Cidades

Servidores do Judiciário cruzam os braços para reivindicar reposição salarial

Protesto acontece contra a morosidade na aprovação da data-base de 2020, que repõe a inflação acumulada em 2019

Por Lucas França 24/11/2021 10h15
Servidores do Judiciário cruzam os braços para reivindicar reposição salarial
Reprodução - Foto: Assessoria

Os servidores do Poder Judiciário do Estado de Alagoas realizaram uma paralisação nesta quarta-feira (24) em protesto contra a morosidade na aprovação da data-base de 2020, que repõe a inflação acumulada em 2019, num índice de 4,31%. Um grupo de manifestantes esteve reunido em frente ao Fórum do Barro Duro, em Maceió.

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Alagoas (Serjal), Aluciano Martins, o projeto, aprovado por unanimidade no Pleno do Tribunal de Justiça, foi encaminhado à Assembleia Legislativa de Alagoas em março do ano passado, mas encontra-se no gabinete do presidente Marcelo Victor há seis meses, aguardando encaminhamento para votação em plenário.

Ele explica ainda que em maio a Assembleia aprovou a reposição salarial de todos os servidores do Executivo, do Legislativo e do Tribunal de Contas do Estado, porém, apenas a dos servidores do Judiciário não foi colocada em pauta, embora o projeto já estivesse pronto para ser votado, com parecer favorável unânime em todas as comissões parlamentares.

Aluciano Martins explica ainda que os servidores estão completando três anos de inflação acumulada - sem reposição - o que já soma um índice superior a 18% de perdas salariais, podendo chegar a 20% no final de dezembro.

[caption id="attachment_481492" align="aligncenter" width="800"] Aluciano Martins, presidente da Serjal (Foto: Sandro Lima)[/caption]

O projeto, que está na Assembleia Legislativa é referente apenas à inflação de 2019 (4,3%). A de 2020, num índice de 4,5%, que deveria ter sido implantada em janeiro deste ano, não entrou na pauta do Tribunal de Justiça de Alagoas. E 2021, ainda segundo o presidente do Serjal, já está findando, com projeção de um índice superior a 10% de inflação.

"Essa nossa paralisação de 24 horas acontece em todo o estado. O ato ocorre após uma série de outros que aconteceram na tentativa de abertura de dialogo com o Poder Judiciário e Assembleia Legislativa. Nossa reivindicação é pleitear a reposição das perdas inflacionárias ainda do ano de 2019. Ou seja, não é aumento, é reposição inflacionária. Já estamos terminando 2021 e nada foi reparado. Desde março de 2020 que estamos com o projeto da data-base, o projeto 300/2020, que passou por todas as comissões da Assembleia por unanimidade e quando estava prestes a ir à mesa do presidente, parou. Isso nós não entendemos, uma vez que o governador concedeu o reajuste da inflação para os servidores públicos do Estado dos poderes Legislativo e Executivo, assim como o Tribunal de Contas. Só o Judiciário que não teve a implantação. E por isso essa paralisação. Caso não tenha abertura de conversa, na próxima semana a paralisação será de 48 horas", explica Aluciano Martins.

Paralisação de advertência

No último dia 12 de novembro, os servidores realizaram paralisação de advertência, suspendendo as atividades por duas horas. Eles deixaram suas salas e se reuniram na frente das unidades judiciárias, em manifestação de protesto. Na sexta-feira (19), em assembleia convocada pelo Serjal, a categoria decidiu realizar paralisação gradativa, começando com 1 dia – nesta quarta-feira (24).

“Lamentamos essa insensibilidade e não compreendemos esse descaso. Os servidores do Judiciário não pararam em nenhum momento durante a pandemia. Pelo contrário, a produtividade aumentou, segundo o CNJ [Conselho Nacional de Justiça] e o próprio TJ, mas não somos valorizados. Não estamos pedindo aumento, e sim, a reposição da inflação garantida pela Constituição. Quero ressaltar que não é desejo nosso fazer uma greve. As pessoas que estão aqui são trabalhadores e trabalhadoras e lutam por seus direitos. Sentimos na pele o aumento dos alimentos, dos combustíveis e isso reflete no bolso. A inflação corrói o nosso salário e se não há abertura para negociação, o nosso poder de luta é a paralisação. É como podemos cobrar os nossos direitos e, claro, pedir respeito aos trabalhadores", pontua Cleysson Francisco, diretor jurídico do Serjal.