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Em 2021, 66 pessoas receberam um novo órgão em Alagoas

De acordo com a Central de Transplantes, foram realizados 63 procedimentos de córneas e três de fígado no último ano

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 05/01/2022 06h52
Em 2021, 66 pessoas receberam um novo órgão em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
O início de um novo ano é sempre de muita esperança, mas para 66 pessoas, que receberam novos órgãos no estado de Alagoas, esse sentimento é ainda mais intenso. De acordo com a Central de Transplantes de Alagoas, 63 transplantes de córneas e três de fígado foram realizados no último ano. Seu Jorge Ricardo foi um dos felizardos. Há sete meses recebeu um novo fígado e contou que nunca teve medo. “Tenho um Deus que pode todas as coisas. Eu nasci outra vez. Foi um milagre de Deus eu estar vivo. Ainda não voltei às atividades normais porque ainda preciso fazer cirurgia de hérnia, o médico vai marcar. Minha recuperação está sendo boa, mas é lenta”, observou. “Meu incentivo é que quem esteja à espera de um órgão tenha fé que após o transplante terá uma melhor qualidade de vida”, reforçou Jorge Ricardo. No dia 2 de dezembro, um adolescente de apenas 16 anos, residente na capital alagoana, recebeu um fígado captado no estado da Paraíba. O paciente sofria de cirrose criptogênica, termo usado para cirrose de etiologia desconhecida. Atualmente o paciente encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi extubado e o fígado está fluindo bem. O doador era um jovem de 21 anos de idade, vítima de um acidente na Paraíba. A cirurgia de alta complexidade, financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), terminou sem intercorrências. O paciente se inscreveu na lista de transplantes no dia 5 de julho deste ano e quase cinco meses depois conseguiu realizar o procedimento na Santa Casa de Maceió, hospital credenciado pelo Ministério da Saúde (MS). A lista de transplantes é única, tem ordem cronológica de inscrição e os receptores são selecionados para receber os órgãos em função da gravidade ou compatibilidade sanguínea e genética com o doador. A coordenadora da Central de Transplantes no estado, Daniela Ramos, disse que em 2021 houve uma redução dos transplantes realizados por conta da pandemia e que, por conta do avanço da e flexibilizações, os números estão crescendo. “Durante a pandemia, o Ministério da Saúde recomendou a suspensão das entrevistas familiares, bem como os transplantes. Com o avanço da vacinação e a consequente diminuição das taxas de contaminação estão podendo retomar os trabalhos”, disse. No ano passado foram realizados 63 transplantes de córneas em Alagoas e três de fígado. Não houve registros de transplantes de rim e coração. Já no ano anterior (2020) foram 34 transplantes de córneas e nenhum de rim, coração ou fígado. Na fila de espera aguardam 368 pessoas para realizar o transplante de córneas, 117 de rim, três de coração e cinco de fígado. Um total de 493 pessoas. Central de Transplantes tem equipe à disposição   Conforme Daniela Ramos, a captação de um órgão, deve ser feita de maneira muito ágil. “Nós aqui da Central de Transplantes do Estado, somos responsáveis por organizar e agilizar toda essa logística junto à Coordenação Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. Tivemos a parceria da FAB [Força Aérea Brasileira] que veio aqui no nosso Estado e que levou a nossa equipe de captação. Nós temos uma equipe de captação à disposição. Então, sempre que há uma doação autorizada, essa equipe está disponível para realizar essa captação. E, dessa vez, foi uma captação fora do Estado”, relatou. Ainda de acordo com a coordenadora, o paciente que precisa de um órgão, as equipes transplantadoras (autorizadas pelo Ministério da Saúde e com portaria de credenciamento) realizam uma inscrição em um estado e concorrem à lista. Apesar de a lista ser estadual, ela tem o acompanhamento e a fiscalização da coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes- SNT. Cada paciente inscrito recebe um número de registro (RGCT) que pode acompanhar o andamento da fila. DOAÇÃO O doador vivo pode doar um rim, medula óssea, parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais). Já um único doador falecido pode salvar mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas. No Brasil, para doar um órgão basta comunicar à família sobre o desejo de ser doador para que ela possa autorizar posteriormente. Mas a recusa familiar ainda é alta e se torna um dos principais motivos para que um órgão no Brasil não seja doado: mais de 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada, em 2020, segundo dados da ABTO. Em Alagoas esse número está em 40%. Segundo o Ministério da Saúde (MS), do total de transplantes realizados no País, 96% são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). (com assessoria)