Cidades

Morre garota queimada por explosão de celular

Geovana Ferreira da Silva, de 10 anos, sofreu lesões extensas, de 2º e 3º graus, em 40% do corpo e estava no HGE

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 27/07/2021 07h38
Morre garota queimada por explosão de celular
Reprodução - Foto: Assessoria
A menina Geovanna Santos de Jesus, de 10 anos, que sofreu queimaduras após uma explosão de aparelho celular, em Pão de Açúcar, Sertão de Alagoas, morreu no último domingo (25), no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, onde estava internada desde o dia 15 passado. Segundo a tia da pequena, Beatriz Santos, a complicação que provocou a morte de Geovana foi uma bactéria no sangue. O irmão dela, de 2 anos, que também dormia no mesmo quarto, também estava hospitalizado e recebeu alta nesta segunda-feira (26) do Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, Agreste do Estado. Beatriz Santos, que é tia da garota, disse à reportagem que a família está desolada com o falecimento de Geovana, considerada meiga e um ser que irradiava luz. “A pergunta que fica é: por que Deus a levou? Porque Deus quis assim? É uma dor inexplicável, estamos todos arrasados, chocados sem acreditar que enterramos nossa princesinha. Uma bactéria no sangue provocou a morte dela”, contou. “Era uma menina amada por todos, cativava qualquer pessoa, era muito meiga. Não há palavras no mundo que possa descrever. Ela era uma luz de Deus”, desabafou. A tia de Geovana informou que no momento, a família conta com a solidariedade das pessoas para ajudar a reerguer a casa, que ficou destruída devido à explosão do celular. “As pessoas estão se sensibilizando e ajudando com alimentos, roupas e dinheiro para reconstruir a residência, após o incêndio o pessoal criou uma campanha nas redes sociais para quem quiser contribuir”, contou. Ela ressaltou também que a família ainda não teve cabeça para procurar a fabricante do aparelho celular e se vai processar a Samsung. “Estamos muito angustiados com a morte da Geovana, Só Deus pra nos confortar, ainda não temos cabeça para raciocinar agora, primeiro temos que arrumar um advogado certo. Sepultamos nossa princesinha hoje [ontem] ainda não paramos para analisar um processo contra a representante do celular”, frisou. “Graças a Deus meu sobrinho teve alta nesta segunda-feira (26), infelizmente no mesmo dia que enterrou sua irmã”, acrescentou Beatriz Santos. Até agora, segundo a tia, a família não recebeu assistência de nenhuma entidade alagoana. No próximo domingo (1º de agosto), um terço Mariano será rezado no Povoado Santiago, local onde a menina vivia com a mãe, avó e o irmão. A missa de um mês será celebrada na Igreja Matriz de Pão de Açúcar, Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Campanha ainda chegou a ser iniciada para ajudar familiares   O Boletim Médico emitido pelo HGE a respeito da menor vítima de queimaduras, comunicou que Geovana faleceu na manhã do domingo (25), às 5h40, devido à complexidade de um grande queimado. “Ela estava internada no Centro de Tratamento de Queimados. Foi admitida no dia 15, após transferência do Hospital de Emergência do Agreste. A paciente sofreu lesões extensas, de 2º e 3º graus, em 40% do corpo, principalmente nos membros inferiores e superiores”. O HGE foi questionado do porquê da menina ter sofrido queimaduras em 40% do corpo queimado e mesmo assim ter evoluído para o óbito, bem como sobre o que teria piorado o quadro da menor. A unidade de saúde apenas informou por meio da assessoria que: “40% não é pouco, isso é muita coisa em queimados. Geovana era considerada um grande queimado...”. CAMPANHA Uma campanha para ajudar a família dos dois irmãos vítimas da explosão do celular em Pão de Açúcar foi iniciada no mesmo dia do incêndio. A explosão destruiu os cômodos da casa, teto, paredes, fiação, móveis, entre outros. Quem quiser ajudar com doações foi disponibilizada a conta da mãe das crianças, Gilvânia dos Santos. Caixa Econômica Federal: Agência 3137, Operação 013, conta 9135-4, PIX 82981575135. A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional OAB/Alagoas e o Ministério Público Estadual (MPE) foram procurados para saber se entrarão no caso da explosão do celular, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. A Polícia Civil de Alagoas investiga o caso para apurar as responsabilidades. Acidentes: choques elétricos ou mais graves, como explosão de bateria   Por estarmos cada vez mais conectados a dispositivos tecnológicos, como o celular, ficamos vulneráveis a acidentes que podem ser causados por estes aparelhos, sejam eventos mais simples como choques elétricos, ou casos mais graves, como a explosão de bateria de celular. Apesar de não ocorrerem com muita frequência, prevenir qualquer situação com dispositivos eletrônicos é a melhor solução. Os acidentes podem acontecer devido ao aquecimento de alguns componentes eletrônicos que compõem os aparelhos, explica Isaac Nunes, professor do curso de Engenharia Mecatrônica da Unit Alagoas. Contudo, um produto bem planejado e produzido corretamente possui o controle e elementos de segurança para que esse aquecimento não implique em risco à segurança do usuário. “Para garantir segurança, as empresas devem produzir seus equipamentos seguindo as normas e utilizando materiais com qualidade confiável. Além disso, cada equipamento possui uma especificação e uma necessidade de alimentação, não sendo compatível com qualquer aparelho. Por isso, é imprescindível utilizar sempre equipamentos adequados e compatíveis entre si”, explica o professor. O professor dá o exemplo de um carregador de celular: cada aparelho possui um carregador com especificações próprias e utilizar um carregador com características diferentes pode promover um mau funcionamento e, possivelmente, superaquecimento. “Para garantir a segurança, os dispositivos são verificados quanto ao seguimento de normas e testes de segurança por instituições reguladoras como o INMETRO e a ANATEL. Por isso, é importante sempre usar dispositivos homologados por elas. Usar um carregador de celular incompatível e que não seja homologado pelo INMETRO gera um risco muito grande para o usuário porque não foi submetido a nenhuma verificação de qualidade e segurança em nosso país”, pontua Isaac Nunes.