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“Obras para conter erosão devem prever próximos 50 anos”

Ambientalista afirma que situação tende a piorar e defende a realização de trabalhos que atendam necessidades de cada caso

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 19/02/2022 09h26 - Atualizado em 19/02/2022 11h51
“Obras para conter erosão devem prever próximos 50 anos”
No Pontal da Barra, erosão já chegou ao asfalto e põe em risco condutores e pedestres que passam pelo local - Foto: Edilson Omena

A erosão marinha vem se tornando cada vez mais evidente e severa na Orla de Maceió. Exemplos disso são trechos na Praia de Ponta Verde e Pontal da Barra, neste último, o avanço do mar já atinge parte da Avenida Assis Chateaubriand. A necessidade de obras de contenção é incontestável, entretanto, o ambientalista Alder Flores afirma que ações para resolver o problema devem “prever” as mudanças para os próximos 50 anos.

“Os impactos erosivos vão ser uma constante se obras não forem feitas para coibir. Em vários locais não se implantam obras de engenharia adequadas, propícias. É preciso que esses estudos e essas obras sejam feitas para os próximos cinquenta anos. Não é algo imediato não, é planejado para um horizonte temporário de no mínimo cinquenta anos, porque a alteração térmica está aí, está ocorrendo. Então de certa forma o que deve ser feito é isso. Que os municípios, o estado a quem tem direito aos órgãos competentes adotarem essas medidas urgentes porque a situação tende a piorar”, pontua o especialista.

Conforme explica Alder Flores, vários fatores estão relacionados ao processo de erosão registrado na capital alagoana.

“Isso acontece devido a ocupação indevida da faixa de praia. Além disso, a velocidade que a maré avança para Costa é basicamente relacionada a própria questão do degelo. O aumento do nível da maré. O mar sem poder se expandir, sem poder dissipar. É preciso que os governos adotem uma solução conjunta, planejada, com especialista da área pra que façam esses estudos e que se implantem essas obras de engenharia porque você retirar algumas construções que estão lá é muito difícil, porque já estão aí há muitos anos. Mas tem que coibir as novas. Não permitir novas invasões da faixa de praia e adotar esse planejamento estratégico através de obras de engenharia compatíveis com cada caso”, diz.

O ecologista Geraldo Marques afirma que as mudanças costeiras na capital alagoana vêm ocorrendo ao longo do processo de desenvolvimento da cidade.

“A linha de costa de Alagoas vem sendo perturbada há muito tempo. Para se ter ideia o mar quebrava atrás da Associação Comercial, nos fundos. Aquilo não foi aterro, foi assoreamento a partir da construção do cais do porto. Se passar em frente à Salgema [Braskem], você vai ver na área dos pilotis que de um lado há uma larga faixa de areia e do outro há uma faixa estreita, aquilo ali foi assoreamento de um lado e erosão de outro”, avalia.

Em nota, a Prefeitura de Maceió informou que já existem recursos previstos para os trechos que vêm sendo afetados pela erosão, mas não detalhou prazos para início e término das obras.

“A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) informa que os recursos para a execução da obra na orla do Pontal estão garantidos. Nos próximos dias, a secretaria iniciará um mapeamento da atual situação das áreas, para que o processo licitatório seja iniciado, e posteriormente, as intervenções sejam realizadas. As autorizações ambientais são dadas após a conclusão do mapeamento e de todos os estudos. Já a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) informa que o projeto Parque das Dunas irá solucionar a carência de áreas públicas de lazer e os efeitos causados pela erosão marinha em parte do acesso da Avenida Assis Chateaubriand, no Pontal da Barra”, afirma.