Cidades

Casamentos crescem mais de 16% em Alagoas

Dados do CNB apontam ainda que o número de divórcios entre alagoanos diminuiu este ano, diferente do cenário anterior

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 01/01/2022 09h59
Casamentos crescem mais de 16% em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Com o avanço da vacinação e o número de pessoas infectadas pela Covid-19 diminuindo em Alagoas, muitos casais estão retomando o sonho do casamento. Os alagoanos se casaram mais entre janeiro e 20 de dezembro deste ano em relação ao mesmo período de 2020. O crescimento ficou em mais de 16%, enquanto o número de divórcios indicou queda de 295 no ano passado para 243 em 2021. Os dados são do Colégio Notarial do Brasil (CNB).

Exatamente 11.408 casais disseram sim este ano no estado. Diferente do ano passado, que, por conta da pandemia do novo coronavírus, com todas as restrições de segurança sanitária impostas, o número foi inferior, apenas 9.820.

Shayene Vieira que casou com Matheus Lima da Silva, no último dia 18 de dezembro, contou que a pandemia não interferiu no casamento. Segundo ela, desde quando decidiram organizar a festa, já pensaram nessa data. Eles estavam noivos há dois anos e seis meses.

“Sempre acreditamos que iria melhorar e confiamos, já planejamos o casamento ao ar livre para poder convidar mais pessoas. Foram 200 convidados. Graças a Deus, conseguimos manter nossa data original, sem ter que remarcar como muitos outros noivos fizeram”, disse.

“Nos casamos em Maceió mesmo, no Sítio Vale das Águas. Foi tudo lá, cerimônia e recepção. Todos os fornecedores e convidados estavam tomando as devidas precauções, com o uso de máscara de proteção, uso do álcool...”, acrescenta.

Cleonice Souza, a Cléo Festas e Eventos, diz que o movimento ainda é devagar mesmo diante das flexibilizações e avanço da vacinação. Mas comparado ao ano passado está um pouco melhor. “Estamos realizando casamentos no nosso salão de festa, mas que foram remarcados do ano passado ou do início deste ano. Agendados mesmo, ainda não. Mas temos fé em Deus que 2022 será melhor; no mês passado [novembro] fizemos três casamentos e em 2020 não lembro”, salientou.

Silvia Rodrigues foi pedida em casamento por Luiz, em novembro de 2020, e logo deram entrada na documentação no cartório. Eles se casaram no dia 9 de janeiro de 2021. Ela conta que o casamento foi no religioso e que decidiram casar este ano, porque iriam se mudar para a Europa e queriam firmar a união antes de viajar.

“O casamento foi intimista com o máximo de 100 pessoas. Como casamos em uma chácara, conseguimos manter o distanciamento entre os convidados e o uso de máscaras. Como cuidado extra, instalamos um totem de álcool em gel na entrada da chácara”, diz. “Não precisamos alterar a data que tínhamos planejado”, comemorou.

A Lamarry, que também trabalha com festas, enfatiza que realizou apenas seis casamentos este ano, e que a maioria foi adiada para 2022. Indagada sobre a expectativa para o ano vindouro, ela frisa que ainda é uma interrogação. “Só vamos saber depois das aglomerações de Réveillon, de como será o índice em janeiro, tenho vários casamentos ainda sem data”, pondera.

Psicóloga: “relações se estreitaram ainda mais durante a pandemia”

Para a psicóloga Beatriz Barbosa, se limitar a um único motivo como resposta para o aumento dos casamentos não seria adequado. Segundo a profissional, existe um somatório de fatores percebidos para o aumento dos ‘sins’ no altar ou no estado civil. Entre eles, exemplificou: “a maior segurança encontrada em uma relação, o companheirismo que é vivenciado em um casamento e as relações que se estreitaram ainda mais durante a pandemia, muitos casais acabaram se unindo para enfrentar o isolamento social, juntos, e conseguiram vivenciar os momentos difíceis”, observa.

[caption id="attachment_490149" align="aligncenter" width="711"] FOTO: ARQUIVO PESSOAL[/caption]

De acordo com a psicóloga, além dos fatores emocionais, não se pode perder de vista relevantes fatores sociais, como as restrições comuns da pandemia, já que muitos casais tiveram que postergar a realização dos eventos que já haviam sido marcados e com o avanço da vacina e maior flexibilização para a realização dos casamentos, estes voltaram a acontecer.

DIVÓRCIOS

Sobre o número de divórcios que foi maior em 2020 e apresentou queda este ano, a especialista observa que, com a pandemia, as restrições de uma maneira geral interferiram diretamente no modo de se relacionar dos indivíduos.

“Com o isolamento social, muitas famílias tiveram que conviver e lidar com os desafios comuns do isolamento: como o estresse, o medo, imprevisibilidade no contexto da vida, saúde, financeira… Sobretudo da ansiedade que estavam submetidos no cotidiano”, pontua.

A terapeuta destaca ainda que antes da pandemia, no contexto da vida a dois, foi comportamento frequente de muitos casais postergar conversas importantes sobre o relacionamento, justificando na correria da rotina, compromissos e vida social. “Estes viram-se sem alternativa no novo cenário de isolamento, trazendo à tona os assuntos tantas vezes evitados”.

Beatriz Barbosa concluiu ressaltando que os casais que já enfrentavam conflitos anteriormente, puderam sentir ainda mais os impactos ao se agravarem os pequenos problemas, tendo em vista que algumas incompatibilidades ficaram mais evidenciadas e a falta de perspectiva de uma melhoria contribuiu para os divórcios na pandemia.