva, em média, 133 dias para ser efetivada. A taxa é a segunda mais demorada do Nordeste, o estado se iguala ao Ceará no tempo de espera e perde apenas para Sergipe. Os dados são do Boletim Estatístico da Previdência Social (BEPS) e escancaram a dificuldade que os cidadãos têm de acessar o direito.

Mais de 32 mil alagoanos estão aguardando análise do INSS para concessão dos pedidos de benefício, destes 13.048 estão à espera de perícia médica. Em todo o país são mais de 2,5 milhões de pedidos aguardando por um retorno do Instituto.

O diretor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social e Trabalho no Estado de Alagoas (Sindprev/AL), Célio dos Santos, destaca que o volume de processo se dá pela falta de pessoal para realizar as análises. Segundo ele, há anos a categoria cobra a realização de concurso público, entretanto não há respostas do Governo Federal.

“Hoje temos mais de 2.500.000 de benefícios aguardando a análise em todo país. O próprio INSS já solicitou concurso. Infelizmente a área econômica não liberou. Com isso, o volume de processos só aumenta”, detalha

BAIXOS VALORES

O Boletim aponta ainda que 430.100 benefícios do Regime Geral da Previdência Social foram concedidos no período de janeiro deste ano. O volume corresponde a apenas 1,36% de todos os benefícios concedidos nacionalmente com um aumento de 0,28% em relação a dezembro de 2021

Além da demora em acessar os benefícios, os alagoanos são um dos que recebem menores valores, é a 3ª pior colocação entre todas as unidades da federação. O valor médio dos benefícios concedidos é de R$ 1.034,48 para as aposentadorias rurais que representam 45% do total e R$ 1.518,42 para as urbanas que são 55%.

INDEFERIMENTOS E SUSPENSÕES

Outros dados que chamam a atenção são o número de benefícios suspensos, foram 6.607 só em dezembro de 2021 um aumento de 21%. E o indeferimento de pedidos que passou de 5.800.

GREVE

Servidores do INSS de todo o país deflagraram greve há pouco mais de dez dias, entre as reivindicações estão a reestruturação do órgão e reposição salarial.

De acordo com informações da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), parte da categoria aderiu à paralisação nos estados do Acre, Amapá, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e no Distrito Federal. Nos demais estados a categoria está em mobilização.

“Entre as principais reivindicações dos servidores estão a recomposição salarial de 19,99% - referente a perdas inflacionários dos últimos três anos (2019, 2020 e 2021), abertura imediata de negociação, melhoria das condições de trabalho e a realização de concurso público para recomposição da força de trabalho”, diz a Fenaps.

O diretor jurídico do Sindprev/AL, Célio dos Santos detalha que todas as agências de Maceió estão com os servidores em paralisação.

“Atualmente temos, todas as agências de Maceió e algumas do interior. Os principais pontos hoje da greve é a restruturação do órgão, concurso público para todas as áreas, condições de trabalho, fim das metas abusivas e reposição da inflação. Estamos há mais de 5 anos sem a reposição sequer da inflação e o governo federal aponta apenas reajuste para a área da segurança pública”, destaca.