Cidades
Condenada pelo crime da Braskem, Padaria Belo Horizonte é destruída em nova invasão no Pinheiro
Meses depois de precisar fechar as portas pela falta de indenização, Dirceu Buarque, dono do negócio, passa por mais um revés e sai com prejuízo astronômico
Na manhã desta terça-feira (29), ocorreu mais um episódio de arrombamento a imóveis condenados pela mineração irresponsável da Braskem. Eventos dessa natureza já se tornaram rotineiros na vida dos maceioenses atingidos pelo crime da petroquímica, mas, desta vez, a barbárie foi além. A vítima foi Dirceu Buarque, proprietário da Padaria Belo Horizonte, situada numa das principais vias do bairro Pinheiro, que, não bastasse ter sido forçado a fechar as portas do negócio no fim do ano passado em função da espera de mais de dois anos pela indenização adequada, teve seu estabelecimento quase totalmente destruído por vândalos.
Segundo Dirceu Buarque, essa não é a primeira vez que seu negócio é invadido. “Cerca de uma semana antes deste novo ataque, a padaria já havia sido assaltada, mas sem perdas significativas”, relata. No entanto, o prejuízo do episódio mais recente conseguiu alcançar níveis estratosféricos. “Eles levaram o que conseguiram: talheres, pequenos utensílios e toda a fiação da padaria. O que não conseguiram, simplesmente destruíram”, conta o empreendedor, que se deslocava diariamente até a padaria para conferir se tudo estava intacto, já que a Braskem não fornece um espaço seguro para armazenar os equipamentos.
“Quando cheguei com a polícia, depois de ser avisado da invasão por um amigo que assistiu a tudo, o lugar já estava irreconhecível: sem energia, com as paredes quebradas e pichadas e quase todo o nosso maquinário destruído”, relembra Dirceu Buarque. O proprietário da padaria, uma das mais tradicionais do bairro, que se manteve em atividade por mais de 40 anos, ainda não conseguiu calcular o prejuízo total, tamanha a destruição, mas o valor absoluto promete ser astronômico. Agora, para evitar que a tragédia evolua, o empreendedor tira, com as próprias mãos e a ajuda da família, o restante dos equipamentos.
Para Dirceu Buarque, não restam dúvidas: a Braskem é a principal culpada pelo sofrimento atual. Não apenas porque o estabelecimento foi invadido por meio do imóvel vizinho, cuja indenização já foi paga e que está sob o controle da petroquímica, mas principalmente pelo descaso do qual a família Buarque vem sendo alvo há anos. “Nosso negócio está isolado num bairro fantasma, estamos sem nossa única fonte de renda, em meio a um processo de negociação indenizatória cheio de agressões, e com o emocional em frangalhos”. “No entanto”, conclui, “o pior é que, até hoje, sequer recebemos qualquer proposta indenizatória”.
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