Cidades

Tribuna Independente: 14 anos com história, lutas e superação

Único jornal diário do Estado com produções independentes feitas a partir da união das categorias de jornalistas e gráficos

Por Tribuna Independente 10/07/2021 08h07
Tribuna Independente: 14 anos com história, lutas e superação
Reprodução - Foto: Assessoria
Neste sábado, dia 10 de julho, o jornal Tribuna Independente, criado com a Cooperativa de Jornalistas e Gráficos de Alagoas (Jorgraf), completa 14 anos de existência. Atualmente, o único jornal diário do estado tem garantido aos leitores alagoanos um conteúdo preciso e de credibilidade feito por profissionais capacitados e atualizados com o mercado da comunicação, mantendo o nível de competição e qualidade no Estado. A Tribuna Independente tem uma história de lutas e superação que eleva ainda mais a importância do veículo para a sociedade alagoana. Como nos anos anteriores, nesta data a Jorgraf revive as memórias das conquistas que dependeram de uma força conjunta de todos os trabalhadores: jornalistas e gráficos, hoje cooperados. Tudo começou em 2007 na até então, Tribuna de Alagoas, quando os funcionários já cansados e desmotivados por estarem com os salários e o 13º salário atrasados tendo que aceitar desculpas infundadas vindas de patrões resolvem unir suas forças e cruzar os braços diante de tamanho desrespeito com o trabalhador. Isso gerou a união de jornalistas, gráficos e pessoal do setor administrativo que faziam o jornal. Unindo essas forças, iniciaram uma vigília em frente à sede da empresa para exigir os salários atrasados. O fato aconteceu no dia 16 de janeiro daquele mesmo ano, e foi graças a essa força que o jornal alcançou sua dependência. Com o apoio do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal) e do Sindicato dos Gráficos do Estado de Alagoas (Sindigraf), a vigília dos trabalhadores seguiu forte e determinada, todos por dias em busca de seus direitos, mesmo tendo que negociar com o diretor de jornalismo à época, que tentava convencer a todo custo, que o retorno aos respectivos postos de trabalho seria o melhor a fazer, já que, segundo ele, os pagamentos dos salários iriam ser feitos brevemente, algo que não aconteceu. Como as promessas dos pagamentos não foram cumpridas, os dois sindicatos que estavam apoiando a greve convocaram uma assembleia que foi realizada em frente ao local ocupado, no acampamento improvisado. Na assembleia, foi definido que jornalistas, gráficos e demais funcionários não retornaram às suas funções até que houvesse um acordo entre as partes. Com o passar das horas os ânimos foram se exaltando, mas todos sabiam que seria para um bem comum às categorias. Foi quando todos de fato entenderam que estavam em meio a uma longa batalha entre patrões e funcionários. ORGANIZAÇÃO Passou-se um dia, mas a luta ainda continuava. Foi organizado um piquete entre todos do movimento, e por dias essa ação se repetiu. As vigílias aconteciam em turnos revezados e a resistência de todos era colocada à prova. A sociedade aos poucos começou a ter ciência do que estava acontecendo, seja por meio da movimentação em frente à empresa, ou pela organização que providenciou carros de som e faixas para que todos ficassem a par da falta de respeito com os trabalhadores da Tribuna de Alagoas. Aos poucos, o calote dado pelos empresários aos 140 profissionais na época ia sendo descoberto. Como as vigílias estavam ocorrendo dia após dias e nada de negociação, reuniões de avaliações eram feitas pelo movimento, entre elas, sempre havia a tentativa de negociação, mas todas sem êxito. Os gastos exacerbados dos patrões, entre viagens e festas, foram motivos para a Tribuna de Alagoas ir a caminho da falência, além das dívidas com fornecedores que a cada dia cresciam. OCUPAÇÃO DA SEDE Foram várias tentativas de acordo sem êxito, então, uma assembleia foi decisiva para o rumo da manifestação e do futuro dos profissionais. Juntos, eles decidiram que o melhor a ser feito naquele momento seria ocupar o prédio. A partir daí decidiram também, fazer edições semanais para serem distribuídas nos atos, piquetes e mobilizações que seriam realizados. Tudo com o intuito de levar à sociedade a realidade da situação que eles foram obrigados a passar. Gestores da Jorgraf destacam a importância da Cooperativa para o Estado Além dos ‘’jornais’’, um blog foi criado a fim de compartilhar com a sociedade todas as ocorrências durante as manifestações As edições semanais eram publicadas aos domingos ou às segundas-feiras, conforme a realização das ações. Mas vale o destaque para a primeira edição do jornal, que foi divulgada em meio aos faróis da Av. Menino Marcelo, em frente ao prédio ocupado, causando agitação no trânsito da via expressa, além da Av. Fernandes Lima, em frente à antiga Companhia de Energia de Alagoas (Ceal). E assim seguiram: jornalistas e gráficos em sinais de trânsito, para vender o jornal e expor à população a realidade vivenciada naquele veículo impresso. Renascimento: Cooperativa é criada de forma inédita entre jornalistas e gráficos Cobranças e mais cobranças diariamente, credores querendo receber as contas e assinantes sem os jornais, empresas que receberam calotes por parte dos proprietários também exigiam as respostas. Em meio a tantas injustiças e desrespeito com trabalhadores, empresas e sociedade, em mais uma reunião veio à ideia de criar uma cooperativa que reunisse as duas categorias (jornalistas e gráficos). Foram muitas propostas, ideias, discussões, apelos, lutas, resistência e necessidade de continuar no mercado de trabalho, então surgiu o jornal para explicar o que estava acontecendo para toda a sociedade – nasceu a Jorgraf, primeira cooperativa de jornal no país com duas categorias juntas. E o seu principal produto: o jornal impresso Tribuna Independente. MARCO A primeira edição circulou no dia 10 de julho de 2007 e se mantém até hoje no mercado de jornalismo do Estado de Alagoas. Atualmente, a Jorgraf conta com 57 cooperados além de funcionários celetistas. A Tribuna Independente, carro-chefe da cooperativa, circula diariamente com 16 páginas e aos domingos com 20 páginas. E conta também com o Portal de Notícias na Web [tribunahoje.com] e a TV Tribuna no Youtube com ideias de novos formatos para levar notícias pra toda sociedade de forma independente. LEMBRANÇAS “O que me motivou a aderir à greve foi à garantia de que eu continuaria empregado, além da tentativa de manter o prédio ativo. Foram momentos difíceis. Lembro que aos finais de semana aconteciam muitos shows numa antiga casa de eventos que ficava ao lado do prédio. Então eu saía da minha casa dia de sábado e ficava das 20h até às 3h da madrugada com outros companheiros de luta para fazer ‘um extra’. Usávamos o pátio da Tribuna de Alagoas como estacionamento para quem ia se divertir nos shows. Ao final, dividíamos o valor apurado, e assim íamos revezando. Isso me marcou. Lembro que algumas pessoas se solidarizavam com a nossa situação e nos traziam lanches quando vinham nos pagar. Essa empatia me motivava a continuar porque eu sabia que tínhamos o apoio da sociedade”, disse Wilson Barros, designer gráfico da Tribuna Independente, vivenciou esse momento histórico juntos aos colegas de trabalho e hoje tem orgulho de fazer parte da Jorgraf. [caption id="attachment_461544" align="aligncenter" width="640"] Diagramador Wilson Barros vivenciou momento histórico que resultou na criação da cooperativa (Foto: Edilson Omena)[/caption] Gestores destacam a importância da Cooperativa para o Estado O diretor administrativo-financeiro da Jorgraf, Flávio Peixoto, ressalta que completar 14 anos, vivendo um momento de dificuldade por conta da pandemia da Covid-19 é desafiador e mostra a capacidade dos profissionais que atuam nos veículos da cooperativa. “São 14 anos da criação da nossa Jorgraf, e vivendo um momento tão difícil para o mundo, frente à pandemia do novo coronavírus é muito desafiador. Parece um pesadelo, algo que não conseguiríamos imaginar. E estamos seguindo em frente, superando dificuldades e aprendendo com as adversidades. É preciso se reinventar a cada instante e compartilhar novas experiências. Nossa origem é o jornalismo impresso e com base nele aceitamos e entendemos que nosso conteúdo precisa ocupar diversas plataformas. O universo virtual possibilita uma difusão cada vez maior da produção jornalística. E nossa função é a de garantir informação com responsabilidade e credibilidade para sociedade, não importa o formato’’, pontua Peixoto.