Cidades

Violência contra mulher cresce na pandemia, aponta FBS

Uma em cada quatro brasileiras afirma ter sofrido algum tipo de agressão; para advogada, subnotificação ainda é entrave

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 18/06/2021 08h15
Violência contra mulher cresce na pandemia, aponta FBS
Reprodução - Foto: Assessoria
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança (FBS) apontam que uma em cada quatro brasileiras afirmam ter sofrido algum tipo de violência durante a pandemia. Além disso, houve elevação no nível de percepção desse tipo de violência. Para a advogada e ativista Caroline Fidelis, o aumento da violência não tem sido traduzido fielmente pelas estatísticas e a subnotificação ainda é um entrave. “O risco é justamente dos números não representarem a realidade, ou seja, pessoas que estão sofrendo violência e que não estão buscando ajuda, não estão buscando apoio e não estão buscando denúncia para que haja apuração e punição”, afirma Caroline. Tapas, socos, chutes, xingamentos. A rotina de agressões foi intensificada na pandemia por diversos fatores incluindo questões emocionais, familiares e financeiras que tornam ambientes hostis ainda mais inseguros para grupos vulneráveis. Caroline Fidelis argumenta que o distanciamento social e as medidas sanitárias impostas pela pandemia são um dos fatores relacionados a subnotificação, entretanto a situação envolve aspectos ainda mais profundos. “De fato na pandemia a gente observa um incremento dos casos de violência e também observamos a subnotificação dos casos justamente pela dificuldade das mulheres em buscar ajuda dos equipamentos do estado para evitar a situação de violência”, diz. Para a especialista é preciso maior acolhimento para que as vítimas sejam encorajadas a denunciar. “A grande maioria dos casos em que há resultado de feminicídios são de mulheres que não buscaram ajuda e essa não busca ocorre devido a inúmeros fatores que devem ser considerados, e um deles é a falta de credibilidade que elas têm em relação ao apoio efetivo que a Justiça pode dar”. Alagoas registra 11 casos de feminicídio este ano   De acordo com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) de janeiro a maio deste ano foram registrados onze casos de feminicídio. No mesmo período do ano passado foram dez casos. Em 2019, porém, foram 23 casos. Em todo o ano de 2020 a SSP registrou 35 feminicídios, já no ano anterior, 2019, foram 45. A advogada enfatiza ainda que a vulnerabilidade é um fator preponderante para a permanência em situação de violência. Segundo a pesquisa do Fórum, a violência atinge todas as classes, mas a falta de denúncia ou recorrência é mais presente nos casos de mulheres sem emprego ou em situação de vulnerabilidade. “Durante a pandemia isso representa um universo de aproximadamente 17 milhões de mulheres vítimas de violência física, psicológica ou sexual no último ano. Desse total, 25% apontaram a perda de renda e emprego como os fatores que mais influenciaram na violência que vivenciaram em meio à pandemia de Covid-19”, detalha o estudo.