Cidades

Mais um Dia das Mães com pandemia

Vacina é esperança, mas ainda não é o momento de relaxar medidas restritivas e é necessário evitar as confraternizações

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 08/05/2021 10h23
Mais um Dia das Mães com pandemia
Reprodução - Foto: Assessoria

Se por um lado a vacina trouxe alento e esperança de reunir a família no Dia das Mães, por outro, especialista defende, que o mais sensato é adiar a data já que ainda é baixo o número de imunizados e não é hora de relaxar as medidas de restrição e isolamento social.

Para a infectologista Luciana Pacheco, o momento não é para reuniões. “Infelizmente, ao longo dos últimos meses, desde novembro de 2020, os casos aumentaram seguindo períodos de aglomerações como caminhadas políticas, celebração do Natal, confraternização do Ano Novo, Carnaval e ainda temos muitos casos novos detectados diariamente. E o número de pessoas imunizadas ainda é baixo, impedindo essa tranquilidade que gostaríamos de ter”, explicou.

Diante da situação, Rosemary Brandão, enfatizou que o encontro no Dia das Mães será de forma restrita esse ano. “Há cerca de dois meses, minha mãe Terezinha teve Covid-19, e por isso, teremos mais cuidado, porque a família é grande, e não tem como reunir no momento”, ponderou.

Rosemary contou que a reunião com os seis filhos de dona Terezinha não será como no ano passado, mas colocou que o carinho diário continua, sobretudo valorizando cada momento, “porque o dia das mães é todos os dias. Estamos revezando entre as filhas visitas a ela. A mãe é importante e sempre será”, destacou.

[caption id="attachment_446717" align="aligncenter" width="781"] Rosemary com sua mãe e irmãos: encontro será restrito este ano (Foto: Arquivo pessoal)[/caption]

“No momento, a prevenção é a melhor medida, mesmo com a vacina. O número de idosos vítimas da doença reduziu, mas ainda a precaução é a melhor dose, com o cuidado”, afirmou.

ALERTA

A médica infectologista alertou que as vacinas não dão proteção de 100%, então a doença pode ocorrer de forma mais leve naqueles vacinados com as duas doses, preconizadas para os imunizantes disponíveis no país. Outro aviso importante da especialista diz respeito à consideração quanto ao tempo para a produção de anticorpos após a 2° dose, que é de no mínimo de 15 dias.

“Se for um encontro com almoço ou jantar, a recomendação é do uso das máscaras já fica limitado, então a advertência é mesmo não realizar dessa forma, principalmente se as pessoas não são daquela casa”, ponderou.

“A orientação mais sensata é adiar esse encontro, mas sei o quanto tem sido difícil para os brasileiros aderirem a essas práticas, ao distanciamento social... Então a sugestão que eu dou, é fazer um encontro sem alimentos ou bebidas, levar o presente, se for o caso, mas sem aproximação, num ambiente arejado, abrir as janelas, ou permanecer na varanda, dividir entre os filhos os horários das visitas para não irem ao mesmo tempo”, destacou a infectologista.

Luciana Pacheco disse ainda que no caso de todos morarem na mesma casa, a situação é diferente, podendo haver um relaxamento maior, desde que não haja nenhum convidado estranho ao ninho.

Para ela, a vacina trouxe esperança da vida mais normal possível, mas isso não será possível enquanto cerca de 70 a 80% da população não esteja vacinada. “Os perigos são os mesmos observados desde o início da pandemia, uma pessoa infectada pode transmitir até para três outras, sem as devidas medidas de proteção, que em encontros dessa natureza são difíceis de ser mantidos”, observou.

Verônica Hungria diz que apesar de sua mãe já estar imunizada, a socialização continua mesmo antes da vacina e desde o início da pandemia. Ela contou que vai passar o dia juntas e que o único receio do momento é de pegar novamente o vírus e se agravar da doença. “Ela vem aqui para casa e vamos comemorar em família sim. Sigo indo na casa dela e ela na minha; nunca nos separamos neste período não, estamos unidas, sempre perto”, disse.

[caption id="attachment_446719" align="aligncenter" width="648"] Verônica com a mamãe (Foto: Arquivo Pessoal)[/caption]

“Na data completa um ano que a minha faleceu vítima da Covid”

Para muitos o Dia das Mães, é dia de luto, e os festejos dão lugar à saudade por causa da Covid-19. O Relações Públicas Aldo César é um deles, sua mãe completa um ano de falecida neste domingo (9). “Da mesma forma que a enterrei no Dia das Mães do ano passado. É uma ironia dolorosa”, desabafou.

Ele frisou, que o que lhe ajudou, e tem ajudado bastante a lidar com todo o peso emocional de um momento como esse, é se unir não somente a sua dor, como também a dor dos amigos, de familiares e de vizinhos. “Manter a mente e o coração em dia faz com que a gente também possa ajudar outras pessoas que atravessam esse momento tão duro”, afirmou.

Ele contou ainda que no próximo dia 13 de julho se completam 15 anos do falecimento do seu pai e que durante esse tempo pôde aprender muito com a própria fé, relacionamento com Deus e o luto. “É uma montanha-russa de sensações, frustrações, dores, e também de muito amor e boas lembranças”, declarou.

“Me sinto seguro em dizer que não há alívio, e talvez seja melhor assim. É uma clareza do tanto que aconteceu, e da importância dessas duas figuras tão importantes da minha vida, mas que não estão mais comigo em vida. O alívio seria dizer da minha certeza de que eles me acompanharão em espírito até o meu último suspiro”, pontuou.

De acordo com ele, o apego em Deus é fundamental, porque acredita que por mais que haja uma imensa dor na ausência, é preciso reconhecer a misericórdia de Deus em privar sua mãe de um sofrimento ainda maior. “Tenho certeza que ela lutou enquanto pôde, e que quando chegou a hora de desencarnar, ela foi pro seu descanso eterno”, disse.

“Nós vemos todos os dias materiais, artigos e especialistas falando sobre os efeitos da Covid-19, então é possível, de forma superficial entender o calvário que muitos enfrentaram e estão enfrentando em tantos leitos de UTI pelo país. Definitivamente minha mãe e todas essas mais de 400 mil vidas não mereciam estar a mercê de um país que amarra pessoas para entubar, por falta de medicação”, completou.